Margarida Bon de
Sousa – Jornal i
Mais de 30 mil
saíram às ruas na sexta-feira pedindo ao executivo que seja conseguida a paz em
Moçambique
25 mil euros foi o
pedido de resgate feito pelos raptores da primeira vítima mortal dos sequestros
que têm acontecido em Moçambique de há uns meses para cá. Desta vez não foi em
Maputo (local privilegiado pelos grupos que já raptaram cerca de 30 pessoas
exigindo apenas dinheiro em troca), mas na Beira. A vítima foi uma criança
indiana, filha dos donos de uma tabacaria, tendo a mãe acabado por ir à
televisão culpar a polícia pela morte da filha.
Para já, a palavra
de ordem por parte dos portugueses que estão naquele país, muitos deles a
investir e a abrir novas empresas, é esperar para ver.
"Para o
mal-estar convergem duas situações em princípio desconexas", disse Jaime
Lacerda ao i . "Os ataques aos aquartelamentos da Renamo no centro do país
e uma série de raptos que primeiro visaram unicamente a comunidade indiana e
que agora se estenderam à população local e até aos filhos de europeus."
Os sequestros estão
a ser praticados por grupos de quatro ou cinco pessoas armadas com Kalashnikovs
que libertam os prisioneiros logo que recebem as verbas reivindicadas. A razão
destas acções, segundo algumas fontes contactas pelo i, prende--se com a
angariação de fundos para comprar armas.
Mesmo assim ninguém
se atreve a falar de um regresso à guerra civil e o próprio executivo liderado
por Alberto Clementino António Vaquina recusa responsabilizar directamente a
Renamo por estes ataques. Contudo, forças governamentais voltaram a entrar pela
segunda vez na base da Renamo em Sitatonga, na província de Manicando, onde
vive Afonso Dhlakama, líder da resistência à Frelimo e cujo paradeiro se
desconhece. O presidente Guebuza radicalizou entretanto o discurso pondo mesmo
em causa o Acordo Geral de Paz, assinado entre o governo da Frelimo e a Renamo
que pôs fim à luta armada entre os dois partidos.
O que não impediu
que mais de 30 mil pessoas se tivessem manifestado na sexta-feira pedindo uma
acção mais firme das autoridades moçambicanas contra a violência e a falta de
segurança na capital.
Portugal alerta
O governo português
desaconselhou entretanto a deslocação de cidadãos portugueses a Moçambique. A
Secretaria de Estado das Comunidades alertou para uma forte possibilidade de
raptos nos percursos em Maputo. Caso exista uma absoluta necessidade de uma deslocação
ao país, o governo sugere que seja tentada a integração em colunas com escolta.
As Associações de Direitos Humanos pediram também ajuda internacional.
O consulado
português em Maputo também emitiu sábado um comunicado onde dizia que
"tendo em conta os últimos incidentes ocorridos nas províncias de Sofala e
de Nampula, desaconselham-se aos viajantes deslocações interurbanas naquelas
duas províncias. Se houver absoluta necessidade de o fazer, o viajante deverá
procurar integrar-se, sempre que possível, nas colunas escoltadas pelas forças
de defesa e segurança. Aconselha-se, igualmente, particular diligência no
acompanhamento através dos meios de comunicação social do evoluir da situação.
Em caso de dúvida, deverá ser estabelecido um contacto com as entidades
consulares."
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