O regresso a uma
guerra civil em Moçambique é improvável porque a Renamo não possui capacidade
militar para enfrentar o exército, mas existe o risco mais ataques, afirmaram
dois analistas à agência Lusa.
Robert Besseling,
analista para Africa da Exclusive Analysis, uma companhia especializada em
recolher informação e fazer previsões sobre riscos políticos e violência por
todo o mundo, afirma que a Renamo está mal armada.
"São entre 400
a 600 homens, veteranos e novos, mas estão mal armados, com velhas Kalashnikov
AK-47 e alguns lança-granadas e talvez alguns morteiros", afirmou à
agência Lusa.
Elizabete
Azevedo-Harman, investigadora no britânico Instituto Real de Relações
Internacionais, tem por referência os 150 a 200 homens que um colega viu numa
visita ao presidente Afonso Dhlakama no quartel-geral da Gongorosa há uns meses
atrás, antes de a base ser tomada pelas forças armadas moçambicanas.
"A Renamo diz
que tem mil [soldados], mas esse número não está provado", vincou esta
investigadora, que recordou que o acordo de paz autorizava a liderança a manter
guardas armados.
Os ataques no
início do ano a esquadras da polícia terão reforçado o arsenal do grupo, mas é
o conhecimento da geografia das duas regiões centrais do país, Sofala e Manica,
que é o ativo mais forte da Renamo, dizem os dois analistas.
"Não são
precisos muitos homens para criar instabilidade", salienta Elizabete
Azevedo-Harman.
Mesmo sem
capacidade para desencadear uma guerra civil, a Renamo poderá alimentar o
conflito armado através de ataques de "guerrilha, que pode ser muito
perturbadora nestas duas regiões centrais de Moçambique".
As forças da
oposição só têm capacidade para causar instabilidade atacando transportes
rodoviários de passageiros ou mercadorias, refere Robert Besseling, que admite
que o conflito se prolongue por mais alguns meses.
Porém, não acredita
que nenhuma das partes tenha interesse em que a situação piore, e prevê o
regresso às negociações, cujo sucesso depende das cedências da Frelimo, no
poder, às exigências da oposição.
"Dhlakama quer
a Renamo no governo e a integração nas forças armadas e, consequentemente,
assentos em empresas com contratos lucrativos em estradas ou minas. Não tem
capacidade nem vontade de voltar a guerra civil, quer é acesso aos
negócios", resume.
Moçambique vive a
sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz
em, 1992, devido a confrontos entre as forças de defesa e segurança e antigos
guerrilheiros da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal partido
da oposição, por causa de diferendos entre o movimento e o Governo sobre a lei
eleitoral.
BM (PMA) // APN –
Lusa – foto ANTONIO SILVA/LUSA
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