sábado, 2 de novembro de 2013

Moçambique: Renamo com capacidade para ataques mas não para guerra civil - analistas

 


O regresso a uma guerra civil em Moçambique é improvável porque a Renamo não possui capacidade militar para enfrentar o exército, mas existe o risco mais ataques, afirmaram dois analistas à agência Lusa.
 
Robert Besseling, analista para Africa da Exclusive Analysis, uma companhia especializada em recolher informação e fazer previsões sobre riscos políticos e violência por todo o mundo, afirma que a Renamo está mal armada.
 
"São entre 400 a 600 homens, veteranos e novos, mas estão mal armados, com velhas Kalashnikov AK-47 e alguns lança-granadas e talvez alguns morteiros", afirmou à agência Lusa.
 
Elizabete Azevedo-Harman, investigadora no britânico Instituto Real de Relações Internacionais, tem por referência os 150 a 200 homens que um colega viu numa visita ao presidente Afonso Dhlakama no quartel-geral da Gongorosa há uns meses atrás, antes de a base ser tomada pelas forças armadas moçambicanas.
 
"A Renamo diz que tem mil [soldados], mas esse número não está provado", vincou esta investigadora, que recordou que o acordo de paz autorizava a liderança a manter guardas armados.
 
Os ataques no início do ano a esquadras da polícia terão reforçado o arsenal do grupo, mas é o conhecimento da geografia das duas regiões centrais do país, Sofala e Manica, que é o ativo mais forte da Renamo, dizem os dois analistas.
 
"Não são precisos muitos homens para criar instabilidade", salienta Elizabete Azevedo-Harman.
 
Mesmo sem capacidade para desencadear uma guerra civil, a Renamo poderá alimentar o conflito armado através de ataques de "guerrilha, que pode ser muito perturbadora nestas duas regiões centrais de Moçambique".
 
As forças da oposição só têm capacidade para causar instabilidade atacando transportes rodoviários de passageiros ou mercadorias, refere Robert Besseling, que admite que o conflito se prolongue por mais alguns meses.
 
Porém, não acredita que nenhuma das partes tenha interesse em que a situação piore, e prevê o regresso às negociações, cujo sucesso depende das cedências da Frelimo, no poder, às exigências da oposição.
 
"Dhlakama quer a Renamo no governo e a integração nas forças armadas e, consequentemente, assentos em empresas com contratos lucrativos em estradas ou minas. Não tem capacidade nem vontade de voltar a guerra civil, quer é acesso aos negócios", resume.
 
Moçambique vive a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em, 1992, devido a confrontos entre as forças de defesa e segurança e antigos guerrilheiros da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal partido da oposição, por causa de diferendos entre o movimento e o Governo sobre a lei eleitoral.
 
BM (PMA) // APN – Lusa – foto ANTONIO SILVA/LUSA
 

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