Eugénio Costa
Almeida* - Pululu, 30.10.2013
Soube-se hoje,
oficialmente – porque ontem já dois órgãos portugueses (Público e RTP) o tinham
noticiado – que o processo judicial que decorria no Ministério Público
português, contra o senhor Procurador-Geral da República de Angola terá sido
arquivado.
Digo “terá”,
porque, oficialmente, o visado e o interessado ainda não foi notificado.
Segundo a RTP-África só este mês foi enviada uma carta registada a avisar do
facto. Já o correspondente do mesmo órgão informativo luso, em Luanda, pensa
que a carta deverá seguir por correio diplomático para Luanda onde deverá
chegar amanhã, quinta, ou sexta e depois enviada por correio ao PGR.
Em época de meios
electrónicos, como os e-mails, faxes ou os telefones, é estranho que o PGR
angolano ainda não tenha sido notificado. Estranho, ou talvez não, porque…
Porque há duas
datas neste processo que são particularmente importantíssimas.
Uma é 13 de Julho
de 2013; e porquê? Porque foi neste dia que o referido e badalado processo foi
arquivo. A outra, não menos importante é 29/30 de Outubro de 2013, datas em que
se soube, oficiosa e oficialmente que o processo estava arquivado.
Meiam entre as duas
datas 3 meses e meio, repito, 3 meses e meio!!! Brilhante!
Neste intervalo
aconteceram graves problemas diplomáticos entre os dois países.
Acresce que pouco
antes (entre 7 e 10 de Julho) da fatídica data de 13 de Julho de 2013 ocorreu
um encontro entre os PGR da CPLP e nem nessa altura, certamente que se tivesse
ocorrido o PGR angolano não teria questionado, recentemente, do porquê do seu
processo, embora estando em segredo de Justiça(???!!), ainda estar parado.
A quem interessou
deixar adormecer o arquivamento – note-se que arquivado não significa como
referiu o citado correspondente ilibação mas somente que durante o processo ou
tudo foi esclarecido ou nada foi provado e por isso arquivado – durante 3 meses
e meio com os problemas que entretanto correram.
Onde está a
Ministra da Justiça portuguesa, que por acaso até é da província do Huambo, e
que tanto verberou quer as fugas da Justiça em Portugal como as morosidades
dessa mesma Justiça?
E como é que para
denegrir a imagem de visados há sempre fugas dos meios judiciários e para
arquivos ou ilibação nem uma para amostra de tal forma que só 3 meses e meio
depois, se soube do arquivamento do processo?
É evidente que nada
disto ocorreu por acaso. Mais, na passada segunda-feira decorreu na RTP um
programa “Prós e contras” sobre as relações Angola-Portugal e nem nesse dia se
soube de nada.
Ficam as questões.
Quem quiser e se puder que as responda.
Por mim, acho e
considero que alguém anda com vontade de ver as relações entre Angola e
Portugal dinamitadas o suficiente para obter ganhos diplomáticos e económicos.
Quem?
Quem já anda a
oferecer viagens ao Chefe de Estado José Eduardo dos Santos, ou quem anda
oferecer vantagens económicas nas relações com Angola. Basta ir aos diferentes
motores de busca e ver quem…
Eugénio Costa
Almeida* – Pululu - Página de um
lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e
Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão
aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade
académica, social e associativa.
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