Vários sindicatos
da função pública da Guiné-Bissau estão a pressionar o governo de transição com
greves e ameaças de paralisação devido a salários em atraso e reivindicações de
melhoria de condições de trabalho.
O ano lectivo, que
devia ter começado a 30 de Setembro no ensino público, ainda não arrancou
porque os professores continuam em greve.
Noutro sector, os
funcionários da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB, uma das maiores
empresas públicas do país) estão a bloquear os portões do porto da capital
desde quinta-feira.
Na área da
comunicação social pública, os trabalhadores da Televisão da Guiné-Bissau (TGB)
também estiveram em greve, inicialmente por 15 dias, mas após uma semana de
paralisação decidiram suspender o protesto, estando agora em negociações com o
governo.
"Estamos a
trabalhar no memorando de entendimento que vamos assinar com o governo",
disse à agência Lusa, Zain Pereira de Jesus, porta-voz do sindicato da TGB,
segundo o qual o documento pode ser assinado ainda esta semana.
Em conversações com
o governo estão também os sindicatos dos professores, com vista ao pagamento de
pelo menos seis dos dez meses de salários em atraso.
Luís Nancassa,
presidente do Sinaprof (Sindicato Nacional dos Professores), disse à Lusa que
as conversações têm sido lideradas pelo ministro de Estado e da presidência do
Conselho de Ministros, Fernando Vaz, e "estão bem encaminhadas".
De acordo com o
sindicalista, a pedido do ministro de transição, as conversações foram
suspensas para que o governo possa consultar a disponibilidade financeira do
Fundo de Promoção Industrial (FUNPI) que seria utilizado para o pagamento aos
professores.
Por sugestão das
confederações sindicais, o governo aceitou emprestar parte do FUNPI para pagar
aos professores para que estes levantem a greve de 90 dias que estão a observar
desde o dia 28 de Setembro.
Se até
quarta-feira, dia 08 deste mês, não for encontrada uma solução para a greve dos
professores, as duas centrais sindicais do país (UNTG e CGSI) ameaçam paralisar
toda a função pública com uma greve geral de dois dias.
Na empresa de
administração dos Portos da Guiné-Bissau não foi decretada oficialmente uma
greve, mas desde quinta-feira que os portões da empresa estão bloqueados com
contentores colocados pelos trabalhadores.
Descontentes com
uma alegada pretensão do governo em conceder a gestão da empresa a um grupo
francês, os trabalhadores exigem agora que Orlando Viegas, ministro dos Transportes
e Comunicações, que tutela a empresa, seja demitido.
Questionado pela
Lusa sobre se a exigência de substituição do ministro é incontornável, Hélder
Gomes, presidente do sindicato da APGB, afirmou que "todos os cenários
estão em cima da mesa".
O plenário do
comité sindical da empresa está reunido e do encontro deverá sair uma posição
"definitiva sobre o problema", observou Hélder Gomes.
Lusa
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