Tiago Mota Saraiva –
jornal i, opinião
Sepp Blatter é um
economista suíço que, desde 1998, preside à FIFA – tendo responsabilidades
nesta organização desde 1975. Concomitantemente com o seu percurso de dirigente
desportivo, Blatter joga um campeonato que em Portugal apenas Cavaco Silva
consegue disputar. O seu nome aparece em quase todos os grandes escândalos
financeiros das últimas décadas de futebol, passando sempre entre os pingos da
chuva das investigações, mesmo quando são presos todos os que estão à volta
dele.
Ciente do seu poder, Blatter achou-se no direito de ridicularizar publicamente um futebolista, Cristiano Ronaldo. Numa primeira fase satirizou a sua imagem e mais tarde declarou no Twitter um sobranceiro “temos muitos jogadores talentosos, incluindo tu”.
Ronaldo respondeu
muitíssimo bem. Fazendo o seu trabalho. Jogando e marcando três golos.
Tal como quando
Cavaco despreza Saramago ou ridiculariza os pensionistas quando se lamenta
pelas suas posses, as pessoas sentiram-se revoltadas. Entre qualquer jogador de
futebol profissional e o dirigente feudal que tutela as suas competições, a
escolha não é difícil. Mas esta indignação não é uma questão de Estado, nem
Cristiano Ronaldo é um símbolo do país.
A intervenção do
ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, que
declara o “total repúdio” pela “triste figura” do presidente da FIFA, não pode
passar em claro.
Perante as ameaças de Durão Barroso e Christine Lagarde ao Tribunal Constitucional, nem uma palavra. Perante os contínuos atropelos da troika à nossa soberania, nem uma palavra. Perante a quebra do segredo de justiça de um ministro em visita a outro estado soberano, nem uma palavra. De pin com a bandeira nacional ao peito vão passeando as tristes figurinhas.
Escreve ao sábado
Sem comentários:
Enviar um comentário