segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O MINISTRO DA DEFESA E A BAIXARIA NOS ESTALEIROS DE VIANA DO CASTELO

 

 
Existem alternativas para a recuperação dos estaleiros de Viana no quadro da UE
 
António Veríssimo
 
No Fórum TSF foi debatida a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Três perguntas encorporam o tema. É perguntado se “compreende os argumentos do Governo para justificar um negócio que implica o despedimento de 600 trabalhadores?“ Também se “existiam alternativas a esta solução?” E ainda se “o parlamento deve ou não avançar com um inquérito parlamentar que esclareça a situação dos estaleiros?”
 
Inúmeros participantes manifestam a desconfiança na “negociata” que deverá envolver a destruição radical dos estaleiros por este governo, mais concretamente pela responsabilidade do ministro da defesa, Aguiar Branco. Mais concreto foi o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo que referiu os “mistérios” e omissões por parte do ministro relativamente às alternativas que existem, de acordo com diretivas da UE, para recuperar a empresa e que pelo ministro foram ignoradas e nem sequer transmitidas ao presidente da câmara nem à comissão de trabalhadores dos estaleiros quando com ele se encontraram.
 
Foi aos microfones da TSF, no Fórum, que o autarca de Viana do Castelo deixou as informações que colheu junto da UE, referindo que o Comissário Europeu para a Concorrência, Joaquin Almúnia, apontou como alternativa para a recuperação dos estaleiros a apresentação àquela comissão de um projeto, a exemplo do que aconteceu em outros dois casos de estaleiros na Europa, citando a Polónia e outro país em caso similar. Porém esse projeto nunca apareceu na referida comissão.
 
Sobressai de tudo isto, destas omissões e outras “golpadas”, a baixaria do ministro e a sua aparente ou factual obsessão em destruir os estaleiros, distribuindo milhões de euros em assessorias e outras vertentes improdutivas mas não disponibilizando verbas que possibilitassem aos estaleiros cumprir encomendas que produziriam muitos milhões de euros após as entregas. Em vez disso decidiu que o cumprimento das encomendas – dois navios asfalteiros para a Venezuela e outros dois para a Marinha Portuguesa, entre outros – seriam suspensas. Mantendo os estaleiros paralisados há dois anos e meio, suportando o Estado as despesas inerentes sem recuperação. É evidente que o que se conclui é que a destruição dos estaleiros estava na mente do ministro. Ministro que agora, de supetão, vem anunciar que uma empresa dúbia no ramo da construção naval será a premiada e concessionada para se apossar dos estaleiros, a Martifer.
 
Muito mais foi referido pelo presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Só possível de entender para os que o escutaram nas declarações à TSF. Assim como a um elemento da Comissão de Trabalhadores daqueles estaleiros. A súmula do juízo que podemos e devemos fazer é que este é mais um caso opaco, desta feita produzido pelo ministro da Defesa, Aguiar Branco, o principal ator da baixaria que envolve a destruição dos Estaleiros de Viana do Castelo.
 
Pelos deputados do PCP existe contestação à solução preferida pelo ministro neste processo. Foram pedidos esclarecimentos e um inquérito parlamentar. É legítimo temer que seja mais do mesmo e que a transparência sobre o caso não venha a acontecer. O costume. E no costume há sempre negociatas – é voz popular e corrente. Basta ler os comentários de participantes na página da TSF para perceber que a negociata é vedeta por entre o que ali consta. Não por acaso Portugal é o terceiro país mais corrupto da Europa. Ouve o PR Cavaco pronunciar-se sobre isso? Ouve o Governo? Ouve a oposição do "arco da governação"? Pois claro que não.
 
Na foto: Aguiar Branco, o tal ministro da Defesa(?)
 

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