Existem alternativas para a recuperação dos estaleiros de Viana no quadro da UE
António Veríssimo
No Fórum TSF foi debatida a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Três perguntas
encorporam o tema. É perguntado se “compreende os argumentos do Governo para
justificar um negócio que implica o despedimento de 600 trabalhadores?“ Também
se “existiam alternativas a esta solução?” E ainda se “o parlamento deve ou não
avançar com um inquérito parlamentar que esclareça a situação dos estaleiros?”
Inúmeros
participantes manifestam a desconfiança na “negociata” que deverá envolver a
destruição radical dos estaleiros por este governo, mais concretamente pela
responsabilidade do ministro da defesa, Aguiar Branco. Mais concreto foi o
presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo que referiu os “mistérios” e
omissões por parte do ministro relativamente às alternativas que existem, de
acordo com diretivas da UE, para recuperar a empresa e que pelo ministro foram
ignoradas e nem sequer transmitidas ao presidente da câmara nem à comissão de
trabalhadores dos estaleiros quando com ele se encontraram.
Foi aos microfones
da TSF, no Fórum, que o autarca de Viana do Castelo deixou as informações que
colheu junto da UE, referindo que o Comissário Europeu para a Concorrência,
Joaquin Almúnia, apontou como alternativa para a recuperação dos estaleiros a
apresentação àquela comissão de um projeto, a exemplo do que aconteceu em
outros dois casos de estaleiros na Europa, citando a Polónia e outro país em caso similar. Porém
esse projeto nunca apareceu na referida comissão.
Sobressai de tudo
isto, destas omissões e outras “golpadas”, a baixaria do ministro e a sua aparente
ou factual obsessão em destruir os estaleiros, distribuindo milhões de euros em
assessorias e outras vertentes improdutivas mas não disponibilizando verbas que
possibilitassem aos estaleiros cumprir encomendas que produziriam muitos milhões
de euros após as entregas. Em vez disso decidiu que o cumprimento das
encomendas – dois navios asfalteiros para a Venezuela e outros dois para a
Marinha Portuguesa, entre outros – seriam suspensas. Mantendo os estaleiros
paralisados há dois anos e meio, suportando o Estado as despesas inerentes sem
recuperação. É evidente que o que se conclui é que a destruição dos estaleiros
estava na mente do ministro. Ministro que agora, de supetão, vem anunciar que
uma empresa dúbia no ramo da construção naval será a premiada e concessionada
para se apossar dos estaleiros, a Martifer.
Muito mais foi
referido pelo presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Só possível
de entender para os que o escutaram nas declarações à TSF. Assim como a um
elemento da Comissão de Trabalhadores daqueles estaleiros. A súmula do juízo
que podemos e devemos fazer é que este é mais um caso opaco, desta feita produzido
pelo ministro da Defesa, Aguiar Branco, o principal ator da baixaria que
envolve a destruição dos Estaleiros de Viana do Castelo.
Pelos deputados do PCP existe contestação
à solução preferida pelo ministro neste processo. Foram pedidos esclarecimentos
e um inquérito parlamentar. É legítimo temer que seja mais do mesmo e que
a transparência sobre o caso não venha a acontecer. O costume. E no costume há
sempre negociatas – é voz popular e corrente. Basta ler os comentários de participantes na página da TSF para perceber que a negociata é vedeta por entre o que ali consta. Não por acaso Portugal é o terceiro país mais corrupto da Europa. Ouve o PR Cavaco pronunciar-se sobre isso? Ouve o Governo? Ouve a oposição do "arco da governação"? Pois claro que não.
Na foto: Aguiar Branco,
o tal ministro da Defesa(?)
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