Martinho Júnior,
Luanda
“Ser
internacionalista es saldar nuestra propia deuda con la humanidad”, Comandante
Fidel de Castro.
1 – Esse pensamento
do Comandante da Revolução Cubana é uma síntese dum conceito essencial que é
intrínseco na definição da capacidade inteligente de resistência do povo cubano
face ao tão desgastante quão injusto bloqueio que tem sido sujeito por parte do
império, ininterruptamente e há mais de 50 anos!
Cuba bloqueada
vocacionou a Revolução ao seu próprio povo, investindo sobretudo no homem e
muito particularmente utilizando o eixo da educação e da saúde de modo a
potenciar respostas que são insubstituíveis não só para os equilíbrios internos
indispensáveis à consolidação do poder popular, mas também para estabelecer
pontes vitais de relacionamento para com outros povos, sobretudo aqueles que
têm sofrido o peso maior da opressão.
A história, em
especial a gesta libertária nacional e de toda a imensa região
latino-americana, socorreu a filosofia revolucionária: com ela haviam todos os
motivos para mobilizar povo cubano e todos os povos da América Latina e de
África face ao império e seus agentes, por mais poderosos que eles fossem e
onde quer que eles se manifestassem: o próprio estágio de subdesenvolvimento
imposto pelas desigualdades provocadas pelo capitalismo sob a égide deliberada
do império, criava o espaço humano para agir!
Por isso a
Revolução Cubana soube equacionar-se com o movimento de libertação em África,
dando uma contribuição única na luta contra o colonialismo, o “apartheid” e as
suas sequelas, incluindo aquelas que têm sido aproveitadas pelos expedientes da
globalização neoliberal, mesmo tendo de enfrentar as condições adversas de
ausência de parceiros como os que existiam durante o período da chamada Guerra
Fria: os países socialistas e muitos outros que incorporaram e deram fundamento
e substância ao Movimento dos Não Alinhados.
2 – A América
Latina está madura para perceber o papel de Cuba face à presente conjuntura:
- Ao poder das
oligarquias, “representadas” nos mecanismos de poder, as massas populares têm
vindo a responder com as mais diversas organizações sociais, apostadas no
aprofundamento da democracia em moldes de maior participação e vinculação de
substratos sociais que nunca antes tiveram possibilidades de se fazer sentir
nesses mesmos mecanismos de poder!
- Aos que
implementam as políticas que conduzem a desequilíbrios sociais e injustiças
sociais deliberadas, os progressistas têm-se assumido nos compromissos de
resgate, começando por acabar com o analfabetismo e melhorar as condições
humanas de saúde, de habitação e de trabalho!
- Às políticas que
introduziram o pântano do subdesenvolvimento, os progressistas procuram a todo
o transe ser pioneiros em políticas de desenvolvimento sustentável,
socorrendo-se de processos sócio-culturais respeitadores de seus povos e
introduzindo inovações em suas próprias constituições nacionais passando a
respeitar os direitos da Mãe Terra!
- Ao poder das
oligarquias sobre as capacidades energéticas, respondendo ao “diktat” da
aristocracia financeira mundial por via de suas poderosas corporações, os
progressistas vêm respondendo com alterações profundas no sentido de colocar
grande parte das potencialidades e recursos em benefício dos mais vulneráveis e
dos mais marginalizados estados de toda a região, inclusive importantes franjas
sociais suburbanas em vários dos estados que compõem os próprios Estados
Unidos!
Desse modo a
contra-revolução liberal tem vindo a perder espaço de manobra e só o peso dos
Estados Unidos, que se faz sentir através de todo o tipo de meios e de
expedientes, tem impedido o seu completo colapso!
3 – Depois há um
imenso contraste:
- Enquanto o
império dissemina a manipulação, a mentira, as tensões, os conflitos e guerras
de toda a ordem, impondo a lei da força (militar e de inteligência) e o terror,
Cuba leva seus educadores, seus médicos seus construtores e sua experiência até
aos pontos mais remotos e sofridos da humanidade, por vezes ali mesmo ao pé,
como no caso do Haiti, ou do outro lado do Globo, como nos casos do Paquistão
ou de Timor, curando traumatismos de toda a ordem, incluindo os traumatismos
psicológicos tão bem estudados na Argélia por Franz Fanon!
- Desse modo Cuba
não só faz recuar o terror provocado pelo exercício da hegemonia do império: é
o próprio império que passa a ter medo do internacionalismo cubano, por que
ele, sem armas (muito pelo contrário, respondendo sempre com expressões
humanísticas de paz e de solidariedade), torna-se um exemplo-ameaça aos seus
pérfidos desígnios de poder sobre a humanidade, quantas vezes às custas do
desrespeito para com o próprio planeta (Cuba, é preciso lembrar, está na lista
dos “estados terroristas” definida pelo império)!
- Por isso o
império ilude-se com o bloqueio que impõe, tornado obsoleto face à estratégia
humanística da Revolução Cubana, envolvendo a vocação do seu próprio Povo: o
internacionalismo de Cuba interligando-se com os factores progressistas
espalhados pelo mundo, está a vencer os obstáculos e faz sentir-se como um
bálsamo terapêutico, por vezes mesmo em áreas tidas como de grande
desenvolvimento (como no caso de algumas regiões de Portugal e de Espanha)!
4 – A lógica com
sentido de vida, exercendo-se de forma cada vez mais extensiva e abrangente, é
a única alternativa capaz de expandir o campo do progresso entre os povos,
consolidando sua capacidade de resistência através de equilíbrios internos que
se formam por via da solidariedade, da justiça social, do aprofundamento da
democracia (que se deve abrir cada vez mais à participação), do socialismo e da
paz!
É aí que Cuba
constitui-se em vanguarda internacionalista e coloca ao dispor da humanidade
sua própria experiência, em socorro das mais legítimas aspirações, dos mais
legítimos resgates, precisamente em benefício daqueles mais sofridos por que
oprimidos, dos que mais precisam!
Cuba tem sido ao
longo dos 55 anos de sua Revolução, o único estado que proclama de forma
dialéctica o seu internacionalismo como método para saldar a dívida para com a
humanidade!
Em África, aqueles
que deram corpo ao movimento de libertação só podem continuar a honrar essa
filosofia, por que a lógica com sentido de vida é a única sequência possível ao
próprio movimento de libertação, por que falta nos resgates seculares, aquele
que implica a luta contra o subdesenvolvimento, numa conjuntura tão
desfavorável como a presente!
Que melhor maneira
de iniciarmos cada ano, agora o de 2014, senão bebendo o que nos for possível
do exemplo humanístico da Revolução Cubana?
Foto: Reunião
Extraordinária da ALBA e PETROCARIBE, entre 10 e 12 de Janeiro de 2013 – “Resaltan
en Venezuela vigencia del ALBA y Petrocaribe” – http://www.granma.cu/espanol/nuestra-america/11enero-resaltan.html
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