A demissão do
ministro da Agricultura alemão, Hans-Peter Friedrich, por interferências na
investigação de um obscuro caso de pornografia infantil, provocou uma série de
acusações à coligação de Angela Merkel, com a oposição a pedir esclarecimentos
à chanceler.
Segundo a agência
de notícias Efe, a União Social-Cristã da Baviera (CSU), ligada à ala
conservadora de Merkel, exigiu hoje explicações ao partido da coligação SPD
sobre o caso do seu ex-deputado Sebastian Edathy, que detonou o escândalo e da
demissão.
Friedrich
apresentou na sexta-feira demissão depois de admitir que, em outubro, quando
era ministro do Interior, avisou o líder do Partido Social Democrata (SPD),
Sigmar Gabriel, de que um dos seus deputados, Sebastian Edathy, constava de uma
lista de suspeitos numa investigação internacional sobre pornografia infantil.
Esta situação
ocorreu algumas semanas depois da vitória eleitoral de Merkel, enquanto se
realizavam as primeiras rondas de negociações para a CDU da chanceler, a CSU a
que pertence Friedrich e o SPD, então na oposição.
O líder do partido
bávaro, Horst Seehofer, advertiu hoje que, perante a demissão do seu ministro,
cabe à cúpula do SPD esclarecer "as múltiplas questões em aberto" em
relação a Sebastian Edathy e Sigmar Gabriel.
"Os três
líderes das formações têm de falar sobre o assunto", disse Seehofer, em
declarações ao diário Rheinischer Post, instando a uma reunião com Merkel e
Grabriel.
O líder do SPD
rejeitou que o assunto venha a ter consequências para a sua formação, apesar de
as pressões em torno desta matéria estarem a crescer e enquanto a oposição
exige explicações sobre se Merkel estava ao corrente das investigações.
Edathy, de 44 anos,
demitiu-se inesperadamente, no passado fim-de-semana, dos seus cargos no
parlamento federal (Bundestag), alegando motivos de saúde, a que se seguiu na
segunda-feira última a uma rusga policial a sua casa em busca de material
incriminatório.
Segundo as
investigações em curso, o político social democrata tinha retirado da Internet
imagens de crianças despidas, de entre os nove e treze anos, e durante um
período entre 2005 e 2010.
Este caso surge no
âmbito de uma investigação policial, com início no passado, para desmantelar
uma rede de pornografia infantil na Internet que atuava desde o Canadá e,
segundo a a Efe, Edathy terá retirado as imagens utilizando também o seu
computador do escritório de Bundestag.
Esta investigação foi
alargada a vários países, entre os quais a Alemanha.
Antes das suspeitas
que pairam sobre o social democrata Sebastian Edathy, que está em paradeiro
desconhecido deste que o escândalo rebentou, a sua carreira tinha sido
considerada brilhante, com um papel destacado na investigação do terrorismo de
ultra-direita, em especial na célula de neonazis que assassinou impunemente
nove emigrantes e um polícia, durante quase uma década.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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