Triunfo da Razão
A discussão do
momento é precisamente como sair limpo da imundície. Refiro-me naturalmente à
saída "limpa" de Portugal do programa de "ajuda" externa, à
semelhança do que aconteceu com a Irlanda. Uns acreditam que é possível, outros
referem a importância de um programa cautelar.
Não deixa de ser
curiosa a terminologia utilizada: programa de "ajuda" externa e
"saída limpa" são apenas alguns exemplos. Vivemos na era dos
eufemismos e dos subterfúgios, amiúde misturados com a expressões como
"viver acima das nossas possibilidades (já menos utilizada) a par da
palavra "sacrifício".
"Saída
limpa" ainda assim consegue ser a expressão mais curiosa porque pressupõe
uma resposta à questão: como sair limpo da imundície? Como sair limpo da
austeridade que faz vítimas todos os dias, quando as saídas implicam sempre
mais austeridade?; como sair limpo de um contexto de empobrecimento
incessante?; como sair limpo de um futuro marcado pela miséria e pela dívida?
A resposta a estas
perguntas é óbvia: não há saída limpa, nem sequer para a Irlanda que se viu a
braços com a dívida do sector bancário, que cresce a um ritmo anémico e que não
se livrará tão cedo da austeridade que excita as instituições europeias.
Ana Alexandra
Gonçalves
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