Maputo,
13 fev (Lusa) - Portugal recebeu cerca de 900 doentes da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP) em 2013, afirmou hoje o ministro da Saúde, Paulo
Macedo, garantindo que, apesar da crise, o país tem mantido o apoio a pacientes
estrangeiros.
"Mesmo
com restrições financeiras fortes, Portugal recebeu, no ano passado, cerca de
900 pessoas, que tratou, de diferentes países da CPLP", disse à agência
Lusa Paulo Macedo, no final de uma visita ao Instituto do Coração, em Maputo.
Segundo
o ministro da Saúde, o desenvolvimento verificado nos serviços de saúde dos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) está a fazer com que haja
"menos motivos para os doentes serem tratados no estrangeiro".
Paulo
Macedo apontou como exemplo o Instituto do Coração, que atualmente trata
doenças cardiovasculares, evitando a saída de pacientes com este tipo de
patologias de Moçambique para o estrangeiro.
O
ministro visitou Moçambique para participar na III Reunião dos Ministros da
Saúde da CPLP, que se realizou na quarta-feira, em Maputo.
No
passado, "havia doentes que tinham que ser tratados noutros países e que
hoje têm uma resposta neste instituto", destacou o ministro da Saúde.
Fundado
em 2001, o Instituto do Coração é uma organização não-governamental (ONG)
focada no tratamento de doenças cardiovasculares a crianças desfavorecidas,
tendo sido criada através de uma parceria que envolveu a ONG moçambicana Os
Amigos do Coração e quatro organizações europeias, entre as quais a portuguesa
Cadeia de Esperança.
Com
uma média anual de 120 operações gratuitas a crianças desfavorecidas, a
instituição "sobrevive" dos rendimentos que obtém na prestação de
cuidados de saúde privados e de apoios em consumíveis para as cirurgias, que as
ONG parceiras doam.
"A
cirurgia cardíaca é caríssima. Cada vez que entra uma criança na sala de
operações, só nos consumíveis gasta-se cerca de 5.000 dólares (3.650 euros). No
conjunto, a cirurgia a coração aberto e o pós-operatório custa cerca de 15.000
dólares (10.970 euros)", explicou à Lusa a diretora e fundadora do
Instituto do Coração, Beatriz Ferreira.
Segundo
a responsável, com os cuidados privados, a organização consegue cerca de 150
mil dólares (109,7 mil euros) mensais para os serviços humanitários que presta,
com uma equipa cirúrgica própria, formada em Portugal, França e na Suíça.
A
abertura de unidades de saúde privadas na capital moçambicana, que oferecem
alguns dos serviços do Instituto do Coração, tem representado um certo
"risco" à missão humanitária da ONG, não só pela redução do número de
pacientes privados que recebem, mas também porque as novas unidades lhes tentam
"tirar" profissionais de saúde qualificados.
"Quando
surgem novas unidades sanitárias há sempre um risco de vermos reduzida a nossa
capacidade de termos fundos para fazermos trabalhos com as crianças indigentes,
mas, enfim, é o mercado", concluiu Beatriz Ferreira.
EMYP
// VM - Lusa
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