O primeiro-ministro
de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje ter sido informado pelo tribunal
internacional de Haia sobre a posição da Austrália no processo em que pede a
restituição de documentos confidenciais, classificando-a como
"grotesca".
"Este mês, há
dias, recebemos uma comunicação do tribunal a informar da posição da Austrália.
Uma posição, quanto a mim, um bocado grotesca e que não posso revelar porque
são segredos de Justiça. Estamo-nos a preparar para isso", afirmou.
Xanana Gusmão
respondia a perguntas dos jornalistas sobre o processo judicial desencadeado na
sequência de um pedido de Timor-Leste para que o Tribunal Internacional de
Justiça ordene à Austrália a restituição de documentos confidenciais.
Os documentos foram
apreendidos durante buscas ao escritório e residência do advogado australiano
que representa Timor-Leste no caso das acusações de espionagem durante
negociações de um tratado sobre o petróleo e gás do mar de Timor.
"Continuamos
fiéis ao princípio de que houve aproveitamento da nossa inexperiência, da
situação em que nós estávamos, perante o problema do nosso povo. Inexperiência,
falta de dinheiro, falta de instituições, houve um aproveitamento grosseiro por
parte de um país enorme", acusou Xanana Gusmão, em conferência de imprensa
no Forte de S. Julião da Barra, em Oeiras, no âmbito de uma visita que realiza
a Portugal.
O primeiro-ministro
timorense agradeceu a "vontade de Portugal", terminando com um apelo:
"Já não vou a Fátima há muitos anos, rezem por nós".
O processo judicial
começou em 20 de janeiro em Haia, com Timor-Leste a pedir respeito pela
soberania do país e a restituição dos documentos confidenciais.
Timor-Leste quer
que o TIJ ordene à Austrália a restituição dos documentos apreendidos, uma apresentação
de desculpas oficiais e garantias do pagamento das custas judiciais.
Timor-Leste acusou
formalmente, junto do tribunal de Haia, a Austrália de espionagem quando estava
a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor
(CMATS), em 2004.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim
negociar a delimitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os
proveitos da exploração do campo de gás 'Greater Sunrise', com recursos
estimados em biliões de dólares.
SF (MSE/FPA) - Lusa - foto João Relvas
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