quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Xanana Gusmão classifica posição da Austrália em processo judicial como "grotesca"

 


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje ter sido informado pelo tribunal internacional de Haia sobre a posição da Austrália no processo em que pede a restituição de documentos confidenciais, classificando-a como "grotesca".
 
"Este mês, há dias, recebemos uma comunicação do tribunal a informar da posição da Austrália. Uma posição, quanto a mim, um bocado grotesca e que não posso revelar porque são segredos de Justiça. Estamo-nos a preparar para isso", afirmou.
 
Xanana Gusmão respondia a perguntas dos jornalistas sobre o processo judicial desencadeado na sequência de um pedido de Timor-Leste para que o Tribunal Internacional de Justiça ordene à Austrália a restituição de documentos confidenciais.
 
Os documentos foram apreendidos durante buscas ao escritório e residência do advogado australiano que representa Timor-Leste no caso das acusações de espionagem durante negociações de um tratado sobre o petróleo e gás do mar de Timor.
 
"Continuamos fiéis ao princípio de que houve aproveitamento da nossa inexperiência, da situação em que nós estávamos, perante o problema do nosso povo. Inexperiência, falta de dinheiro, falta de instituições, houve um aproveitamento grosseiro por parte de um país enorme", acusou Xanana Gusmão, em conferência de imprensa no Forte de S. Julião da Barra, em Oeiras, no âmbito de uma visita que realiza a Portugal.
 
O primeiro-ministro timorense agradeceu a "vontade de Portugal", terminando com um apelo: "Já não vou a Fátima há muitos anos, rezem por nós".
 
O processo judicial começou em 20 de janeiro em Haia, com Timor-Leste a pedir respeito pela soberania do país e a restituição dos documentos confidenciais.
 
Timor-Leste quer que o TIJ ordene à Austrália a restituição dos documentos apreendidos, uma apresentação de desculpas oficiais e garantias do pagamento das custas judiciais.
 
Timor-Leste acusou formalmente, junto do tribunal de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.
 
Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a delimitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás 'Greater Sunrise', com recursos estimados em biliões de dólares.
 
SF (MSE/FPA) - Lusa - foto João Relvas
 

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