As más condições do
principal hospital público da Guiné-Bissau podem tornar-se ainda piores e a
taxa de mortalidade corre o risco de aumentar com a saída da AIDA, a única
associação que apoia doentes carenciados, alertam médicos e colaboradores.
Em seis anos de
presença em Bissau, a organização não-governamental (ONG) espanhola
(www.ong-aida.org) já tratou das feridas e aviou receitas a 45 mil doentes, uma
média de 625 pessoas por mês.
No Hospital Simão
Mendes não há nada: cada paciente tem que comprar os seus próprios curativos e
medicamentos e pagar também os meios de diagnóstico, água e comida.
O problema é que a
Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, em que a maioria da
população vive na miséria e chega ao hospital sem recursos - pacientes
desamparados aos quais a AIDA acode todos os dias.
Uma ajuda que tem
os dias contados: com a crise financeira, a cooperação espanhola (principal
financiador da AIDA) cortou parte dos apoios internacionais, nomeadamente, para
a Guiné-Bissau.
Para manter o
trabalho vital que assegura no Hospital Simão Mendes, a associação precisa de
150 mil euros por ano, estima Anna Cortés, coordenadora de projetos sociais da
AIDA em Bissau.
Apesar dos apelos
feitos desde o final de 2013, ainda não surgiram doadores suficientes e o que
existe permite manter o apoio social apenas até final de março.
Depois, "a
taxa de mortalidade vai aumentar", refere M'Boma Sanca, médico diretor da
Unidade de Cuidados Intensivos, tendo em conta as carências da população e do
hospital.
"Desde
novembro que não temos ?kits' (equipamento e material hospitalar) para
cesarianas", acrescenta Mama Mané, diretora da maternidade.
"A única ajuda
é da AIDA", destaca, numa sala cheia de utentes.
No caso da
pediatria, "mais de metade das crianças atendidas" recorre ao apoio
da ONG espanhola, refere o diretor do serviço Augusto Bidonga.
É o caso de Melke,
um bebé de 12 meses que sofre com diarreias e vómitos.
Está sob observação
numa das camas, mas a mãe não tem recursos nem ajudas para lhe comprar
medicamentos: "é a AIDA que nos apoia", refere.
Sem doadores, Anna
Cortés acredita que aumenta o risco de morte para quem chega ao hospital.
"Numa
urgência, um paciente pode morrer enquanto a família procura dinheiro ou
medicamentos mais económicos, de farmácia em farmácia", refere a
coordenadora da AIDA.
"É uma catástrofe
humanitária. Há uma crise porque estamos a falar do mais básico que é o acesso
à saúde", acrescenta.
A AIDA está a fazer
ajustes aos critérios de apoio para que os medicamentos e material
médico-cirúrgico disponível possam durar por mais algumas semanas, mas o
projeto solidário precisa de donativos, "nem que sejam pequenas
colaborações, em dinheiro ou material".
LFO // PJA – foto Luís
Fonseca
1 comentário:
Os responsaveis sao o Antonio Indjai,o Serifo Nhamadjo,o Kumba Yala e todos os apoiantes de 12/04/2012 todos merecem ser julgados depois das eleiçoes.
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