Nicolau Santos –
Expresso, opinião
No ano passado, os
serviços fiscais deram mais de dois milhões de ordens de cobrança coerciva, dos
quais 532 mil incidiram sobre vencimentos e salários.
Ora sabendo que o
fisco só avança para a penhora de salários e vencimentos depois de tentar
penhorar rendas, contas e depósitos bancários (ou outros créditos financeiros),
chega-se à conclusão que estes 532 mil cidadãos não têm nada mais se não o seu
salário para fazer face aos compromissos que deixaram de pagar.
O espantoso é que
sabendo que o número de trabalhadores por conta de outrém ronda os 5 milhões,
isto significa que 10% da força laboral portuguesa tem parte dos seus salários
penhorados por dívidas fiscais.
Ora com a subida de
impostos dos últimos anos e a descida ou congelamento de salários só se pode
esperar que esta situação se venha a agravar nos próximos tempos. Continuar a
insistir nos cortes salariais, como faz a troika, só vai fazer alastrar este
processo. Um dia destes descobrimos que metade do país está penhorado - e a
outra metade anda a colocar os bens que ainda têm no prego para não lhe
acontecer o mesmo.
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