O Cabo-Verdiano em
geral mostrou-se sempre, e particularmente em vários momentos-chave, saber pôr
acima de tudo, os interesses nacionais. Facto este, de se louvar, pois, por
este e outros motivos é que atingimos o patamar de desenvolvimento em que nos
encontramos. Alguém há-de perguntar se já atingimos o patamar desejado! Talvez
não! Porque somos (os Homens) inconformistas por natureza, o que é extremamente
positivo porque faz-nos continuar inquietos, e à procura de mais e melhor, mas
também porque o Homem nunca atinge a “satisfação plena”.
António Carlos
Tavares – A Semana (cv), opinião
Apesar disso, não
devemos perder o bom senso, o espírito patriótico, a ponto de pormos em risco
muitas vezes, a sã convivência que nos caracteriza, e deixar os nossos
caprichos pessoais e/ou grupais vierem ao de cima. Não! Não devemos tentar
minar a estabilidade política e social, que caracterizou e caracteriza o país,
particularmente nestes últimos anos, e nos faz estar na linha da frente, em
vários rankings internacionais. É evidente e natural que possa haver
posicionamentos e pontos de vista divergentes, mas estes devem ser discutidos e
debatidos, sobretudo com argumentação e racionalidade, pois no nosso íntimo,
todos queremos o bem para o nosso Cabo Verde (pelo menos é o que que deveria
ser).
Devemos recordar
(sempre), que os ganhos que até agora conhecemos, devem-se fundamentalmente a
uma visão de desenvolvimento com os olhos no futuro. Uma visão completamente
ambiciosa, mas com metas claras, bem definidas e argumentadas. Não com uma
visão redutora pensando apenas no imediato e na resolução pontual dos problemas
das pessoas, adiando a resolução de questões estruturais e globais, que mudam
pela positiva o rumo do País, impulsionando o crescimento e o desenvolvimento
económico e social.
O desenvolvimento e
melhoramento das condições de vida dos cidadãos constroem-se com base num
diálogo franco, aberto e consistente, entre o Governo, o Patronato e os
Sindicatos. Nunca por via de manifestações e greves desnecessárias. As
manifestações e/ou greves são muitas vezes entendidas como sinais de fraqueza e
falta de argumentos convincentes das nossas posições. Estes recursos devem sim
ser accionados, quando não houver abertura para o diálogo, não haver vontade
para a resolução pacífica de questões em causa (que não é o caso). Cabo Verde
goza de uma estabilidade social, ambiente propiciador de diálogo para a
resolução de questões sociais, que devemos saber gerir e tirar proveito,
visando o bem comum e a satisfação de todos. Os trabalhadores, estes que dão e
continuam a dar o seu grande contributo para o desenvolvimento deste país,
seguramente não vão na “onda” de uns que eventualmente queiram apenas criar um
ambiente/clima tenso, de confusão e conturbado, procurando o protagonismo
pessoal ou grupal, mesmo pondo em causa os interesses superiores da Nação.
Devemos ser
responsáveis, mas também sérios e coerentes com as nossas atitudes e posições.
Devemos ser críticos sim, mas confrontar com argumentos, com substância, e não
meramente fazer “barrulho”, na tentativa de enganar os desprevenidos. Devemos
dar o nosso contributo para o desenvolvimento na nossa Nação, devemos
apresentar a nossa visão de desenvolvimento, não ficar à sombra, à espreita de
uma oportunidade para causar a desordem e provocar a instabilidade social. A
responsabilidade deve falar mais alto, sob pena de não sermos levados a sério e
perdermos credibilidade (se ainda temos).
Todos os que se
orgulham do seu País – à luz dos indicadores socioeconómicos, divulgados por
organismos de reconhecida credibilidade e mérito internacionais – deveriam dar
o seu contributo para a consolidação dos ganhos, contribuindo também para a
materialização das premissas maiores e linhas de desenvolvimentos traçados, com
ambição e realismo, em vez de tentar liminarmente, à lupa, tentar meramente
procurar defeito, mesmo se não existe, e pensar sempre pela negativa. Esta é
uma atitude dos impotentes e fracassados. Tudo bem, que quem dá tudo o que tem,
a mais não é obrigado. Mas esforcemo-nos mais, podemos dar mais e melhor para o
nosso País. Os trabalhadores seguramente não estão interessados em
manifestações e/ou greves, mas sim na resolução dos seus problemas/assuntos.
Querem sim, sindicatos com capacidade de diálogo e poder argumentativo para
fazer com que as suas revindicações justas sejam levadas em devida conta e resolvidas
em tempo possível.
Reconheçamos que
todos somos poucos para construirmos o Cabo Verde dos nossos sonhos, pensemos
em primeiro lugar no Cabo Verde que queremos ter no futuro. Sejamos corajosos e
abracemos esta causa maior, que de resto é o caminho que deve ser seguido, com
determinação, vigor e confiança. Todos devemos assumir as nossas
responsabilidades sociais e organizacionais, e acima de tudo zelar continuamente
pela construção da justiça e da paz social, que são e continuam a ser das
nossas maiores vantagens.
Façamos um exame da
nossa consciência, com visão de futuro, e abracemos essa causa, a de lutarmos
constantemente para termos um Cabo Verde desenvolvido no horizonte 2030, com
cada vez mais oportunidade para os jovens, mais justiça social, mais educação
mais saúde, oportunidades para todos, e qualidade de vida partilhada por todos.
É este o caminho, está ao nosso alcance, e com a contribuição de todos e de
cada um, havemos de lá chegar. Cabo Verde merece.
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