…
e as pessoas sofrem em silêncio”
Angelo
Kapwatcha o convidado do Angola Fala Só desta sexta-feira – presidente do
Fórum do Desenvolvimento Universitário, professor universitário e activista dos
direitos humanos - foi acima de tudo questionado sobre educação, mas também
sobre direitos humanos.
Voz
da América, em Angola Fala Só
As
perguntas dos ouvintes versaram na sua maioria questões de educação – acima de
tudo a questão latente da reforma educativa (bem concebida na opinião do nosso
convidado, mas que na prática não deu o que se esperava à partida), da
monodocência, da qualidade do professor e da qualidade do próprio aluno.
Kapwatcha
falou também das assimetrias educativas como manifestadas na atribuição dos
orçamentos às províncias e de como a ideia da reforma educativa teve boas
sementes, mas cujos frutos não parecem estar a ser os melhores. “Reforma
educativa não aconteceu no plano estratégico mais desejado, tem uma
insuficiência” e afecta os planos em todas as províncias disse o nosso
convidado porque, entre outros factores, há insuficiência de infra-estruturas e
a tutela política interfere com essa reforma.
Uma
outra pergunta do auditório foi a questão da exclusão educativa a que o nosso
convidado disse que “educação para todos” já pressupõe inclusão, mas Angola tem
problemas de exclusão social, em que a escola tem sido um factor de exclusão
social – isto porque um ensino “minimamente qualitativo está no sector privado,
e aqueles que não tem possibilidade financeira são automaticamente excluídos
dessa educação de qualidade.” A pobreza crónica em Angola para a maioria da
população significa exclusão de uma educação e uma saúde de qualidade. Uma
exclusão que provoca a nível assimetrias a nível provincial. “Para se combater
a exclusão é preciso que o governo melhore todas as suas políticas no conjunto
sem exclusão de classes, sem exclusão de etnias, sem a exclusão geográfica”
acrescentando que a grande fatia do bolo orçamental (70%) está concentrado em
Luanda e estrutura central – o remanescente vai para o resto do país o que
provoca défice e exclui essas populações e cria uma situação de distribuição
injusta do orçamento geral do estado.
Outro
tema abordado foi os direitos humanos violações dos direitos humanos, incluindo
os económicos em que as pessoas estão pobres por falta de vontade política de
combater a pobreza, as mortes nos hospitais porque as pessoas morrem nos
hospitais porque não tem medicamentos, as pessoas a quem lhes são destruídas as
casas sem recompensa, as pessoas que morrem às mãos dos delinquentes, e “acima
de tudo temos tortura nas prisões, execuções extrajudiciais…perseguições que
terminam em mortes.” Mas
frisou Angelo Kapwatcha há a prerrogativa de reclamar, fazer queixa, as
“pessoas não podem aceitar ser violentadas … pelas instituições do estado.”
Na
opinião do convidado, as organizações dos direitos humanos não são bem-vindas e
encorajadas pelo estado e no caso de angola as denúncias criam perseguições e
só organizações com coragem avançam e “as organizações internacionais que
financiavam organizações dos direitos humanos estão a ser desencorajadas pelo
próprio estado a não financiar…chantagem económica está a levar ao fecho de
muitas organizações.”
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