Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
É
comum dizer-se que os exemplos vêm de cima. Deve ser verdade. Bons e maus
exemplos passam de pais para filhos, assim como de governantes para governados
ou de outras figuras públicas para a população. Diz-se também que é mais fácil
copiar os maus exemplos do que os bons. É provável que seja verdade. No caso
concreto de Portugal a coisa bate certa. A frase mais comum de quem durante
mais ou menos tempo faz borrada e comete erros a eito no desempenho de funções é
dizer que não se demite, procurando fazer-se perdurar no caminho dos
desempenhos de trampa que prejudicam Portugal e os portugueses. O último a
dizer que não se demite foi o selecionador nacional Paulo Bento. Os exemplos
vêm de cima, dos ditos altos magistrados e acólitos. Neste caso também Cavaco
não se demite e Passos Coelho muito menos. Paulo Portas ainda fez a rábula da
demissão mas depois deu o dito por não dito.
No
futebol e no desastre da seleção de Portugal Paulo Bento devia colocar-se
frente ao espelho e reparar na sua real dimensão quanto ao seu desempenho no
cargo de selecionador. A pequenez de Paulo Bento veio sendo manifestada ao
longo da campanha Mundial2014. Chegado ao Brasil já era anão, sem
possibilidades de crescer – nem com tratamentos de choque. Foi aí que o
rebuscado milagre, tão português, passou a ser aquilo a que ele, os jogadores,
a panóplia dos futebois e os portugueses mais crentes se agarraram com unhas e
dentes. Nem assim resultou. Sendo verdade que não há almoços grátis também não
há milagres quando a teimosia, o absolutismo e a incompetência ocupam o volume
da sabedoria e da modéstia. O céu não é dos presunçosos mas eles estão a ocupar
e a tramar Portugal.
E
aqui temos. Um PR (antes primeiro-ministro), altamente presunçoso que muita
trampa já fez e tem feito mas que não se demite. Um primeiro-ministro
coadjuvado por seus compinchas do CDS e do PSD, cuja presunção causa vómitos, mas
que não se demitem… Mais. Um Ricardo Salgado do empório Espírito Santo que não
se queria demitir e que só o fez quando devidamente encostado à parede (esse
tal que se “esqueceu” de declarar muitos milhões ao fisco e o seu mal foram
batatas). E outros que tais da mesma espécie, arrogantes, presunçosos,
prejudiciais aos interesses de Portugal e dos portugueses. Mas não se demitem,
preferem arrastar para as fossas abissais tudo e todos, sem assumirem a trampa
que fazem, mudarem de rumo, darem espaço e oportunidade a outros que façam melhor para um Portugal melhor. É tempo de dizer a esta espécie de empedernidos carregados de soberba que basta. Que chega. Por favor não nos lixem mais nem empatem o país.
SADISMO
DO FMI, DO GOVERNO E DE CAVACO
Já
sabíamos que o FMI é uma doença global que ataca países e povos que se não
morrem da doença morrem da cura. Mais grave é sabermos que o FMI – que uns
quantos interessados adulam – anda sempre a brincar com países e povos onde exerce o seu
contágio, onde penetra com clara intenção de deixar mazelas e mais mazelas,
sendo a mais grave a miséria de vasta maioria e o enriquecimento de uns poucos eleitos que servem ao capitalismo internacional na perfeição.
Veio
agora o FMI dizer que “afinal teria sido melhor reestruturar a dívida de
Portugal” (ler em Dinheiro Vivo). Mas não só de Portugal, também a Grécia e a
Irlanda. Agora é que diz, agora é que reconhece. Agora é que os iluminados
doutores da mula-ruça daquelas coisas da economia concluíram que foi um erro
“não se ter renegociado a dívida grega no início do primeiro resgate. E agora,
este técnicos mostram que Portugal e a Irlanda teriam saído a ganhar "se tivesse
havido uma renegociação”. Diabólica hipocrisia. É que até o Zé da Esquina,
quase analfabeto, sabia e sabe que com a reestruturação da dívida países e
povos sairiam a ganhar e não teriam tanto de andar a comer o pão que o diabo
amassou. Em Portugal só os das ilhargas e do governo malfadado e malvado de Passos, Portas e
Cavaco é que alinhavam pelo diapasão da não reestruturação. Cavaco, aquele que
afirma que nunca se engana e raramente tem dúvidas, deixou que a tortura dos
portugueses se ampliasse, dando o seu ámen ao governo que protege, em
vez de dar um murro na mesa e proteger os interesses do país e da população. Puro
sadismo.
HUMOR
CAVACAL
Nem
sei se é humor negro mas creio que foi uma simples ironia. Desde ontem à noite
– após a eliminação de Portugal do Mundial2014 – e até esta manhã, o Página
Global fez correr no topo um scrolling que anunciava a demissão de Cavaco Silva
sustentado na tese de que a seleção espanhola quando foi eliminada o rei
abdicou e que o PR Cavaco seguiria o exemplo do rei espanhol porque a seleção
de Portugal também foi eliminada. Mas, claro, que o anúncio não corresponde à
realidade, era a brincar. Ironia, ficção. Mais que um rei, Cavaco é viciado no
poder e o mais que é tratado em escrito acima.
Sem comentários:
Enviar um comentário