Alberto
Castro - Afropress
Finalmente
viu-se negros nas arquibancadas da Copa, para alem de torcedores dos times
africanos. Foi na apoteose da festa quando apareceram nas imagens da TV para o
mundo no papel seguranças fazendo um cordel de proteção aos artistas da bola
que subiam as escadarias do templo da glória para receber os troféus. Imagem
apenas comparável ao carnaval de Salvador onde negros com corda tratam
penosamente de proteger a diversão da elite branca.
No
país de maioria negra (pretos e mulatos), fica o consolo de ver um negro,
Jerome Boateng, no mais alto pódium da festa do futebol, paradoxalmente em
representação da Alemanha, detalhe que certamente só em seus piores pesadelos
Hitler imaginaria.
Mesmo
com uma agenda política, parabéns a venezuelana TeleSur que fez, na minha
opinião, com o programa De Zurda apresentado pelo astro Diego Maradona e pelo
conceituado jornalista Victor Hugo Morales, a melhor cobertura da Copa fora dos
gramados, apresentando a verdadeira cara do Brasil com reportagens em favelas,
centros e em periferias de várias cidades brasileiras destacando os múltiplos
aspectos da rica cultura popular e fazendo uma crítica a ausência de faces do
povo-povo brasileiro nos estádios.
Nesse
sentido uma nota tambem para as grandes cadeias de TV como a CNN, BBC, ITV etc,
que tambem fizeram reportagens semelhantes embora com menor tempo de antena.
Todas coincidem que foi o melhor ambiente dos mundiais dentro e,
principalmente, fora dos relvados pela alegria e hospitalidade do povo
brasileiro. Foi a grande Copa do Povo sem povo nos estádios.
Nota
zero para a elite branca brasileira, ou parte dela, que demonstrou toda a sua
falta de educação com vaias das mais ordinárias a sua presidente, coisa nunca
vista em edições anteriores realizadas noutros países que tambem contestaram os
gastos com as suas Copas.
Uma
elite branca que sofre por não ser do primeiro mundo, que sofre quando
confrontada a assumir a sua própria identidade latino-americana, uma elite
complexada que julga que ser moderno significa ser do primeiro mundo. Uma elite
que quer os efeitos da modernização mais do que a própria modernização no
quadro de um desenvolvimento próprio.
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