PSB
confirma ex-ministra do Meio Ambiente como cabeça de chapa e deputado federal
Beto Albuquerque como vice. Candidata destaca legado de Eduardo Campos e
garante que dará seguimento a suas propostas.
Após
um dia intenso de reuniões entre os membros da executiva nacional do PSB nesta
quarta-feira (20/08), em Brasília, os nomes de Marina Silva e Beto Albuquerque
foram confirmados como novos candidatos à presidência e vice, respectivamente.
"Nosso destino comum está traçado no legado de Eduardo, um legado tão
grande do qual talvez nem mesmo ele se desse conta", disse Marina num
discurso emocionado.
A
candidata falou do "peso da responsabilidade" e demonstrou vontade de
levar adiante o projeto construído por ela e por Eduardo Campos nos últimos
meses. "Aqui há o compromisso com as responsabilidades já assumidas,
construídas ombro a ombro, noites e madrugadas adentro, sob a liderança de
Eduardo Campos."
Marina
também relembrou a candidatura à presidência em 2010, quando ficou em terceiro
lugar, e disse que a experiência "foi fundamental" e acrescentará no desempenho
do papel que acabou de assumir.
Beto
Albuquerque, deputado federal, líder do partido na Câmara e agora candidato a
vice-presidente, afirmou que vai dar continuidade aos desejos de Campos.
"Nós estamos aqui, eu e Marina, porque não vamos deixar pela metade o
legado que Eduardo Campos começou."
De
acordo com a legislação eleitoral, a coligação liderada pelo PSB tem até o
próximo sábado (23/08) para registrar os novos candidatos, depois de um
consenso entre todos os partidos do grupo. Entretanto, ao longo dos últimos
dias, alguns partidos da base demonstraram descontentamento com a indicação dos
dois nomes, situação negada pelo PSB.
Novas
perspectivas
Com
a mudança na candidatura, surgiram questionamentos sobre a vontade de Marina de
seguir o que ela vinha construindo ao lado de Campos. O coordenador do programa
de governo da coligação, Maurício Rands, garantiu que não haverá mudanças
significativas no programa de governo que vinha sendo preparado.
Nos
últimos dias, o PSB preparou um documento para Marina, como forma de garantir a
continuidade dos projetos e acordos feitos por Campos. A candidata confirmou
que recebeu o que chamou de "carta inventário" e prometeu dar seguimento
às propostas.
"O
PSB mantém suas alianças, e Beto representara o PSB junto a essas
alianças", disse Marina, ao responder sobre os desentendimentos entre ela
e Campos quanto a algumas candidaturas estaduais.
Outro
tema delicado da aliança é o equilíbrio entre o perfil ambientalista de Marina
e o poder do agronegócio. Para Rands, a chegada de Albuquerque à campanha dará
à dupla uma nova chance de diálogo com o agronegócio, já que ele tem um
histórico de negociações com representantes do setor produtivo.
Pouco
antes do início da reunião que confirmou a nova chapa, Rands também refutou
críticas que indicam a religião da candidata como uma possível dificuldade a
ser superada na campanha. "Marina não é fundamentalista, é uma
personalidade internacional. Ela já disse que a concepção dela é de Estado
laico, então, não há qualquer risco de intolerância."
Processo
de consultas
Ao
longo da semana, diversas reuniões entre integrantes da cúpula do PSB e
representantes dos outros partidos tentavam construir consenso para formação na
nova chapa. Na última segunda-feira, no Recife, o PSB fez a primeira reunião
após a morte de Campos. Com a participação de militantes e da viúva do
ex-candidato, consolidava-se o processo de consultas.
Servidora
concursada do Tribunal de Contas de Pernambuco, Renata Campos, que é economista
como o ex-marido, chegou a ser cotada para vice. Filiada ao PSB há mais de 20
anos e parte integrante de todas as campanhas das quais Campos participou, ela
não aceitou o convite. Ela decidiu ficar em Pernambuco para participar mais
ativamente da campanha, onde o PSB enfrenta baixos índices de intenção de voto
do candidato ao governo.
Beto
Albuquerque: representação de Campos
Segundo
o presidente do PSB, Roberto Amaral, o novo candidato a vice-presidente possui
as características apontadas por ele como essenciais: "alguém que
represente o partido, que seja orgânico, com o qual a militância se identifique
e que seja integrado ao projeto Eduardo Campos".
Deputado
Federal pelo Rio grande do Sul, Albuquerque também ocupa o posto de líder do
PSB na Câmara dos Deputados. O candidato a vice de Marina é advogado e
concorreu ao primeiro cargo eletivo em 1990m, já pelo PSB, quando foi eleito
deputado estadual. Chegou a Brasília oito anos depois e, desde então, atua como
deputado na Câmara federal.
Entre
2007 e 2010, foi membro titular do Parlamento do Mercosul. Eleito com mais de
200 mil votos para o quarto mandato na Câmara, Albuquerque chegou a se
licenciar para atuar como Secretário de Infraestrutura e Logística no governo
do Rio Grande do Sul, mas reassumiu o mandato de parlamentar em 2012.
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