segunda-feira, 1 de setembro de 2014

GOLPE DE ESTADO NO LESOTO




O Exército do Lesoto assumiu o controlo do quartel-general da Polícia e interferiu nas emissões radiofónicas do pequeno reino encravado no Sul de África, derrubando o primeiro-ministro.

“Fui afastado do poder não pelo povo, mas pelas forças armadas, e isso é ilegal”, declarou o primeiro-ministro do Lesoto, Tom Thabane, à BBC, acrescentando que fugiu para a África do Sul por recear pela vida.

“As Forças Armadas tomaram o quartel-general da Polícia\", dissera antes à France Press o ministro de Desportos, Thesele Maseribane.

Um fotógrafo que trabalha para aquela confirmou ter ouvido disparos no início da manhã e que soldados “em maior número do que o costume patrulhavam a cidade”.

A situação do Lesoto, país muito pobre, membro da Commonwealth, é seguida de perto pelo vizinho sul-africano, que o cerca completamente e precisa da água e da electricidade produzida nas suas montanhas.

“As Forças Armadas circularam às 4h00 à volta da casa do primeiro-ministro e da minha”, afirmou o ministro dos Desportos, também líder do Partido Nacional de Basoto, que forma parte da frágil coligação no poder em Maseru.

Thesele Maseribane
acusou o vice-primeiro-ministro Mothetjoa Metsing, líder do Congresso do Lesoto para a Democracia (LCD), de estar envolvido no golpe.  “Temos informações que revelam que faz parte do que está a ocorrer”, disse à France Press. O ministro da Comunicação, Selibe Mochoboroane, do mesmo partido de Mothejoa Metsing, negou saber o que acontecia na capital. Thesele Maseribane disse que houve tiros entre as 4h00 e as 07h00 ou 8h00, que causam interferências nos telefones.

Os utilizadores das redes sociais, como Twitter, disseram na manhã do golpe que continuavam a ter acesso livre às suas contas. Thesele Maseribane declarou que conseguiu fugir por ter sido avisado: “O chefe (que não identificou) disse que me procurava, que procurava o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro para nos levar ao rei. No nosso país, isso significa um golpe de Estado”, referiu.

EUA pedem “diálogo pacífico” 

Os Estados Unidos pediram no sábado um “diálogo pacífico” no Lesoto após o primeiro-ministro deste país, Thomas Thabane, ter afirmado que fora obrigado a deixar o cargo devido a um golpe de Estado. 

“Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com os confrontos de hoje entre as forças de segurança do Lesoto e pediram aos membros do Governo e a todos os partidos que promovam um diálogo político que respeite a Constituição e a lei”, afirma num comunicado da porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

Jornal de Angola – Foto AFP

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