CARLOS MORAIS JOSÉ –
Hoje Macau, Editorial
Normalmente,
um governante usufrui de um período de estado de graça quando assume o poder. A
população e as elites esperam para ver, sobretudo se as promessas eleitorais se
desdobram em realidades no terreno.
Neste
caso, a situação está de tal maneira que nem Chui tem estado de graça, nem terá
muitas hipóteses de fazer aquilo a que nos habituou no primeiro mandato, no que
toca aos principais problemas da população: deixar andar.
A
pressão chegou a um tal ponto que, inclusivamente, o sector do Jogo atravessa tempos
conturbados, com os trabalhadores regularmente na rua, em demanda de melhores
salários, e ameaçando fazer greve. Ora quando uma área de tal modo estratégica
da economia atinge este estado de sítio, a mudança não apenas se impõe: é
obrigatória.
Nas
últimas semanas, quer Chui Sai On quer outros elementos próximos do Governo,
como é o caso de Leonel Alves, têm insistido na conceito de mudança. Eles sabem
que alterações no plano governativo são um bom modo de ganhar tempo, pois
existirá alguma expectativa e, sobretudo, esperança em relação ao desempenho
dos novos secretários.
Daí
que Chui Sai On tenha alterado todos os nomes possíveis. Vamos ter três novos
secretários, sendo que os que permanecem não são publicamente contestados (ler artigo).
Sangue realmente novo sobe ao Governo da RAEM. Resta saber se os novos responsáveis têm realmente um compromisso com a mudança, na medida em que tal significa pugnar por políticas distributivas mais justas, de modo a harmonizar uma sociedade que se encontra cada vez mais dividida e onde o fosso entre ricos e pobres tende a alargar-se.
Sendo
todos funcionários públicos, o que a população esperará destas novas caras é
competência, dedicação, honestidade e, sobretudo, que aos poucos os interesses
do povo se sobreponham aos das elites locais, algo que até hoje ainda não
aconteceu e que está na origem da maior parte dos males que, algo
inesperadamente, assolam esta sociedade.
É
preciso controlar a insaciável voracidade de quem parece preferir perder a
partilhar um pequeno pedaço do bolo que, afinal, pertence a cada um nós.
Veremos se este novo Governo tem garras para fazer frente a estes sempre
famintos tigres.
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