Na
Austrália, presidente afirma que investigações devem transformar relações entre
sociedade, Estado e empresas privadas, e que estatal não deve ser condenada
internacionalmente por uma "minoria" de corruptos.
Em
sua primeira entrevista sobre a nova etapa da Operação Lava Jato, que investiga
as acusações de corrupção na Petrobras, a presidente brasileira, Dilma
Rousseff, afirmou neste domingo (16/11) que tais investigações vão "mudar
o Brasil para sempre", transformando as relações entre sociedade, Estado e
empresas privadas.
"Esse
não é, de fato, tenho certeza disso, o primeiro escândalo de corrupção do país.
Agora, ele é, sim, o primeiro escândalo na nossa história realmente
investigado, o que é muito diferente", defendeu a presidente em pouco
antes do encerramento da cúpula do G20, em Brisbane, na Austrália.
Ela
ainda destacou o fato de que, "pela primeira vez em sua história", o
Brasil trata de forma "absolutamente aberta" um caso dessa dimensão.
Questionada
se o caso não pode prejudicar a Petrobras internacionalmente, já que a empresa
atua em diversas bolsas de valores, Dilma afirmou que esta não é a primeira vez
que uma empresa petrolífera se envolve em denúncias de corrupção no mundo.
Portanto, prosseguiu, a companhia não deve ser condenada pelo fato de ter uma
minoria de funcionários corruptos.
"Quero
lembrar que um dos grandes escândalos de corrupção investigados no mundo foi o
da Enron, que é uma empresa privada [americana]. A maioria absoluta dos membros
da Petrobras, dos funcionários, não é corrupta", disse Dilma.
Na
sexta-feira passada, a Polícia Federal cumpriu 85 mandados judiciais – sendo 21
de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão –
na sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 17 de março. As ordens
foram cumpridas no Paraná, em
São Paulo , no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e
Distrito Federal. Cerca de 720 milhões de reais em bens dos suspeitos foram
bloqueados.
As
investigações apontam que operadores do PT e do PMDB, os dois principais
partidos do governo, teriam recebido pelo menos 200 milhões de reais em
propinas para viabilizar contratos com empreiteiras. O grupo investigado pela
polícia está envolvido em diversos crimes como lavagem de dinheiro, corrupção,
sonegação fiscal, evasão de divisas e desvio de recursos públicos.
Protestos
no Brasil
Dilma
Rousseff disse ainda ver com naturalidade as manifestações pedindo seu
impeachment, afirmando que elas mostram que o Brasil vive uma "situação
democrática consolidada" e, por isso, "faz parte da nossa história
tolerar as manifestações, mesmo as mais extremadas".
Antes
de viajar de volta para Brasília, neste domingo, a presidente brasileira ainda
participou de um almoço com líderes do G20.
Na
Austrália, Dilma teve encontros com a chanceler federal alemã, Angela Merkel,
com o presidente americano, Barack Obama, e com o presidente da China, Xi
Jinping.
Ela
também se reuniu com líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul), que manifestaram vontade de acelerar a implementação de um Banco de
Desenvolvimento comum, para ampliar a sua atuação econômica e financeira.
Deutsche
Welle - MSB/lusa/abr/
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