Em
encontro na Austrália, líderes globais definem aumento dos padrões de vida e
geração de emprego como prioridades. Pressionado pelo Ocidente por conta de
crise na Ucrânia, presidente russo volta para casa mais cedo.
Após
dois dias de conversações, a cúpula que reuniu líderes das principais economias
industrializadas e emergentes do mundo na cidade australiana de Brisbane,
chegou ao fim neste domingo (16/11), ofuscada por preocupações em torno do
conflito na Ucrânia.
Em
declaração final, os líderes do G20 disseram que a prioridade seria elevar os
padrões de vida e criar empregos em todo o mundo por meio do crescimento. Em
busca desse objetivo, os participantes da cúpula finalizaram um plano,
delineado pelos ministros das Finanças no começo deste ano, para impulsionar a
economia global.
O
plano especifica 800 novas medidas que devem ser implementadas nos
países-membros, com o objetivo de elevar o crescimento em 2,1 pontos
percentuais acima das previsões para 2018. As medidas incluem passos para
aumentar o investimento, melhorar o comércio e a infraestrutura, assim como
estabelecer um sistema fiscal justo em nível internacional.
O
comunicado afirmou ainda que os países do G20 pretendem quebrar as barreiras
que impedem mulheres de se integrarem no mercado de trabalho, numa tentativa de
se chegar a 100 milhões de novos empregos para mulheres até 2025.
O
primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, anfitrião da cúpula, disse que o
aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho pode impulsionar o
crescimento econômico em "bilhões, senão trilhões."
Mudanças
climáticas
Embora
as questões econômicas tenham sido prioridade da agenda em Brisbane, os líderes
mundiais discutiram uma série de outras questões, à margem da conferência –
entre elas, as mudanças climáticas.
No
sábado, os países do G20 declararam apoiar uma "ação forte e
eficiente" contra as mudanças climáticas e se comprometeram a trabalhar
por um acordo "legal vinculativo" na Conferência do Clima da ONU, no
próximo ano, em Paris.
Além disso, EUA e Japão anunciaram contribuições de 4,5
bilhões de dólares para o Fundo Verde da ONU.
Para
diplomatas europeus, somente o fato de as mudanças climáticas terem sido
incluídas na declaração final do encontro, apesar da resistência da Arábia
Saudita e da Austrália, já pode ser considerado um sucesso. Recentemente,
Camberra aboliu um imposto sobre emissões de carbono, atraindo críticas de
ativistas do clima. Joe Hockey, secretário australiano do Tesouro, afirmou que
o fórum adequado para discutir tais questões seriam as Nações Unidas, e não o
G20.
Putin
sob pressão
A
atual crise na Ucrânia, marcada por conflitos entre separatistas pró-Rússia e
tropas do governo ucraniano, dominou a maior parte das discussões do encontro –
com o presidente russo, Vladimir Putin, sob forte pressão dos governos
ocidentais, que o acusam de corresponsabilidade na crise.
Putin
também enfrentou maciça condenação internacional pela anexação da Península da
Crimeia e também pela derrubada do avião de passageiros da Malaysia Airlines,
em julho último. Para os países ocidentais, o incidente teria sido supostamente
causado por rebeldes pró-russos usando artilharia proveniente de Moscou.
O
presidente russo foi o primeiro a deixar o encontro, partindo antes que seus
colegas anunciassem o plano econômico. Em coletiva de imprensa em Brisbane,
Putin declarou que apesar de "diferentes pontos de vista", as
conversas no encontro foam "completas, construtivas e bastante
úteis."
No
sábado, Putin encontrou-se com outros líderes dos Brics (Brasil, Índia, China e
África do Sul) e, à noite, conversou por mais de três horas com a chanceler
federal alemã, Angela Merkel. O teor da conversa não foi revelado oficialmente,
mas tudo levar a crer que girou em torno da crise na Ucrânia.
O
próximo encontro de cúpula do G20 irá se realizar nos dias 15 e 16 de novembro
de 2015 em Antalya, no sul da Turquia, país que assume agora a presidência
rotativa do grupo.
Deutsche
Welle - CA/dpa/lusa/abr/rtr/afp
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