A
24.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana decorre esta
sexta-feira e sábado (30+31.01) em Addis Abeba. A criação de uma força regional para
combater o Boko Haram é um dos temas do encontro.
O
grupo radical islamista Boko Haram ameaça a segurança e o desenvolvimento de
toda a África e por isso o continente deve adotar “uma resposta coletiva e
decisiva”, disse esta sexta-feira (30.01) Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da
Comissão da União Africana, em
Addis Abeba , na cimeira dos chefes de Estado da organização
panafricana.
Dlamini-Zuma
lembra que “no início o Boko Haram parecia ser apenas um grupo muito bem
localizado", mas que atualmente ganhou outra forma: "Mas agora vemos
que o grupo alargou a sua área de ação para a África Central e Ocidental. Pelo
facto devemos prosseguir juntos no combate contra esta ameaça, porque caso não
seja travado, o Boko Haram será um perigo para todos os nossos países”.
Na
noite de quinta-feira (29.01), o Conselho de Paz e Segurança da União Africana
(UA), lançou um apelo para a criação de uma força militar regional composta por
7.500 homens para combater os islamistas radicais do Boko Haram, cujos avanços
na Nigéria e as incursões nos Camarões, nomeadamente, preocupam os países
vizinhos.
A
Nigéria, os Camarões, o Niger, o Tchade e o Benin já tinham acordado nos finais
do ano passado, criar uma força de 3 mil homens, que ainda não está operacional
devidio a querelas entre Abuja e os seus vizinhos.
Mugabe
na presidência da UA
Entretanto,
a cimeira, que tem lugar esta sexta-feira (30.01) e sábado (31.01), designou
para a presidência rotativa da União Africana o Presidente do Zimbabué, Robert
Mugabe, um autocrata de quase 91 anos de idade, no poder desde a independencia
do seu país em 1980. Mugabe substitui no cargo o seu homólogo mauritaniano
Mohamed Ould Abdel Aziz.
Segundo alguns analistas, a nomeação de Mugabe para a presidência da UA suscitou um certo embaraço nas fileiras da organização pan-africana. Eles consideraram que a escolha representa um mau sinal enviado pela organização sobre os valores da democracia e governação que pretende defender e pode prejudicar a sua imagem.
Aliás na abertura da Cimeira da UA, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou aos dirigentes africanos para "não se prenderem ao poder". Ban Ki-moon disse ainda que os dirigentes modernos não podem permitir-se ignorar os desejos e aspirações dos que representam.
Segundo alguns analistas, a nomeação de Mugabe para a presidência da UA suscitou um certo embaraço nas fileiras da organização pan-africana. Eles consideraram que a escolha representa um mau sinal enviado pela organização sobre os valores da democracia e governação que pretende defender e pode prejudicar a sua imagem.
Aliás na abertura da Cimeira da UA, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou aos dirigentes africanos para "não se prenderem ao poder". Ban Ki-moon disse ainda que os dirigentes modernos não podem permitir-se ignorar os desejos e aspirações dos que representam.
Mais
à frente na sua intervenção", Ban considerou o Boko Haram como uma ameaça
para a região e mesmo internacional, tendo acrescentado que "o terrorismo
não conhece fronteiras. Está em todo o lado... em muitos países africanos, no
Corno de África e na Zona do Sahel... Em todo o lado", sublinhou.
Boko
Haram em cima da mesa, mas Goodluck Jonathan ausente da cimeira
Entretanto,
o Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, por estar em campanha eleitoral no
país não está presente nesta cimeira, embora o combate ao grupo radical Boko
Haram seja um dos principais temas em discussão.
Na
verdade, enquanto em Addis-Abeba os discursos se sucedem e os participantes na
cimeira se mostram preocupados com os ataques do Boko Haram, na Nigéria
Goodluck Jonathan nos seus discursos de campanha insiste em manifestar a
certeza na vitória contra os islamistas radicais, como fez num comício em Yola,
no leste do país: ”As nossas destemidas forças recapturaram várias cidades e em
breve teremos sob controle todo o país."
Para os analistas, o exército da Nigéria está muito mal equipado e treinado, enquanto no seu seio a corrupção é elevada. Esse quadro dificulta grandemente as ações do exército nigeriano no combate ao Boko Haram notam os especialistas.
Para os analistas, o exército da Nigéria está muito mal equipado e treinado, enquanto no seu seio a corrupção é elevada. Esse quadro dificulta grandemente as ações do exército nigeriano no combate ao Boko Haram notam os especialistas.
E
apesar de todas mensagens de sucesso do Presidente Jonathan e dos seus
generais, desde a criação do Boko Haram, no início de 2000, os islamistas
espalharam-se não só pelo nordeste da Nigéria, onde terrorizam as populações,
mas também realizam ataques contra o exército e a polícia.
Recorde-se que essa insurreição já provocou mais de 13 mil mortos desde 2013 e fez mais de um milhão de refugiados, que atualmente se encontram nos Camarões, no Niger e no Tchade.
Recorde-se que essa insurreição já provocou mais de 13 mil mortos desde 2013 e fez mais de um milhão de refugiados, que atualmente se encontram nos Camarões, no Niger e no Tchade.
Aval
do Conselho de Segurança da ONU
A
comunidade internacional já anunciou que está pronta para ajudar
financeiramente no combate ao Boko Haram. Mas a forma como essa ajuda será
feita está ainda em aberto e será uma das questões a ser resolvidas nestes dois
dias de trabalho da cimeira da UA.
Solomon Abu Dersso, do Instituto de estudos de Segurança em Adis-Abeba, em entrevista à DW repisa que ”é exatamente uma das questões a ser resolvida e a outra tem a ver com a autorização e a criação de uma força regional com um mandato da Comissão de Paz da UA e do Conselho de Segurança da ONU.
Solomon Abu Dersso, do Instituto de estudos de Segurança em Adis-Abeba, em entrevista à DW repisa que ”é exatamente uma das questões a ser resolvida e a outra tem a ver com a autorização e a criação de uma força regional com um mandato da Comissão de Paz da UA e do Conselho de Segurança da ONU.
Dersso
também apoia a ideia de uma força regional: "E esperemos que a questão
seja submetida ao Conselho de Segurança para autorizar a sua implementação”.
Para o analista, os Estados devem concordar em submeter a questão ao Conselho de Segurança da ONU porque se trata de "uma das exigencias mais prementes para o continente, particularmente por ser uma resposta concreta a ameaças terroristas que estão a acontecer na Nigéria, no Mali e assim por diante”, conclui.
Para o analista, os Estados devem concordar em submeter a questão ao Conselho de Segurança da ONU porque se trata de "uma das exigencias mais prementes para o continente, particularmente por ser uma resposta concreta a ameaças terroristas que estão a acontecer na Nigéria, no Mali e assim por diante”, conclui.
Outros
assuntos em discussão
A
reunião é subordinada ao lema "2015: Ano da Capacitação e Desenvolvimento
da Mulher Rumo à Agenda 2063 de África" e enquadra-se nas celebrações de
cinco anos da vigência da Década da Mulher Africana proclamada em janeiro de
2009.
O
surto do ébola na África Ocidental, a situação de segurança no continente
africano, particularmente no Burkina Faso, Líbia, República Centro Africana,
Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Somália, as mudanças climáticas
e fontes alternativas de financiamento da União Africana são outros temas em
agenda durante este encontro de alto nível.
Peter
Hille / António Rocha / Reuters / AFP – Deutsche Welle
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