Macau,
China, 13 jun (Lusa) -- O ex-administrador do hospital público de Macau que, na
semana passada, foi condenado no território por burla, foi agora afastado do
seu cargo em Portugal, onde trabalhava para Administração Central do Sistema de
Saúde.
A
saída de Rui Sá, que no último ano e meio liderava o Grupo de Trabalho de
Combate às Irregularidades Praticadas nas Áreas do Medicamento e dos Meios
Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, foi avançada pela Rádio Renascença
(RR).
Rui
Sá foi condenado, em Macau, a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa,
por burla através de receitas falsas, no valor equivalente a cerca de 16 mil
euros.
À
data dos acontecimentos - entre maio de 2011 e abril de 2012 - era
administrador-geral no Centro Hospitalar Conde de São Januário, e obteve,
segundo a sentença do Tribunal Judicial de Base, citada pelo jornal local Ponto
Final, "fármacos avaliados em quase 139 mil patacas [15.686 euros],
conseguidos através de 70 consultas, divididas entre dois pacientes e distribuídas
por dois médicos em menos de um ano".
O
tribunal entendeu, no entanto, que os médicos, Rui Furtado, presidente da
Associação de Médicos de Língua Portuguesa, e António Martins, "foram
enganados" por Rui Sá.
O
levantamento dos medicamentos - a maioria para o tratamento de insónias,
Alzheimer e doenças do foro mental - foi feito em nome de duas pessoas que
garantiram em tribunal que "nunca foram a estes médicos nem pediram ao
arguido ou a alguém para lhes arranjar medicamentos, nem nunca os tomaram".
O
tribunal considerou que Rui Sá "levou o hospital a acreditar" que
estas duas pessoas "eram pacientes com doenças crónicas" e
"pedia aos dois médicos para prescreverem medicamentos como se fossem para
estes".
O
caso foi denunciado pela Divisão de Farmácia Hospitalar, desencadeando um
processo interno em maio de 2012 que levou ao despedimento de Rui Sá por justa
causa.
Após
abandonar Macau, Rui Sá regressou a Portugal e passou a representar a
Administração Central do Sistema de Saúde num grupo que tinha como objectivo
estudar o combate a esse tipo de fraudes, cargo para o qual foi convidado.
A
RR questionou o Ministério da Saúde sobre esta situação e, na sequência disso,
a entidade, que a rádio diz ter sido "apanhada de surpresa",
"decidiu afastar Rui Sá", o que terá acontecido na quinta-feira.
Tanto
o Ministério como a Administração Central do Sistema de Saúde consideram
"inadmissível, ou até bizarro", nas palavras de uma fonte contactada
pela RR, "que Rui Sá pudesse estar envolvido na prevenção exatamente dos
mesmos crimes pelos quais acaba de ser condenado".
ISG//
PJA
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