Cabo
Verde, enquanto país de rendimento médio, enfrenta desafios "muito
particulares" associados ao acesso "reduzido ao apoio internacional,
merecendo tratamento especial e diferenciado, reconhece-se na declaração final
de uma conferência sobre Pequenos Estados Insulares.
Na
"Declaração da Praia", onde decorreu terça e quarta-feira a
Conferência de Alto Nível sobre as ODS em Pequenos Estados
Insulares em Desenvolvimento (PEID) de Rendimento Médio, é
manifestada a esperança de que, em julho, na 3.ª Reunião Internacional sobre
Financiamento para o Desenvolvimento, esse seja o tratamento dado a Cabo Verde
e a países arquipelágicos em idênticas circunstâncias.
"Os PEID que se graduaram da categoria de países menos desenvolvidos, como Cabo Verde, enfrentam um conjunto de desafios muito particulares, associados ao acesso reduzido a uma vasta gama de medidas de apoio internacional, e merecem acesso preferencial ao mercado, tratamento especial e diferenciado no âmbito da OMC e financiamento concessional, e muitos outros", lê-se no documento.
"Espera-se
que, na reunião, se venha a reconhecer os desafios específicos enfrentados
pelos PEID de rendimento médio e se avance com compromissos firmes para
fortalecer as parcerias globais e garantir que estes países tenham os meios
necessários para executar a agenda de desenvolvimento pós-2015",
acrescenta-se.
Coorganizado
pelo Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde e pelo Governo cabo-verdiano, a
conferência contou com representantes das Comores, Maurícias e Seychelles, bem
como um responsável da Comissão da ONU para os PEID.
Defendendo
um diálogo "mais sistemático" entre os PEID africanos, os
participantes na conferência recomendaram garantias de convergência na
apropriação e integração nas políticas nacionais dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentáveis (ODS, que dão sequência aos do Milénio, que
terminam este ano).
"A
agenda de desenvolvimento pós-2015 deriva de uma negociação intergovernamental
sem precedentes, que já dura cerca de dois anos, envolvendo parlamentos,
organizações da sociedade civil, o setor privado e cidadãos de uma forma direta
em todo o processo", referem os participantes.
Para
que haja uma "efetiva monitorização" dos ODS serão necessários
recursos financeiros para assegurar o cumprimento da respetiva agenda, que
prevê investimentos para construir a capacidade dos sistemas estatísticos
nacionais nos PEID africanos.
Terça-feira,
na abertura da conferência, o primeiro-ministro cabo-verdiano destacou que os
múltiplos constrangimentos ao desenvolvimento dos PEID só poderão ser
ultrapassados com mecanismos inovadores de financiamento diferenciado e com
critérios específicos.
José
Maria Neves deu como exemplo a dimensão do território e da população e as
vulnerabilidades de arquipélagos como Cabo Verde, com escassez de água, sujeito
à seca, desertificação e outros fenómenos naturais e com custos elevados de
transportes, de energia e de infraestruturação.
O
grande desafio dos PEID, sustentou, são as mudanças climáticas, que terão um
"impacto enorme" nos arquipélagos, caso se confirme a elevação do
nível das águas do mar e a acidificação dos oceanos, por exemplo, e a
problemática da exploração e preservação dos mares e oceanos, que são recursos
fundamentais.
Cabo
Verde tornou-se país de rendimento médio em 2008, mas de renda baixa, tendo
terminado em 2013 os cinco anos de processo de transição, obrigando o país a
recorrer ao mercado internacional em condições idênticas aos dos desenvolvidos.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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