Moçambique
vive “o início de uma era importante”. O processo político dá sinais de maior
maturidades e as perspetivas económicas são as melhores desde a independência.
Mas, alerta um estudo da Chatham House, o dinheiro traz o potencial de
conflitos e, a nível político, o país está exporto a “surtos graves de
violência”.
Sob
o título “Moçambique até 2018: Gerentes, Mediadores e Magnates”, o estudo faz
uma antevisão do que podem ser os próximos 3 anos em Moçambique. Surge
numa altura em que se perspetivam grandes mudanças a nível económico, com o
aumento das exportações de carvão, que em breve deverá substituir o alumínio
como principal produto para venda ao estrangeiro, e a chegada da indústria do
gás natural, a par de projetos agroindustriais.
Mas
estes desenvolvimentos, referem os autores, trazem “desafios às comunidades
locais e têm todos o potencial de criar conflitos sérios resultantes do
descontentamento das populações”. Os investimentos não estão na fase de gerar
receitas fiscais para o Estado ou empregos suficientes, alertam.
Além
disso, “muitos dos indicadores chave de pobreza em Moçambique estagnaram em
grande parte durante a última década", e estradas, telecomunicações,
caminhos de ferro e electricidade são "inadquadas para acompanhar as
necessidades dos investidores, e muito menos o crescimento populacional”.
Além
da falta de recursos para investir em infraestruturas, o país debate-se com a
“explosão juvenil” e uma economia incapaz de gerar empregos para a quantidade
de jovens que entram no mercado de trabalho. “Se a juventude não conseguir
emprego, quaisquer ganhos reais na redução da pobreza persistente de Moçambique
serão perdidos”, afirmam.
Assinado
por Alex Vines, Henry Thompson, Soren Kirk Jensen e Elisabete Azevedo-Harman o
estudo alerta para que “existe uma agitação persistente ligada a questões
sociais, que resulta em protestos e surtos de violência centrados nos preços de
alimentos ou reivindicações sobre terras”. Isto, além de potencial de
confrontos entre Frelimo e Renamo.
A
nível político, os conflitos entre Abril 2013 e Julho de 2014 demonstraram a
capacidade militar da RENAMO, pelo que “o país está também sujeito a surtos
graves de violência”.
Os
autores deixam um conjunto de recomendações às autoridades moçambicanas,
centrais e locais, que passam por um melhor acompanhamento dos processos de
instalação de investidores em terras habitadas, desenvolvimento de competências
nacionais para substituir mão-de-obra internacional e formação de uma
associação de produtores independentes do sector de hidrocarbonetos.
A
nível político, é incentivada a revisão da actual legislação eleitoral no
sentido de fornecer um sistema claro de reclamações e recursos e o
estabelecimento de um sistema nacional de pensões mais acessível e eficiente
para veteranos.
A
atual situação política é vista pelos analistas como “em maturação”. A FRELIMO
desmonstra “empenho evidente em apoiar o recém-eleito chefe de estado Filipe
Nyusi, o qual – após uma luta inicial com o seu antecessor – está aparentemente
muito empenhado em estabelecer um estilo diferente de diálogo entre os seus
adversários”.
África Monitor, análise
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