Definir
a nova visão da CPLP exige "concertação" e o reconhecimento de que os
objetivos devem ser definidos "à dimensão dos Estados" e tendo em
conta o atual momento financeiro, disse o ministro das Relações Exteriores
angolano.
"Alguns
aspetos podem ser importantes, como a posição dos empresários da CPLP que podem
ser importantes em termos do desenvolvimento. Mas é necessária uma concordância
entre todos os Estados", disse Georges Chikoti em entrevista à Lusa.
"Isso
implica alterações dos estatutos e mais contribuições. Muitos de nós já
pertencemos a outras organizações e é necessário que sejamos todos comedidos,
especialmente num período em que muitos dos nossos países atravessam uma certa
crise em termos financeiros", afirmou.
Georges
Chikoti falava à Lusa em Díli, á margem da XX reunião do Conselho de Ministros
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre hoje e onde
participam os chefes da diplomacia dos nove ou seus representantes.
A
agenda de trabalhos é dominada pela definição da "nova visão" da
CPLP, postura que deverá ser 'vertida' num documento a debater mais amplamente
na cimeira de chefes de Estado e de Governo de 2016, que marcará o arranque da
presidência brasileira pro tempore da organização (atualmente em Díli).
Considerando
"possível" essa nova visão, Chikoti insistiu que é necessário
"uma boa concertação, um documento bem elaborado" já que pode haver
impactos nos próprios estatutos da organização.
"É
necessário que tudo o que vamos fazer seja à dimensão dos Estados e não possa
ferir muito. Compreendemos que há muitas coisas que as pessoas querem fazer.
Naturalmente tudo não pode ser feito. Nenhuma organização de governos pode
fazer com uma agenda tão pesada e com muitas coisas", afirmou.
"Há
mais cooperação entre os vários setores. Está-se a olhar para a maior
cooperação empresarial e talvez no setor dos petróleos possamos fazer mais
alguma coisa mas é necessário deixar essa questão para que as empresas possam
coordenar-se", afirmou.
Sobre
temas concretos como a proposta timorense para um consórcio entre as empresas
estatais de hidrocarbonetos, Chikoti considera que "alguma cooperação pode
ser bem-vinda", aproveitando em particular as experiências de países como
Angola, Brasil e Portugal.
"Sobre
outros aspetos, precisamos de uma melhor coordenação. Estamos em diferentes
graus de desenvolvimento económico e social com problemas também muito
diferentes. É necessário que tudo o que queremos fazer seja à dimensão do que
podemos fazer e não apenas um grande sonho que não podermos realizar",
afirmou.
Já
sobre a mobilidade ou "liberalização da circulação", Chikoti disse
que este é um assunto "mais delicado" dependendo das políticas
nacionais de cada país e do eventual "peso" que pode vir a ter em
apenas alguns países.
"A
maior parte das pessoas deveria imigrar para um ou dois ou três países e não
para os oito. E é bom que não seja um peso para os países que vão ter que
receber mais gente, se tivermos um sistema de visto liberalizado e geral. São
estes receios que a comunidade poderá ter", afirmou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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