A
Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, revelou a ocorrência de novos
confrontos com o exército desde a manhã de hoje na província de Tete, centro do
país, e a fuga de populações para o vizinho Malaui.
O
porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) disse à Lusa que as
posições do braço armado da força política começaram a ser atacadas desde as
10:40 locais (menos uma em Portugal), na zona de Ndande, posto administrativo
de Zobué, no distrito de Moatize, e que, até ao início da tarde, os confrontos
ainda não tinham cessado.
Segundo
António Muchanga, as forças governamentais procuravam atacar uma base da Renamo
naquela região, mas foram repelidas e "fugiram em debandada", não
havendo informações sobre baixas.
A
mesma fonte afirmou que as tropas do Governo usaram armamento pesado e
atingiram casas de civis e que as populações residentes naquela zona
fronteiriça fugiram para o vizinho Malaui.
O
Ministério da Defesa remeteu esclarecimentos para as autoridades policiais de
Tete, que a Lusa tentou ouvir mas ainda sem sucesso.
Aquela
zona de Tete, centro de Moçambique, tem sido palco de confrontos entre Governo
e o braço armado do maior partido de oposição, que conserva no local uma das
suas bases militares mais importantes.
Há
um mês, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, admitiu ter autorizado uma
emboscada às forças de defesa e segurança moçambicanas para evitar uma nova
movimentação das suas tropas e pediu uma comissão de inquérito parlamentar.
Em
declarações à Lusa, Dhlakama disse que a emboscada ocorreu a 14 de junho, a
três quilómetros da base de Mucombeze (Moatize), que reagrupava o braço militar
do partido, e avançou que dos confrontos resultaram 45 mortos do lado das
forças de defesa e segurança e nenhum do seu, contrariando dados da polícia que
referiram apenas um morto e um ferido.
"Não
posso esconder, dei ordens", declarou Afonso Dhlakama, acrescentando que a
sua força se apercebeu da presença das tropas do Governo a quase cinco
quilómetros da base.
No
seguimento deste episódio, o chefe da delegação governamental nas conversações
de longo-prazo com a Renamo acusou o partido de oposição de violação do Acordo
de Cessação de Hostilidades, celebrado a 05 de setembro de 2014, e que terminou
17 meses de confrontações no centro do país.
A
Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e exige a
criação de autarquias provinciais em todo o país e gerir as seis regiões onde
reclama vitória eleitoral, sob ameaça de tomar o poder à força.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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