Rui
Sá* - Jornal de Notícias, opinião
O
meu professor de Métodos de Previsão dizia com piada que, para não corrermos
riscos, sempre que fizéssemos uma previsão, se prevíssemos um valor não
devíamos prever a data da ocorrência e se prevíssemos a data, então que não
avançássemos com o valor. É o que "salva" as empresas de sondagens
que, sempre que se enganam (e tem sido frequente tal acontecer...) dizem que os
valores da sondagem diziam respeito à data em que a mesma foi feita e não à
data do ato eleitoral...
De
qualquer modo, as sondagens dão tendências e uma tendência clara tem sido a de
que, em 4 de outubro, não haverá maiorias absolutas, por mais do que os
"empates técnicos" procurem fomentar o chamado "voto útil"
no PS à esquerda (já que à direita só há PaF).
Acredito
que, depois deste Governo PSD/CDS, e apesar da desavergonhada tentativa de
lavagem ao cérebro que nos procuram fazer crer que estamos melhor, algum
eleitorado se incline para votar PS para afastar o PSD e o CDS do Governo. Mas
não se iludam! Como diz Manuel Pizarro, dirigente do PS em entrevista ao
"Público", "o PS está disponível para entendimentos com
todos", dizendo, mais à frente, "o cenário do bloco central é
impossível face àquilo que é a traição da atual direção do PSD". Sublinho
"atual direção". Ou seja, com nova direção, pode ser que a coisa se
componha... Tal como aconteceu em 1983, em que o PS pediu o voto útil da
esquerda e depois se coligou com o PSD ou, em outras ocasiões em que, com o
voto de muitos eleitores de esquerda, governou de tal maneira à direita, que
até o então líder da CIP, Van Zeller, afirmou que, em matéria laboral, o PS era
melhor do que a direita!...
Mas,
eis que o presidente da República decidiu também apelar aos eleitores para
proporcionarem maiorias absolutas. Naturalmente que o problema de Cavaco não é
a estabilidade governativa. Ou será que Cavaco esqueceu que em 1985, pouco
depois da intervenção do FMI em Portugal, fez cair o Governo do Bloco Central,
dando origem a eleições antecipadas que originaram o Governo mais minoritário
de sempre, e do qual foi primeiro-ministro? Então, depois da intervenção do
FMI, "quando era necessária estabilidade governativa", foi o próprio
Cavaco a causar essa instabilidade e a aceitar liderar um governo minoritário?!
Por que não te calas, Cavaco?
Será
que Cavaco esqueceu que em 1985, pouco depois da intervenção do FMI em
Portugal, fez cair o Governo do Bloco Central, dando origem a eleições
antecipadas que originaram o Governo mais minoritário de sempre?
*Engenheiro
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