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é feito num dia em se multiplicaram as cartas abertas a José Eduardo dos Santos
a pedir a libertação dos presos políticos.
Os
activistas detidos desde 20 de Junho, acusados de organizarem um golpe de
Estado, vão a julgamento de 16 a 20 de Novembro. Walter Tondela,
advogado de 13 dos 15 jovens, confirmou ao Rede Angola que recebeu
hoje a notificação do despacho de pronúncia e a data das sessões do julgamento.
Quatro
meses depois de terem sido detidos pelas autoridades durante uma acção de
formação de intervenção cívica e política, com base no livro Da Ditadura à
Democracia, de Gene Sharp, a informação sobre a data de julgamento é dada a
conhecer numa altura em que a comunidade
internacional se manifesta diariamente contra a detenção abusiva dos
15 activistas, depois de esgotado o período de prisão preventiva prevista na
lei angolana.
Além
dos 15 detidos, também Laurinda Gouveia e Rosa Conde vão ser julgadas no mesmo
processo, embora aguardem julgamento em liberdade.
Alípio
de Freitas, padre que se tornou num símbolo da luta contra a ditadura
brasileira entre os anos 1960 e 70, divulgou hoje uma carta aberta remetida a
José Eduardo Santos onde apela ao bom senso e às memórias do passado do
presidente. “É tempo de não se deixar enredar por intrigas
palacianas, por intrigantes gananciosos, por saqueadores de todo o tipo. Quando
esse saque acabar o único responsável será o senhor. Se tiver ainda um momento
de reflexão possível recorde-se dos seus tempos de jovem quando a revolução do
seu país lhe ocupava a sua força, a sua inteligência e todas as suas
capacidades”, diz a missiva.
Também
Pilar del Rio, viúva do prémio Nobel da Literatura José Saramago e presidente
da fundação que tem o nome do escritor português, escreveu ao presidente José
Eduardo dos Santos, a pedir a libertação dos activistas: “Exmo. Sr.
Presidente da República Popular de Angola, Eng. José Eduardo dos Santos, venho
junto de si apelar para a libertação de Luaty Beirão e dos seus companheiros
detidos, porque está nas suas mãos salvar esta vida e proteger os direitos de
liberdade de opinião destes jovens e de todos os cidadãos de Angola”.
Em
greve de fome há 29 dias, Luaty Beirão é um dos 15 jovens angolanos
encarcerados há quase quatro meses e formalmente acusados, desde 16 de
setembro, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente
angolano, um crime que admite liberdade condicional até serem julgados.
Numa
outra carta aberta, o músico de intervenção português Luís Cília escreveu que
os activistas, a serem culpados, “só se for um golpe de Estado das mentalidades
e isso é imprescindível em qualquer país que se orgulhe do seu passado de luta
contra o colonialismo”, citou a Lusa. A carta é também assinada
pelos músicos Sérgio Godinho e Manuel Freire.
O
caso dos activistas chamou a atenção da imprensa internacional, principalmente
pela greve de fome de Luaty Beirão, cujo rosto se tornou um símbolo da
resistência à opressão política em Angola. O rapper cumpre
hoje de 29 dias de greve de fome. Transferido para
a clínica Girassol, em Luanda, no dia 15 de Outubro, devido ao seu estado
de saúde, Luaty, também conhecido por Ikonoklasta, responsabiliza
o presidente José Eduardo dos Santos, pelas consequências deste protesto,
acusando-o de se imiscuir” na Justiça.
Nos
últimos dias têm surgido rumores de manifestações de violência contra outros
activistas detidos, que Walter Tondela confirmou ao RA e afirma
tratar-se de um acto bárbaro praticado pelos guardas-prisionais, no caso
específico de Albano Bingo-Bingo. De acordo com o site Maka Angola, há
nove dias que Bingo-Bingo também iniciou um protesto de greve de fome.
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