segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Angola. JULGAMENTO DOS ATIVISTAS COMEÇA A 16 DE NOVEMBRO



Anúncio é feito num dia em se multiplicaram as cartas abertas a José Eduardo dos Santos a pedir a libertação dos presos políticos.

Os activistas detidos desde 20 de Junho, acusados de organizarem um golpe de Estado, vão a julgamento de 16 a 20 de Novembro. Walter Tondela, advogado de 13 dos 15 jovens, confirmou ao Rede Angola que recebeu hoje a notificação do despacho de pronúncia e a data das sessões do julgamento.

Quatro meses depois de terem sido detidos pelas autoridades durante uma acção de formação de intervenção cívica e política, com base no livro Da Ditadura à Democracia, de Gene Sharp, a informação sobre a data de julgamento é dada a conhecer numa altura em que a comunidade internacional se manifesta diariamente contra a detenção abusiva dos 15 activistas, depois de esgotado o período de prisão preventiva prevista na lei angolana.

Além dos 15 detidos, também Laurinda Gouveia e Rosa Conde vão ser julgadas no mesmo processo, embora aguardem julgamento em liberdade.

Alípio de Freitas, padre que se tornou num símbolo da luta contra a ditadura brasileira entre os anos 1960 e 70, divulgou hoje uma carta aberta remetida a José Eduardo Santos onde apela ao bom senso e às memórias do passado do presidente. “É tempo de não se deixar enredar por intrigas palacianas, por intrigantes gananciosos, por saqueadores de todo o tipo. Quando esse saque acabar o único responsável será o senhor. Se tiver ainda um momento de reflexão possível recorde-se dos seus tempos de jovem quando a revolução do seu país lhe ocupava a sua força, a sua inteligência e todas as suas capacidades”, diz a missiva.

Também Pilar del Rio, viúva do prémio Nobel da Literatura José Saramago e presidente da fundação que tem o nome do escritor português, escreveu ao presidente José Eduardo dos Santos, a pedir a libertação dos activistas: “Exmo. Sr. Presidente da República Popular de Angola, Eng. José Eduardo dos Santos, venho junto de si apelar para a libertação de Luaty Beirão e dos seus companheiros detidos, porque está nas suas mãos salvar esta vida e proteger os direitos de liberdade de opinião destes jovens e de todos os cidadãos de Angola”.

Em greve de fome há 29 dias, Luaty Beirão é um dos 15 jovens angolanos encarcerados há quase quatro meses e formalmente acusados, desde 16 de setembro, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, um crime que admite liberdade condicional até serem julgados.

Numa outra carta aberta, o músico de intervenção português Luís Cília escreveu que os activistas, a serem culpados, “só se for um golpe de Estado das mentalidades e isso é imprescindível em qualquer país que se orgulhe do seu passado de luta contra o colonialismo”, citou a Lusa. A carta é também assinada pelos músicos Sérgio Godinho e Manuel Freire.

O caso dos activistas chamou a atenção da imprensa internacional, principalmente pela greve de fome de Luaty Beirão, cujo rosto se tornou um símbolo da resistência à opressão política em Angola. O rapper cumpre hoje de 29 dias de greve de fome.  Transferido para a clínica Girassol, em Luanda, no dia 15 de Outubro, devido ao seu estado de saúde, Luaty, também conhecido por Ikonoklasta, responsabiliza o presidente José Eduardo dos Santos, pelas consequências deste protesto, acusando-o de se imiscuir” na Justiça.

Nos últimos dias têm surgido rumores de manifestações de violência contra outros activistas detidos, que Walter Tondela confirmou ao RA e afirma tratar-se de um acto bárbaro praticado pelos guardas-prisionais, no caso específico de Albano Bingo-Bingo. De acordo com o site Maka Angola, há nove dias que Bingo-Bingo também iniciou um protesto de greve de fome.

Rede Angola

Leia mais em Rede Angola

Sem comentários:

Mais lidas da semana