Não
é a primeira vez que os bispos católicos moçambicanos pedem o diálogo entre o
Governo do Presidente Nyusi e o maior partido da oposição, a Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO). E a consternação cresce.
Os
bispos católicos moçambicanos dizem ter ficado preocupados com o cerco das
forças de segurança à casa do líder do maior partido da oposição, a RENAMO, no
passado dia 9 de Outubro. Na ocasião foi desarmada a guarda pessoal de Afonso
Dhlakama.
Numa
conferência de imprensa, em 15 de outubro, o arcebispo da Beira, Dom Cláudio
Dalla Zuanna, referiu, no entanto, que há que pôr fim à proliferação de armas
no país: "Os partidos ou grupos que confiam nas armas para resolver ou
para impor a sua razão, já estão do lado daquele que vai perder. É preciso, com
certeza, fazer um trabalho, para convencer que as armas não podem estar
espalhadas no país nas mãos de qualquer cidadão".
"Dhlakama
quer dialogar"
Dom
Cláudio Dalla Zuanna foi um dos mediadores que foi à casa de Afonso Dhlakama,
durante o cerco das forças de segurança. No domingo passado (11.10), Zuanna
visitou o líder da RENAMO, tendo Dhlakama reiterado a vontade de resolver os
diferendos políticos através do diálogo.
"Foi
uma conversa tranquila. Vi um homem tranquilo. Ele continua a afirmar o seu
desejo de um diálogo, que seja um diálogo construtivo, um diálogo sobre
assuntos concretos, sobre tentar enfrentar algumas questões práticas. Isto é o
que ele afirmou", disse o arcebispo.
Carta
ao Presidente
Os
bispos católicos redigiram esta semana uma carta ao Presidente da República,
Filipe Nyusi, e ao líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, em que solicitam um
encontro entre ambas as partes, disse o arcebispo da Beira em conferência de
imprensa.
"Vimos
reafirmar a nossa inteira disponibilidade, e já esta semana o fizemos, por
escrito, dirigindo uma carta pessoalmente ao Presidente da República e ao líder
da RENAMO. Os bispos católicos aliam-se a quantos amam a paz. Para procurarmos
juntos os caminhos que nos conduzam a todos à consolidação da paz, a que
Moçambique tem direito e de que tanto precisa", anunciou.
Dom
Cláudio disse ainda aos jornalistas que a visita planeada à Beira, no sábado
(17.10), do Presidente moçambicano, será o momento ideal para as duas partes se
encontrarem no sentido de pôr um ponto final à crise política.
Arcénio
Sebastião (Beira) – Deutsche Welle
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