@Verdade
- Editorial
É
inegável a importância que a Rádio Moçambique (RM) tem na nossas vidas, para a
maioria dos moçambicanos continua a ser a única fonte de informação diária e
actual. É preciso reconhecer o bom trabalho que a RM nos tem prestado ao longo
dos 40 anos, comemorados no passado dia 2 de Outubro, não só trazendo
informação mas também educação, desporto e diversão, contudo a rádio sustentada
pelos nossos impostos não tem sido rigorosa e objectiva particularmente quando
os assuntos são relativos ao Governo e ao partido Frelimo.
Pior
do que ignorar assuntos de interesse público, como a Rádio estatal fez quando o
povo saiu às ruas de Maputo e da Matola em Fevereiro de 2008 e depois em 2010,
tem sido a primazia e o espaço concedido a assuntos do partido no poder por isso
não é de estranhar que o presidente do partido Frelimo, e Presidente de
Moçambique, diga que "o serviço público de comunicação não pode deixar-se
distrair com a concorrência pouco patriótica".
O
patriotismo a que Filipe Nyusi se refere deve ser a cobertura claramente
favorável ao seu partido que tem sido feita pela única rádio com cobertura,
cada vez mais, nacional desde que há eleições em Moçambique.
A
primazia à propaganda do partido Frelimo chegou ao extremo de, em Abril de
2008, a RM (e também a Televisão de Moçambique), interromperem a transmissão em
directo de um informe do Procurador-Geral da República na casa do povo para
reportarem a reunião dos antigos combatentes do partido dos camaradas.
Por
isso é questionável o “papel unificador do povo moçambicano”, que o Chefe de
Estado diz que a Rádio Moçambique tem, quando nos recordamos da forma como
reportou o recente cerco e invasão à residência do líder do maior partido da
oposição em Moçambique.
Também
não é verdade que a antena nacional seja “palco privilegiado da luta política e
democrática”. Quando horas de programas de debates, análises e comentários
foram radiodifundidos com a presença de convidados apenas do partido Frelimo ou
simplesmente alargados à oposição que se auto-intitula construtiva, mas todos
sabemos ser vassalos do partido que nos governa desde 1975?
O
desafio que fica para o futuro imediato é que o serviço público de rádio
traga-nos informação com zelo, profissionalismo e, acima de tudo,
imparcialidade, caso contrário que nos inibam de pagar a taxa de rádio e nem
usem os fundos do Orçamento do Estado, que sejam os membros do partido Frelimo
a custear a Rádio Moçambique.
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