segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Professores da Guiné-Bissau anunciam greve no arranque do ano letivo. Inoportuna, considera governo



Uma parte dos professores das escolas públicas da Guiné-Bissau iniciou hoje uma greve geral de 30 dias para reivindicar do Governo o pagamento de salários e subsídios em atraso, bem como outras melhorias laborais.

A greve foi convocada pelo Sindicato Democrático dos Professores (Sindeprof), mas é contestada pelo Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), que considera a paralisação inoportuna, uma vez que um novo Governo acabou de entrar em funções.

"Não estamos de acordo com uma greve de professores neste momento. O Governo tomou posse no dia 13 e no dia a seguir é confrontado com um pré-aviso de greve. Não podemos compactuar com isso", disse à Lusa Luís Nancassa, presidente do Sinaprof, cujos associados, afirma, não observam a paralisação laboral.

A Lusa constatou que várias escolas públicas de Bissau funcionaram normalmente no período da manhã desta segunda-feira, dia em que o novo ano letivo arrancou na Guiné-Bissau.

Para Laureano Pereira, presidente do Sindeprof "faz todo sentido" fazer greve geral de 30 dias para exigir do Governo o cumprimento de sete pontos de um memorando rubricado com o seu sindicato em junho - quando ainda estava em funções o executivo liderado por Domingos Simões Pereira, entretanto demitido pelo Presidente da República.

Dos sete pontos, disse Laureano Pereira, "nenhum foi cumprido", pelo que a única forma de protesto é a greve geral, sublinhou.

"Não podemos ter uma lei que está a ser violada. O Governo diz que não tem mil francos CFA (um euro e meio) para pagar aos professores mas [cada membro do executivo] recebe, como subsídio de representação, três milhões" de francos CFA (4.600 euros), acusou.

Os mil francos de que fala o líder do Sindeprof são relativos ao subsídio de diuturnidade (anos de serviços) que o Governo se comprometeu a pagar a cada professor.

Além daquele subsídio, o sindicato também reivindica a aplicação do estatuto da carreira docente - uma lei que diz ter sido aprovada em 2011.

O sindicato exige ainda a requalificação e ingresso no quadro de efetivos de vários professores.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Governo da Guiné-Bissau considera "inoportuna" greve dos professores

O porta-voz do Governo da Guiné-Bissau, Malal Sané, disse a jornalistas que o executivo considera "inoportuna" a greve geral de 30 dias decretada por um dos sindicatos de professores do país.

No final da primeira reunião do Conselho de Ministros do novo Governo, Malal Sané disse que a greve geral decretada pelo Sindicato Democrático dos Professores (Sindeprof) foi um dos temas debatidos no encontro.

De acordo com o porta-voz, a greve "foi equacionada num mau momento", na medida em que "boa parte" dos salários e subsídios em reivindicação pelo sindicato já foi paga pelo Governo anterior.

"O Governo anterior (demitido a 12 de agosto) encontrou uma dívida de cerca de 1,2 mil milhões de francos CFA (1,8 milhões de euros) no sector da Educação. Neste momento, o que está em causa são cerca de 328 milhões de francos CFA (500 mil euros). O resto já foi liquidado", afirmou Malal Sané.

O também ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares indicou que o novo Governo, em funções desde terça-feira, se prepara para levar ao Parlamento o seu plano de ação, bem como a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2016.

Malal Sané lembrou que a lei dá ao executivo até 60 dias para apresentar os dois documentos ao Parlamento.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana