Quase
um milhão de crianças na África Oriental e Austral sofre de "desnutrição
aguda grave" depois de dois anos de seca, alertou hoje o Fundo das Nações
Unidas para a Infância, UNICEF.
As
crianças das regiões leste e sul do continente enfrentam uma situação de falta
de alimentos e de água, agravada pelo aumento dos preços, que força as famílias
a saltarem refeições e a venderem os bens que têm para adquirir alimentos.
A
"desnutrição aguda grave" é definida como fome extrema e é a
principal causa de morte das crianças até aos 5 anos no mundo, segundo a
UNICEF.
Angola
é um dos países que suscitam a preocupação da ONU, com cerca de 1,4 milhões de
pessoas afetadas por condições meteorológicas extremas e cerca de 800.000 a
necessitar de ajuda alimentar, a maioria nas províncias mais áridas do sul do
país.
A
agência da ONU apelou hoje para fundos humanitários de emergência para sete
países, sendo os principais de 78 milhões de euros para a Etiópia, 23,3 milhões
para Angola e 13,4 milhões para a Somália.
"O
fenómeno meteorológico El Niño vai diminuir, mas o custo para as crianças --
muitas das quais já lutavam pela sobrevivência -- será sentido durante
anos", disse a diretora regional da UNICEF, Leila Gharagozloo-Pakkala,
citada pela agência France Presse.
"Os
governos respondem com os recursos disponíveis, mas esta é uma situação sem
precedente. A sobrevivência das crianças depende de ações a tomar hoje",
acrescentou.
Lesoto,
Zimbabué e a maior parte da África do Sul declararam emergência de seca.
Na
Etiópia, o número de pessoas a precisar de ajuda alimentar deve aumentar este
ano de 10 milhões para 18 milhões, e no Malaui a situação é a mais grave dos
últimos nove anos, com 2,8 milhões de pessoas, mais de 15% da população, em
risco de desnutrição aguda grave.
"As
estatísticas são impressionantes", disse Megan Gilgan, consultora da
UNICEF. "A situação deve agravar-se ao longo deste ano e em 2017".
O
Programa Alimentar Mundial (PAM) já tinha alertado em janeiro que 14 milhões de
pessoas podem ficar sem comida suficiente este ano na África Austral.
MDR
// JMR - Lusa
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