Desde
Junho de 2015 e ao fim de vários meses de debates, idas ao Tribunal, prisões
preventivas e domiciliárias, greves de fome, assistências hospitalares não
devidamente concedidas, os 17 jovens «revus» foram condenados a penas que
vão dos 2 aos 8 anos e seis meses.
Domingos
Cruz, considerado pelo Ministério Público o líder do movimento e o rapper Luaty
Beirão foram os que tiveram penas mais elevadas. Cruz condenado a 8 anos e seis
meses e Luaty a 5 anos e seis meses. Os restantes entre 2 e 3 anos.
Como
em tudo na vida haverão os que consideram ter havido e sido feita Justiça e bem
condenados; enquanto outros, talvez uma parte bem significativa face ao que se
tem lido em páginas sociais e dentro dos vários quadrantes políticos que vão do
MPLA a pessoas que se não se identificam politicamente, consideram que este
processo estava inquinado desde o início e que nunca deveria ter ido até ao
fim.
Foram
vários os factos e desfactos ocorridos durante o processo; ao ponto de na
véspera da leitura do acórdão ter sido incluído mais um facto desconhecido de
todos os participantes (réus e advogados).
Como
se admitia, a condenação aconteceu. De acordo com o portal Rede Angola as penas foram as que segue:
-
Domingos da Cruz cumprirá 8 anos e seis meses de pena, foi condenado
também enquanto líder de associação criminosa;
-
Luaty Beirão cumprirá cinco anos e seis meses, também responde por
falsificação de documentos;
-
Nuno Dala, Sedrick de Carvalho, Nito Alves, Inocêncio de Brito, Laurinda
Gouveia, Fernando António Tomás “Nicola”, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, Osvaldo
Caholo, Arante Kivuvu, Albano Evaristo Bingo -Bingo, Nelson Dibango, Hitler
Jessy Chivonde e José Gomes Hataforam condenados 4 anos e seis meses de prisão;
-
Os dois jovens que se encontravam a aguardar julgamento em liberdade, Rosa
Conde e Jeremias Benedito foram condenados a 2 anos e 3 meses de
prisão
-
Também uma pessoa que tinha sido detida por desacatos no Tribunal e que não
consta no processo, Francisco Mapanda, conhecido por “Dago”, está a
ser sumariamente julgado por ter gritado em tribunal que o julgamento “é uma
palhaçada”.
Como
era de esperar, e até já tido sido dito previamente, a Defesa vai recorrer das sentenças.
O estranho, ou talvez não, é que também o Ministério Público o vá fazer.
Entretanto
recordemos dois activistas detidos e condenados a penas de prisão em
Cabinda, José Marcos Mavungo e o advogado Arão Bula Tempo.
Recorde-se que um organismo da ONU já solicitou a libertação imediata de
Mavungo por considerar como “prisão arbitrária”.
Sejamos
honestos, é difícil, senão problemático, aceitar a ideia de que os
activistas angolanos representavam – ou representam – uma ameaça objectiva ao
Estado angolano. Actos e acórdãos como estes só dão força aos que
consideram que o regime político que está no País não conhece devidamente o que
é democracia e, por esse facto, não mais é que um regime musculado.
Vamos
aguardar os recursos e, o que por certo irá acontecer, o recurso final ao
Tribunal Constitucional.
Como
vamos, também, aguardar o que governantes e ex-governantes portugueses dirão
deste processo onde parece haver uma sobreposição de factos jurídicos com
posições políticas.
Até
lá pode ser que haja uma amnistia…
*Eugénio Costa Almeida – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em
Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo
Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos
de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
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