Expresso
Curto com Angola por título e por desgraça dos angolanos. Antes, na lavra PG,
não nos calaremos!
Angola
é assunto do dia, da semana, do mês… desde há anos. Regime de esquerda que pé ante
pé abraça o fascismo da modernidade e o roubo do que pertence a todos os
angolanos, incluindo a liberdade, a solidariedade, a igualdade, a
transparência, a justiça, a democracia de facto.
Feios, porcos e maus. O
termo já é corriqueiro mas é o apropriado para definir o saco de boxe (com
razões de sobra) que representa Angola. Melhor dito: o regime ajavardado que se
apropriou de Angola, presidido por um dos que combateram pela liberdade do país
do regime colonial português apossado por um caquético mas maldoso fascista
convencido de que ele era o melhor para Portugal, ele e a sua camarilha da
União Nacional. Vai na volta deparamos com José Eduardo dos Santos a fazer o
mesmo que esse colonial-fascista, Salazar. Ele e o seu regime reinventaram o
Tribunal Plenário de Lisboa (em Angola) dos tempos da ditadura em Portugal. Na
modernidade bacoca que vai dar nos mesmos tempos idos. Salazar contava para
isso com juízes sem coluna vertebral, uns sebentos servidores do regime. O
regime de Eduardo dos Santos conta também com servidores iguaizinhos, uns
javardos pusilânimes que vestem toga para exercerem a repressão sobre aqueles
cujo único “crime” é discordarem do regime que rouba os angolanos, que os
reprime, que os engana nestes tempos como nos tempos anteriores o salazarismo
colonialista o fez.
E
é isto que espanta quem apostava em Angola e no MPLA. É isto que espanta quem
considerava o MPLA um lutador pela independência, pela liberdade, pela justiça,
pela igualdade dos cidadãos angolanos, pela democracia de facto e sem peias.
Por esse espanto, que é uma enorme desilusão, esvai-se a tolerância, esvai-se a
interpretação de que os opositores do regime angolano exageram e mais não
representam que agentes do grande capital, da CIA, e de todos dessa espécie que
contém nas ilhargas. Eles estão lá, é certo. Mas tem sido o regime déspota e
ladrão de José Eduardo dos Santos e do MPLA que lhes franqueou e franqueia a
entrada e a permanência. E as ações que despejam desde o exterior do país até
às matas e sítios mais recônditos de Angola. Esses florescem com as injustiças
praticadas pelo regime do ditador a quem abreviadamente definem por JES –
iniciais do nome de um ex-elemento libertador de Angola que se travestiu de
opressor e monstro-mor de uma ditadura mascarada de democracia, que calça
aparentemente pantufas que afinal são botas cardadas destinadas a pisar e
repisar os angolanos. A uns pela miséria proporcionada e a outros pela opressão
e prisão dos contestatários que intelectual e pacificamente se manifestam. Tem
sido isso que vimos, tem sido isso que tem vitimado os angolanos. Tem sido isso
que tem sido mandado executar aos juízes angolanos que personificam o Tribunal
Plenário de Salazar que o regime angolano adaptou aos tempos atuais. E assim,
dali, daquele Tribunal Plenário as injustiças soam estrondantes pelo mundo
fora, retirando a máscara a um odioso ditador corrupto (assim o acusam e assim
enriquece a sua família e servidores amigos) encostado à sua organização, o
MPLA – também ela roubada aos angolanos. Já nada do que era característico da
ideologia da esquerda revolucionária e/ou democrática tem que ver com o regime
ditatorial e putrefacto angolano. Ao longo dos tempos tem sido esvaziado da
declaração de princípios do MPLA, as práticas dos seus proprietários assim o
testemunham. Por isso podemos antever o mal que poderá vir a cair sobre Angola,
ainda maior. A prosseguir aquele regime como até aqui nada vai sobrar do MPLA e
muito menos de JES e seus comparsas. Tal qual o fascismo em Portugal, tal qual
a União Nacional em Portugal. A solução é a purga dentro do MPLA rumo à democracia
de facto e não a que no ocidente está a vigorar (uma treta). Quanto a JES, o mostro-mor
como Salazar, vai morrer rico… Mas vai morrer, como todos os mortais. Talvez
vítima de um enorme ataque de ganância e de prepotência, os do seu séquito
corrupto e antipatrótico (quem rouba e oprime o povo não é patriota) vão
segui-lo. Isso é certo. Do que fizeram de positivo todos se esquecerão,
sobreviverá a imagem do ditador, dos déspotas e do regime que quase em quatro
décadas veio construindo, destruindo Angola e os angolanos. Certo é que os
angolanos voltarão a reconstruir o país. A força do povo é assim. Até se
manifestará reforçada depois de tão longo período de injustiça imposta.
Não
nos calaremos, por Angola! E pelos povos explorados e oprimidos que uns quantos
no mundo capturam para suas vantagens e enriquecimentos ilícitos e desumanos.
Redação
PG / MM
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Pedro
Santos Guerreiro – Expresso
Angola,
dinheiro e direitos humanos
Quando Mario
Draghi aterrar em Lisboa, para a reunião do primeiro Conselho de
Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, trará duas malas, uma cheia e outra vazia.
Uma cheia com as suas recomendações para as contas públicas, a outra que
encherá com as persuasões do Presidente da República e do governo para a banca.
Em ambas, a dupla maravilha Costa & Marcelo precisa de tempo e de apoio
político externo.
É fácil perceber que a estabilidade política depende de um programa de estabilidade que não seja uma encomenda de austeridade futura, o que desequilibraria o tripé PS, BE e PCP. É menos óbvio assumir que a mesa de negociações acionistas para a estabilidade dos bancos portugueses tem uma navalha. A Caixa precisa de capital e o Novo Banco de ser vendido, mas é sobretudo a permanência de acionistas angolanos no BCP e o desligamento dos seus ativos pelo BPI que está em causa. O BPI está a dias de um prazo que não pode acabar mal. E, depois do escândalo BES Angola e das suspeitas de lavagem de dinheiro nos Estados Unidos, o Banco Central Europeu prefere criar um cordão sanitário do que ter capitais angolanos dentro da União Europeia.
Marcelo Rebelo de Sousa prefere coser a rasgar as costuras com os angolanos. Mais por interesse do que por vocação: o interesse de não perder os seus capitais cá e o de haver dezenas de milhares de trabalhadores e de empresas portuguesas lá. No meio disto, o que pesam 17 pessoas presas ontem? Ou uma, Luaty Beirão?
O Expresso Diário fez ontem primeira página com a imagem de algemas sobre as cores de Angola, hoje o Público usa uma fotografia de Luaty fundindo-se em vermelho. Luaty tem dupla nacionalidade, é também cidadão português e só isso exige que o Estado não fique calado sobre um processo judicial e político que, nós em Portugal, temos liberdade para criticar. Mas o que está em causa é maior que um homem, é até maior que 17 homens presos, é uma questão de direitos humanos e liberdades cívicas. As condenações, até oito anos e meio, tratam ativistas contestatários do regime como golpistas consumados. O processo parece ter sido construído mais para calar a palavra incendiária em pasto incendiável, do que para julgar desordeiros contra uma ordem desigual.
“Tu até podes começar a imaginar a tua cela, como é a comida da prisão, como serão os outros presidiários…”, disse Luaty ao Observador ainda antes de ser condenado. “Não há muita maneira de uma pessoa se preparar para ir para a prisão. A gente tem de ser pragmática em relação ao regime que temos e mentalizar-nos de que vamos voltar para um buraco.”
“Este foi um processo claramente político”, afirma o escritor José Eduardo Agualusa, citado num editorial do Público, jornal que acusa o julgamento de ser uma farsa e o processo de livre-arbítrio. Os ativistas vão recorrer, escreve o DN, e ontem houve manifestações em Lisboa defendendo a causa. A Human Right Foundation até aos cantores pagos para irem a Luanda embelezar festas do regime tem pedido travão, como escreve o Hugo Franco em “O Som dos Ditadores”. O Bloco de Esquerda quer que o Parlamento condene “a perseguição política” e Mariana Mortágua escreve hoje no JN sobre a oligarquia angolana que “as cumplicidades que têm em Portugal podem ser ouvidas no silêncio de quem elogia a influência do capital angolano na economia portuguesa mas se cala perante as sucessivas violações dos direitos humanos.”
A minha opinião está escrita desde ontem em “Liberdade enjaulada”. A do governo está numa nota escrita com pinças ao fim da tarde, onde sublinha que tomou “boa nota da comunicação, pela defesa, da intenção de interpor recurso judicial em face da gravidade e dimensão das penas hoje decididas pelo tribunal de primeira instância", apelando a que se “obedeça aos princípios fundadores do Estado de Direito, incluindo o direito de oposição por meios pacíficos às autoridades constituídas".
Não esquecer. A nota do governo fala em utilização de canais diplomáticos. Será bom se for consequente. Porque para este tema Mario Draghi não traz mala. E se o Estado que pede clemência europeia para os capitais angolanos, não exigir justiça para quem por eles é dizimado, então não é bem de política que estamos a falar, é só de negócios. É termos esquecido o que somos para continuarmos estando.
É fácil perceber que a estabilidade política depende de um programa de estabilidade que não seja uma encomenda de austeridade futura, o que desequilibraria o tripé PS, BE e PCP. É menos óbvio assumir que a mesa de negociações acionistas para a estabilidade dos bancos portugueses tem uma navalha. A Caixa precisa de capital e o Novo Banco de ser vendido, mas é sobretudo a permanência de acionistas angolanos no BCP e o desligamento dos seus ativos pelo BPI que está em causa. O BPI está a dias de um prazo que não pode acabar mal. E, depois do escândalo BES Angola e das suspeitas de lavagem de dinheiro nos Estados Unidos, o Banco Central Europeu prefere criar um cordão sanitário do que ter capitais angolanos dentro da União Europeia.
Marcelo Rebelo de Sousa prefere coser a rasgar as costuras com os angolanos. Mais por interesse do que por vocação: o interesse de não perder os seus capitais cá e o de haver dezenas de milhares de trabalhadores e de empresas portuguesas lá. No meio disto, o que pesam 17 pessoas presas ontem? Ou uma, Luaty Beirão?
O Expresso Diário fez ontem primeira página com a imagem de algemas sobre as cores de Angola, hoje o Público usa uma fotografia de Luaty fundindo-se em vermelho. Luaty tem dupla nacionalidade, é também cidadão português e só isso exige que o Estado não fique calado sobre um processo judicial e político que, nós em Portugal, temos liberdade para criticar. Mas o que está em causa é maior que um homem, é até maior que 17 homens presos, é uma questão de direitos humanos e liberdades cívicas. As condenações, até oito anos e meio, tratam ativistas contestatários do regime como golpistas consumados. O processo parece ter sido construído mais para calar a palavra incendiária em pasto incendiável, do que para julgar desordeiros contra uma ordem desigual.
“Tu até podes começar a imaginar a tua cela, como é a comida da prisão, como serão os outros presidiários…”, disse Luaty ao Observador ainda antes de ser condenado. “Não há muita maneira de uma pessoa se preparar para ir para a prisão. A gente tem de ser pragmática em relação ao regime que temos e mentalizar-nos de que vamos voltar para um buraco.”
“Este foi um processo claramente político”, afirma o escritor José Eduardo Agualusa, citado num editorial do Público, jornal que acusa o julgamento de ser uma farsa e o processo de livre-arbítrio. Os ativistas vão recorrer, escreve o DN, e ontem houve manifestações em Lisboa defendendo a causa. A Human Right Foundation até aos cantores pagos para irem a Luanda embelezar festas do regime tem pedido travão, como escreve o Hugo Franco em “O Som dos Ditadores”. O Bloco de Esquerda quer que o Parlamento condene “a perseguição política” e Mariana Mortágua escreve hoje no JN sobre a oligarquia angolana que “as cumplicidades que têm em Portugal podem ser ouvidas no silêncio de quem elogia a influência do capital angolano na economia portuguesa mas se cala perante as sucessivas violações dos direitos humanos.”
A minha opinião está escrita desde ontem em “Liberdade enjaulada”. A do governo está numa nota escrita com pinças ao fim da tarde, onde sublinha que tomou “boa nota da comunicação, pela defesa, da intenção de interpor recurso judicial em face da gravidade e dimensão das penas hoje decididas pelo tribunal de primeira instância", apelando a que se “obedeça aos princípios fundadores do Estado de Direito, incluindo o direito de oposição por meios pacíficos às autoridades constituídas".
Não esquecer. A nota do governo fala em utilização de canais diplomáticos. Será bom se for consequente. Porque para este tema Mario Draghi não traz mala. E se o Estado que pede clemência europeia para os capitais angolanos, não exigir justiça para quem por eles é dizimado, então não é bem de política que estamos a falar, é só de negócios. É termos esquecido o que somos para continuarmos estando.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Hoje começa a comissão parlamentar de inquérito ao Banif, escândalo do último natal que custou ao Estado perto de três mil milhões de euros, incuindo mais 150 milhões nas contas do Orçamento do que se esperava, revela o Negócios. O Expresso Diário mostrou queo Banif emprestou 119 milhões de euros ao Grupo Espírito Santo quando já estava falido.
Talvez por causa da cotação ridícula em Bolsa, de pouco mais de quatro cêntimos por ação, o BCP vai propor agrupar 193 ações numa só, que valeria tantas vezes mais. Notícia no Económico. Como o Negócios explica, o BCP abre a porta à entrada de um novo acionista. Fá-lo propondo em Assembleia Geral que os acionistas abdiquem do direito de preferência em aumentos da capital.
Os trabalhadores do Novo Banco que queiram aderir ao programa de rescisões voluntárias vão receber uma indemnização de 1,2 salários por cada ano de trabalho, revela o Económico.
De novo Marcelo: ontem falou ao país para explicar a promulgação do Orçamento do Estado. Numa intervenção que apenas pôde ser vista por quem tem televisão por cabo, o Presidentefalou de um orçamento possível. “Só em 2017 saberemos se o modelo provou”. Como analisou o Martim Silva, os primeiros avisos de Marcelo foram “em tom suave”. “Chama-se a isto política”, escreveAndré Macedo no DN.
Também hoje ficaremos a saber se o governo de Dilma aguenta, abana ou começa a cair. O PMDB, maior partido brasileiro, que está coligado com o PT da Presidenta, anunciará se rompe ou não a coligação. “Um voo frenético para salvar o reino”, escreve a Sara Antunes Oliveira, enviada da SIC que na última semana publicou textos diários no Expresso. “o momento agora é de bater as asas o mais depressa possível, seja para remendar os buracos a todo o custo, seja para afundar o barco de uma só vez”. Já o Observador publica a “superplanillha”: a folha de cálculo a folha de cálculo desupostas “luvas” e comissões a 200 políticos de 24 partidos feitos pela Odebrecht, empresa investigada na operação Lava Jato.
No ano passado, a criminalidade geral aumentou mas violenta diminuiu, revela o Relatório Anual de Segurança Interna, ontem apresentado.
Um homem foi alvejado ontem quando tentava entrar com uma arma no Capitólio. Ficou ferido.
A Câmara de Lisboa quer cobrar taxa a casas alugadas a turistas, avança a manchete do i.
O PSD pondera homenagem a Cavaco Silva no congresso do próximo fim de semana, noticia o DN.
O brasileiro Jardel, central do Benfica, está disponível para jogar pela Seleção de Portugal.
Hoje decorre o Portugal-Bélgica em futebol, um amigável que foi deslocado para Leiria depois dos atentados da semana passada em Bruxelas. A Mariana Cabral explica o que está em jogo além do jogo.
A justiça belga libertou ontem o terceiro suspeito da autoria dos atentados no aeroporto de Bruxelas, que ficou conhecido pela imagem difundida de um homem de chapéu. A libertação ocorreu por falta de provas. O Henrique Monteiro compara este caso com o dos ativistas angolanos: “Imaginemos agora que as situações eram inversas. Que a acusação feita em Angola se passava num país da Europa e que a investigação feita em Bruxelas tinha lugar em Luanda. Impossível, não é?”
Esta manhã, eram 7:30, um voo doméstico da EgyptAir, que partiu do aeroporto de Alexandria para o Cairo, foi sequestrado por pelo menos um homem. O avião foi forçado a aterrar numa zona especial isolada do aeroporto de Larnaca, no Chipre. Segundo a televisão Al-Arabyia,o pirata do ar disse ao piloto que está a usar um cinto de explosivo.
BE e PCP distanciam-se do envio tropas portuguesas para o estrangeiro.
O FBI já acedeu aos dados do iPhone do terrorista de San Bernardino. Não precisou de ajuda da Apple.
É uma história multifacetada: Chen Xiaomin, tradutor chinês naturalizado português, foi condenado a 12 anos por liderar uma rede de imigração Portugal. Mas fugiu. Depois de usar nove identidades para montar o seu negócio no nosso país. É amanchete do Jornal de Notícias.
Manuel Damásio vende casa a uma sociedade offshore no Chipre para fugir a penhora, escreve o Correio da Manhã.
O Hospital de Chaves está a adiar cirurgias por falta de fio de sutura, escreve o Jornal de Notícias.
Foi uma das histórias de ontem: o caso da mulher que nadou quatro horas de noite para apanhar o barco onde (não) ia o marido.
Preferimos os alentejanos. Um estudo realizado por uma consultoraindica que 51% das famílias portuguesas prefere vinhos produzidos no Alentejo, sobretudo por causa do preço e da diversidade das marcas. A venda de vinhos alentejanos é 3 vezes superiores à dos vinhos verdes e quatro vezes mais do que os do Douro.
FRASES
“A identificação entre o terrorismo fundamentalista islâmico e o fluxo de refugiados que chega à Europa é uma das falácias mais idiotas que, repetidamente, é efetuada.” Viriato Soromenho Marques, no DN.
“A banca, epicentro dessa lengalenga dos "campeões nacionais", tornou-se ela mesmo uma trituradora de capital, empobrecendo investidores ingénuos, contribuindo ativamente no colapso da bolsa e no fim da ilusão do capitalismo popular.” Sérgio Figueiredo, no DN.
“Só não voto em Bruno de Carvalho porque não me deixam entrar em Alvalade”, ironizou Rui Gomes da Silva, dirigente do Benfica, na SIC Notícias, aqui citado pelo Record.
O QUE EU ANDO A LER
“Começa pela página 36”, dizia a mensagem, e eu comecei. “Morro todos os dias/especialmente depois do lanche/quando pego no regador fininho/onde despejo o dilúvio dos olhos/e vou regando as plantas/à espera da descendência”.
Cláudia R. Sampaio, 34 anos, publicou o seu terceiro livro, “Ver no Escuro”, pela Tinta-da-China. É poesia de choque, mas um choque silencioso e íntimo, que se rebela devagar mesmo quando se revela depressa.
“Sempre me recusei a arder como os outros./Ardam-se mais à esquerda ou mais à direita/mais a vento de sul ou de norte/mas labaredem-se, sejam fogos que ardem!/Porque pior que a desdita loucura/é toda a gente andar em brasa/mas ninguém chegar a incêndio”.
É frequente recomendar poesia neste Curto, até porque a obra portuguesa agora editada é francamente nova. Nova não por ser recente, mas ser, na linguagem, deste tempo. É o caso de Cláudia R. Sampaio, mesmo quando escreve sobre os sentimentos mais antigos de sempre.
“Quando for embora não deixarei migalha de mim”, escreve, “vou e não esqueço”.
Acompanhe-nos no Expresso online e, às 18 horas, no Diário.
Tenha um dia bom. E, como diz a poeta, labarede-se.
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