O
golpe está na rua. Lula preso é a resposta do conservadorismo ao povo que, no
Datafolha desta semana, apontou-o como 'o melhor presidente da história'
Saul
Leblon - Carta Maior, editoril
O
espectro de um Lula eleitoralmente competitivo, que assombra os dias e
atormenta as noites do conservadorismo, ganhou números sugestivos esta semana.
E são eles que explicam a sofreguidão conservadora nas últimas horas, a uivar pela única forma segura de afastar o perigo de vez: deter Lula de uma vez por todas.
A pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada esta semana, espeta em torno do ex-presidente e de sua liderança três percentuais cuja sedimentação definirá o futuro eleitoral do ex-presidente e o do projeto de restauração neoliberal no Brasil.
E são eles que explicam a sofreguidão conservadora nas últimas horas, a uivar pela única forma segura de afastar o perigo de vez: deter Lula de uma vez por todas.
A pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada esta semana, espeta em torno do ex-presidente e de sua liderança três percentuais cuja sedimentação definirá o futuro eleitoral do ex-presidente e o do projeto de restauração neoliberal no Brasil.
Desde
2005/2006 sob fogo cerrado do conservadorismo e, a partir de outubro de 2014,
diuturnamente caçado pela República de Curitiba --que abastece a mídia de
suposições e ilações para transformá-lo em símbolo máximo da corrupção no
Brasil, Lula foi desfigurado politicamente no imaginário popular.
Dois terços dos eleitores forcam tocados pelo jogral Moro & mídia.
Com teor de consistência desconhecido, eles acreditam que os governos e o partido do líder operário consagrados como sinônimo de justiça social enredaram-se em práticas ilícitas. E que Lula concedeu e auferiu vantagens a empresas associadas a grandes obras públicas.
É uma mutação devastadora.
Mas inconclusa.
Ela colide com duas mensagens opostas espetadas pelo eleitor nas planilhas do Datafolha.
Cerca de 1/5 do eleitorado brasileiro mantém-se perfilado ao lado de Lula, solidamente.
Isso o credencia de forma quase incontornável ao segundo turno da corrida presidencial de 2018, qualquer que seja a composição do plantel adversário.
Esse piso granítico encontra-se indisponível do lado oposto em que as menções espontâneas de voto se esfarelam e se dispersam.
Mais que isso, porém.
Quando a referência escrutinada passa a ser a vida real dos cidadãos, não a porção volúvel de um discernimento induzida pelo alto-falante midiático --ao qual o ex-presidente não tem acesso-- o chão firme aos seus pés amplia-se significativamente.
Como se fora a bruxa da fábula infantil a Folha, depois de esfalfar-se nesse labor sem trégua indaga ao cristal da memória popular:
‘Espelho, espelho meu, quem foi o melhor Presidente da história deste país?’
E 37% respondem espontaneamente, juntando as quatro letras malditas: ‘Lula’.
Fecha-se o círculo de ferro a explicar a sofreguidão nas horas que correm, dos uivos e ganidos a pedir que esse jogo perigoso seja zerado de uma vez por todas.
A disjuntiva de um Lula meio morto, meio vivo afoga o conservadorismo em dúvidas e temores dilacerantes.
É possível enfrentar e vencer o espectro numa disputa na qual ele passa a dispor do que não tem hoje –e que eles fingem não considerar um dado decisivo na disputa?
Ou seja, voz, espaço e tempo isonômico para se defender e dialogar com a população brasileira?
Se o espectro se arrastar até 2018 em liberdade, um jornalismo caricato, de viés obscenamente antipopular, perderá momentaneamente monopólio da mediação com a sociedade .
A sorte do país e o destino do seu desenvolvimento ganham uma janela de debate ecumênico.
E será preciso, então, ouvir a voz através da qual reverbera a seta do tempo da luta secular por um Brasil mais justo com seu povo, mais soberano no desfrute de suas riquezas, mais democrático na ampliação dos canais de manifestação daqueles que nunca tiveram vez na sua história.
O risco é a voz tornar devastadoramente explícito o projeto de Brasil inscrito na lâmina dos grandes interesses que esfaquearam, esquartejaram, picaram e salgaram a sua reputação, a do seu governo, a de sua família e a do seu partido, em praça pública, durante dias, semanas, meses e anos seguidos.
A recente entrega do pré-sal, iniciativa de um presidenciável tucano fartamente festejada pelo conservadorismo, poderá figurar então como um tiro no pé.
Na voz de Lula emergiria como a prefiguração explícita, palpável, escandalosa daquilo que a restauração neoliberal pretende, de fato, com o simulacro de sua cruzada anticorrupção.
Ou seja, completar o serviço iniciado nos anos 90, a exemplo do que já faz Macri, com virulência igualmente pedagógica –e custos sociais sabidos—na Argentina.
Os dados trazidos à mesa pelo Datafolha da última 2ª feira injetaram o desassossego dessas antevisões no diretório conservador.
Podem exigir de Moro & Cia aquilo que a sofreguidão murmura por entre perdigotos incontroláveis nas horas que correm.
A prisão cinematográfica de Lula, a fornecer o fotograma com o qual –uiva-se do fundo das redações ‘isentas’—será possível reduzir a ameaça a um zumbi de punhal no peito, abatido em sua caminhada histórica.
Podem os números do Datafolha, ao contrário, impor cautela redobrada aos que, a exemplo do impoluto FHC, temem a reação popular.
Mas, sobretudo, deveriam , antes que tarde demais, suscitar no PT e em todo o campo progressista uma agenda de mergulho urgente e sem volta às periferias e bases populares, de modo a nutrir a hesitação golpista de razões concretas para temer a rua.
Dois terços dos eleitores forcam tocados pelo jogral Moro & mídia.
Com teor de consistência desconhecido, eles acreditam que os governos e o partido do líder operário consagrados como sinônimo de justiça social enredaram-se em práticas ilícitas. E que Lula concedeu e auferiu vantagens a empresas associadas a grandes obras públicas.
É uma mutação devastadora.
Mas inconclusa.
Ela colide com duas mensagens opostas espetadas pelo eleitor nas planilhas do Datafolha.
Cerca de 1/5 do eleitorado brasileiro mantém-se perfilado ao lado de Lula, solidamente.
Isso o credencia de forma quase incontornável ao segundo turno da corrida presidencial de 2018, qualquer que seja a composição do plantel adversário.
Esse piso granítico encontra-se indisponível do lado oposto em que as menções espontâneas de voto se esfarelam e se dispersam.
Mais que isso, porém.
Quando a referência escrutinada passa a ser a vida real dos cidadãos, não a porção volúvel de um discernimento induzida pelo alto-falante midiático --ao qual o ex-presidente não tem acesso-- o chão firme aos seus pés amplia-se significativamente.
Como se fora a bruxa da fábula infantil a Folha, depois de esfalfar-se nesse labor sem trégua indaga ao cristal da memória popular:
‘Espelho, espelho meu, quem foi o melhor Presidente da história deste país?’
E 37% respondem espontaneamente, juntando as quatro letras malditas: ‘Lula’.
Fecha-se o círculo de ferro a explicar a sofreguidão nas horas que correm, dos uivos e ganidos a pedir que esse jogo perigoso seja zerado de uma vez por todas.
A disjuntiva de um Lula meio morto, meio vivo afoga o conservadorismo em dúvidas e temores dilacerantes.
É possível enfrentar e vencer o espectro numa disputa na qual ele passa a dispor do que não tem hoje –e que eles fingem não considerar um dado decisivo na disputa?
Ou seja, voz, espaço e tempo isonômico para se defender e dialogar com a população brasileira?
Se o espectro se arrastar até 2018 em liberdade, um jornalismo caricato, de viés obscenamente antipopular, perderá momentaneamente monopólio da mediação com a sociedade .
A sorte do país e o destino do seu desenvolvimento ganham uma janela de debate ecumênico.
E será preciso, então, ouvir a voz através da qual reverbera a seta do tempo da luta secular por um Brasil mais justo com seu povo, mais soberano no desfrute de suas riquezas, mais democrático na ampliação dos canais de manifestação daqueles que nunca tiveram vez na sua história.
O risco é a voz tornar devastadoramente explícito o projeto de Brasil inscrito na lâmina dos grandes interesses que esfaquearam, esquartejaram, picaram e salgaram a sua reputação, a do seu governo, a de sua família e a do seu partido, em praça pública, durante dias, semanas, meses e anos seguidos.
A recente entrega do pré-sal, iniciativa de um presidenciável tucano fartamente festejada pelo conservadorismo, poderá figurar então como um tiro no pé.
Na voz de Lula emergiria como a prefiguração explícita, palpável, escandalosa daquilo que a restauração neoliberal pretende, de fato, com o simulacro de sua cruzada anticorrupção.
Ou seja, completar o serviço iniciado nos anos 90, a exemplo do que já faz Macri, com virulência igualmente pedagógica –e custos sociais sabidos—na Argentina.
Os dados trazidos à mesa pelo Datafolha da última 2ª feira injetaram o desassossego dessas antevisões no diretório conservador.
Podem exigir de Moro & Cia aquilo que a sofreguidão murmura por entre perdigotos incontroláveis nas horas que correm.
A prisão cinematográfica de Lula, a fornecer o fotograma com o qual –uiva-se do fundo das redações ‘isentas’—será possível reduzir a ameaça a um zumbi de punhal no peito, abatido em sua caminhada histórica.
Podem os números do Datafolha, ao contrário, impor cautela redobrada aos que, a exemplo do impoluto FHC, temem a reação popular.
Mas, sobretudo, deveriam , antes que tarde demais, suscitar no PT e em todo o campo progressista uma agenda de mergulho urgente e sem volta às periferias e bases populares, de modo a nutrir a hesitação golpista de razões concretas para temer a rua.
O jogo está semiaberto. Ainda. A ver.
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