quinta-feira, 25 de agosto de 2016

AO RUBRO? CORRIDA PARA O MERGULHO E ATÉ OUTRO DIA! FOSCA-SE!



Ponto e contraponto da atualidade que os media do sistema consideram dever referir e destacar. Vamos nessa. É o Expresso Curto do burgo do tio Balsemão. O quê? Ah, Impresa. Pois. Hoje tira e serve a cafeína o mano do PM Costa, o Ricardo Costa. Ricardo vale por ele próprio, nada de pensamentos ou bocas de demérito. Aliás, se ele escrevesse mesmo, mesmo, mesminho, o que pensa, com toda a liberdade e sem consequências estava lixado. Bico calado. Dizer (escrever) o que vem cá de dentro e a sentir na pele faz dos plebeus uns “não prestam” para os que implantam sistemas mal-cheirosos, pseudodemocráticos, pseudohumanistas e tudinho dessa espécie que chafurda  na fossa do capital depravado que vai mudando de estratégias e de vocabulário mas sem conseguir deixar de ser a mesma merda, em que só uns quantos se safam e vivem à grande à custa dos milhões a quem roubam. Pois. Raio da converseta vai dar sempre ao mesmo. Virou.

Afirma Ricardo Costa que este título em baixo vai depressa ficar desatualizado. Pois. É o número de vítimas dos sismos em Itália que está sempre a crescer. Vai em 247. Paz à sua alma. Dizem que o maior número de vítimas registou-se entre a população que vivia em casas plebeias, antigas, sem defesas antisismicas. Pois. Cá está. Quem se lixa é o mexilhão, o povinho, os escravos, os tais gajos e gajas que trabalham que nem mouros para encherem a peidola aos tios Balsemão, aos ladrões dos Espíritos Santos desorelhudos, a essa cáfila de salafrários sem consciência sequer da merda de vida que reservam para os outros, os tais plebeus que não habitam casas com seguranças antisismicas. Lá vem a converseta de mais do mesmo. Virou.

Pensar nestas realidades dá para ficarmos ao rubro. Ainda mais quando aqueles sevandijas de barriga ao sol na Quinta da Marinha e noutras quintas de brutas habitações, piscinas e golfes, e ténis e… o caraças - dizem eles e elas, as cabriolas com quintas a render entre as pernas: “sempre houve pobres”. O tanas. Os pobres passaram a existir quando uns quantos começaram a roubar o que pertencia a toda a humanidade. Primeiro ladrões e a seguir ladrões ricos. Depois foi passando de pais ladrões ricos para filhos ladrões ricos até que foi adquirida a caracteristica genética dessas famílias que são uma cambada de ladrões, de negreiros, de filhos das patas que os puseram com predestino para tramar as vidas de muitos biliões de seres humanos ao serviço da desumanidade implantada por mais ou menos 3 por cento da população deste planeta a que chamam Terra erradamente. Devia de ser Mar, que é o que predomina nesta bola de pólos achatados, dizem.

Os pobres morrem soterrados em Itália e pelo mundo. Morrem de doenças por falta dos cuidados de saúde mais elementares, morrem de fome, morrem pelas guerras que gananciosos fomentam para roubarem seus países, suas terras, seus subsolos, seus mares... Tudo isto dá para ficar ao rubro, dá mesmo. Acabou. Corrida para o mergulho e até outro dia.

Vão ao Curto. Ricardo Qualidade Costa. E a vida custa-te, Costa? Pois.

Inté. Boa quinta-feira, se conseguirem. Por aqui é dia de maus-fígados. Como podem concluir pela prosa. Fosca-se! Tolerância zero. Pois.

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Ricardo Costa – Expresso

A terra tremeu e este texto vai ficar desatualizado depressa

Passava pouco das 6h15 da manhã quando chegou um novo balanço do terremoto que ontem devastou o centro de Itália e quase varreu do mapa a pequena cidade de Amatrice e outras localidades:247 mortos. O número impressiona e ainda deve subir, apesar das incansáveis buscas e dos resgates que, aqui ou ali, vão felizmente acontecendo.

À hora a que ler este Expresso Curto é bem natural que o número tenha aumentado. Ontem de manha quando nasceu o Sol ainda só se contavam quatro mortos, mas o número não parou de mudar ao longo do dia: doze, sessenta, setenta, cento e vinte ao virar do dia, duzentos e quarenta e sete ao acordarmos de novo.

Uma passagem de olhos rápida pelos jornais italianos faz o resumo do desepero:

Ci sono almeno 247 vittime, titula o Il Sole 24 Ore. Pelo menos 247 vítimas, quando na mesma página ainda tem uma pequena notícia das 21h50 em que a proteção civil contava cento e vinte.

Notte di ansia e ricerca (noite de ansiedade e de buscas), no LaRepubblica, com o impressionante relato das horas passadas à luz de lanternas e de remoção de destroços, muitas vezes com as mãos.

O artigo mais impressionante é do Corriere della Sera: I bambini delle terremoto. Um texto que nos relata os dramas das crianças apanhadas pelo sismo, da mais jovem vítima de apenas oito meses até à rapariga de dez anos resgatada com vida ao fim de dezassete horas. O artigo é brutal, misturando o azar de uns com o salvamento milagroso de outros, porque o relato de um terremoto é sempre assim e sempre assim será, como todos sabemos e preferimos esquecer até ao próximo abalo. Como sabemos que este texto ficará desatualizado depressa, ultrapassado por novos números dramáticos e por laivos de esperança e de vida a que todos nos vamos agarrar.

Depois disto, o que é uma notícia importante? A verdade é que o mundo é suficientemente grande para nos dar alguma esperança. A paz na Colômbia é uma dessas notícias, anunciada esta noite e pondo fim a um conflito com cinco décadas. É verdade que a guerra civil já tinha ultrapassado há muitos anos o seu pico de destruição e terror, mas as FARC estavam longe de depor as armas e as tropas de Bogotá igualmente afastadas da paz. A boa notícia chegou hoje e dia 2 de outubro os colombianos vão dizer em referendo se concordam ou não com o acordo agora alcançado.

Acha a história pouco relevante? Ficam alguns números: 52 anos de guerra civil, oito milhões de vítimas, 220 mil mortos, 45 mil desaparecidos, um número indeterminado de deslocados. As negociações decorreram em Havana e tinham começado há quatro anos.

O que há mais na terra? Hoje também é um dia histórico no Brasil com o arranque do processo de impeachment de Dilma Roussef, que parece imparável e onde a Presidente brasileira se vai apresentar sem advogado. Na Síria, os avanços da Turquia pela fronteira norte continuarão a ser notícia e a mostrar como uma guerra com mais de cinco anos tem tudo menos um fim simples. Nos EUA, Donald Trump recebeu uma visita de Nigel Farage e a França continua empenhada na sua guerra contra o burkini, num processo que não se percebe bem ao que leva nem exatamente por onde vai

Desanimado com este mundo? Calma, ontem foi encontrado um planeta habitável a apenas quatro anos-luz da Terra. Não é perto, mas sempre é uma saída possível. Uma equipa internacional de astrónomos descobriu um planeta potencialmente habitável em órbita da estrela mais próxima da Terra, a Proxima Centauri, que fica a apenas quatro anos-luz do Sistema Solar.

É possível que a quatro anos-luz da Terra também se pague IMI conforme a vista, que haja bancos para salvar, orçamentos retificativos e algum primo afastado de Donald Trump, mas sempre arejamos. Vamos às outras notícias.

OUTRAS NOTÍCIAS

O dia vai ficar marcado pelo caso da brutal agressão de Ponte de Sôr, mas desta vez pelos desenvolvimentos diplomáticos e judiciais. Depois de ontem a PGR ter pedido ao governo para levantar a imunidade diplomática aos dois jovens iraquianos, hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros vai chamar ao Palácio das Necessidades o encarregado de negócios da embaixada iraquiana para iniciar esse pedido de levantamento.

É um caso muito raro e que vai depender sempre da vontade da diplomacia iraquiana, onde os sinais são claros. Por um lado o embaixador, pai dos dois jovens que já confessaram a brutal agressão, publicou um comunicado de quem não parece disposto a entregar os filhos à justiça portuguesa, por outro o governo iraquiano chamou o seu embaixador em Lisboa a Bagdade, o que só costuma acontecer em casos muito graves.

O caso tem dominado a atualidade e hoje isso não será exceção.Marcelo Rebelo de Sousa regressa hoje de férias – sim ,o PR não fala há quinze dias, um recorde olímpico para o próprio – e não vai contornar este tema quando conversar com jornalistas no distrito de Viseu. Marcelo é professor de Direito e, para o caso, tem responsabilidades diretas na política externa.

As suas palavras, a par da ação do governo e da reação iraquiana vão seguramente marcar o dia, depois da entrevista dos dois jovens iraquianos à SIC e do comunicado da Procuradoria Geral da República.

As manchetes dos jornais de hoje não se concentram sobre o caso. Só o jornal i é que puxa o caso para o topo da página, com a vontade do Ministério Público constituir arguidos os dois gémeos iraquianos por suspeitar de tentativa de homicídio.

O Jornal de Notícias escolheu um caso recorrente mas muito relevante: Médicos recusam dezenas de vagas no interior e no Algarve, titula o JN. Nos Hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco só apareceram 9 candidatos para 61 vagas de especialistas. No Algarve ficaram por preencher 31 dos 73 lugares. Um caso que mostra bem o problema das assimetrias geográficas de um país tão pequeno.

O DN regressa ao caso dos colégios privados vs. Ministério da Educação para contar que muitos colégios desafiam o Estado e mantêm as turmas que tiveram o financiamento cortado. Ou seja, apesar de não terem contratos de associação, os colégios estão a aceitar as inscrições, nalguns casos de borla. A guerra segue nos tribunais.

O que não podia escapar às primeiras páginas era a CGD, essa cruz bancária que carregamos rua abaixo rua acima e que agora, pelo menos, tem uma ideia do que segue: as contas não são boas, envolvem muito dinheiro, muitos despedimentos e, claro, um orçamento retificativo. Em princípio o défice passa ao lado, mas a dívida leva com mais uns “trocos” em cima, como não podia deixar de ser.

A boa notícia é que a Caixa fica finalmente arrumada e com capital para ultrapassar os problemas que se arrastavam há anos e anos num processo infindável de empurrar com a barriga. A segunda boa notícia é que isso se faz sem mais um rol de lesados, fossem eles obrigacionistas ou depositantes. A terceira já depende da opinião do leitor, mas garante que a Caixa é 100% pública. A partir daí já não estou bem a ver mais boas notícias, deixo isso aos políticos que são bons nessa arte e vão andar entretidos com isso uns dias valentes.

Para esquecer tudo isto, o melhor é ao fim da tarde ver o sorteio da Champions, aquele momento em que Benfica, Sporting e F.C. Porto vão nadar para a piscina dos grandes mas a fazer figas para não lhe aparecerem já pela frente um daqueles colossos europeus que compram jogadores com tanta facilidade com que nós resgatamos brancos.

Já sabe, a partir das cinco e tal, vamos esquecer Ponte de Sor e a Caixa por umas horas para nos debruçarmos sobre as fragilidades da defesa da equipa x, a vulnerabilidade do corredor direito da equipa y e a falta de coordenação daquele avançado z. Vamos ser grandes, o que depois da extraordinária vitória do Porto e da vitória no Europeu, até não nos fica mal. O resto, vemos amanhã.

FRASES

“…”. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. Preencha o leitor porque o PR regressa hoje de férias e vai comentar a atualidade

“Hoje chegámos à meta”. Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia, ao anunciar o acordo de paz firmado com as FARC

“Foi a minha melhor época a nível de troféus”. Cristiano Ronaldo, em entrevista à UEFA

O QUE EU ANDO A LER

Na ressaca das férias, esta parte é sempre mais fácil. Deixo a sugestão de dois excelentes romances: O ruído do tempo, de Julian Barnes, eJudas, de Amos Oz, os dois editados este ano em Portugal e muito bem recebidos pela crítica.

O livro de Barnes, publicado na Quetzal, é um trabalho extraordinário sobre a arte e o poder, centrado na vida de Dmitri Chotakovich- um dos grandes compositores russos do séc. XX -, e na sua dramática relação com o regime estalinista. Nada no livro é a preto e branco e Barnes consegue seguir por esse caminho estreito de forma brilhante. Chostakovich é um génio mas está longe de ser um herói, não se verga a tudo mas obedece a muita coisa, é descartado e usado pelo regime conforme o jeito que dá ou sopram os ventos políticos, recusa-se a algumas coisas mas aceita outras tantas.

Como se deve enfrentar um regime totalitário? No exílio? No cadafalso? Ou tentando viver o que for possível, criando o que se conseguir, oscilando entre uma vaga liberdade e um controlo absoluto? Chostakovich não tem nada para ser um herói político, mas tudo para Julian Barnes fazer um extraordinário livro.

Amos Oz escolheu uma figura ainda mais famosa para construir um belíssimo romance sobre Israel no final dos anos 50. Partindo de uma tese que a personagem central tenta desenvolver sobre a relação dos Judeus com Judas Iscariotes, retrata as feridas abertas pela criação de Israel na sequência da falência do mandato britânico e de uma guerra pela independência que colocou judeus contra árabes um processo sem recuo.

Oz relata as divisões no movimento sionista e como quem se opôs à criação de um estado judaico foi imediatamente considerado traidor. A criação de Israel ou se fazia naquele momento e daquela forma, como Ben Gurion percebeu, ou não se fazia. Mas essa decisão deixou feridas entre judeus e o livro de Oz, que anda entre a traição de Judas e quem não apoiou a criação de um estado puramente judaico na Palestina, é um olhar incrível sobre esses dois tempos fundamentais na história dos judeus, o aparecimento do cristianismo e a criação de Israel.

Para leituras mais rápidas, já sabe, tem sempre o Expresso Online. Ao fim da tarde chega mais um Expresso Diário e amanhã cedo fechamos o ciclo com mais um Expresso Curto. Tenha um bom dia, com um olho na Terra e outro a quatro anos-luz.

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