sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O GRANDE LEONARD COHEN EM VEZ DOS MAUS ODORES DE TRUMP



Bom dia. Mais Expresso em formato Curto. Uma barrigada para compensar os dias em que o PG não é atualizado. Descansem que melhores dias virão, nesse aspeto, das atualizações. Sim, é verdade, somos o oito e o oitenta. Desculpem lá qualquer coisinha.

Neste Expresso Curto que reproduzimos a seguir consta outra barrigada: Donald Trump. Desta feita nem vamos ligar a esse energúmeno que venceu as eleições presidenciais nos horripilantes EUA. No PG já há prosa sobre Donald Trump que baste. Por isso, basta de trampa!

Cohen. Leonard Cohen. Um grande senhor que só fisicamente faleceu. De resto ele continua vivo, e assim continuará. Portanto é sobre Cohen que nos focamos. Que se lixe o Trampa.

Henrique Monteiro, no Expresso Curto de hoje vai ao esgoto norte-americano mas depois salta para o Canadá, pátria de Leonard Cohen. Vá nessa.

Por aqui fica uma ligação para uma das artes finais de Cohen, bem conhecida globalmente. Viva e reviva outras da eternidade desse homem que só fisicamente nos deixou.

Bom dia e boas audições (175) com Cohen. (PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Henrique Monteiro – Expresso

Obama e Trump, tudo menos fotografia de família. (E... So long, Leonard)

Faltam 71 dias para 20 de janeiro, o dia em que Trump será oficialmente empossado (inaugurado, numa tradução literal) Presidente dos Estados Unidos. Até lá poder-se-á começar a perceber que estilo vai adotar. Quem serão os principais membros da sua administração? O ex-mayor de Nova Iorque (era-o no dia 11 de Setembro de 2001), Rudy Giuliani, o ex-líder dos republicanos na Câmara de Representantes, Newt Gringrich, o governador de New Jersey, Chris Christie, o CEO da JP Morgan, Jamie Dimon, o presidente do Comitê Nacional Republicano, Reince Priebus, o médico afro-americano e ex-diretor de neurocirurgia pediátrica do Hospital da Universidade de Johns Hopkins, Ben Carson são nomes que vão sendo apontados sem darem muitas garantias de moderação. Mas certezas há poucas, salvo que o presidente eleito disse que saúde(leia-se fim do Obamacare), imigração (leia-se restrições) e descida de impostos (eis algo que raramente lemos) são as prioridades.

Obama classificou o seu encontro de ontem com Trump como excelente e avisou que fará tudo para o ajudar. Trump disse estar desejoso de mais encontros destes. Os dois homens estiveram cerca de hora e meia reunidos e no fim apertaram a mão. As mulheres de ambos também reuniram à parte. Porém a tradicional fotografia dos dois casais (como Michelle e Barack fizeram com George W. Bush e a sua mulher, Laura) não existiu. E não houve justificações.

Ao mesmo tempo, nas ruas de algumas cidades americanas e um pouco por todo o mundo, manifestantes acusavam Trump de ser nazi ou coisas tão más ou piores.Mas o facto, como disseram Hillary e Obama, é que ele foi eleito e há que lhe dar o benefício da dúvida, com mente aberta. O certo é que todos os que nele votaram sabiam como ele era. Alguém disse que se estas manifestações fossem antes das eleições, ele teria ganho por mais.

LEONARD COHEN (1934-2016)

Se os acontecimentos nos EUA e no mundo podem, muito desejavelmente e com muita sorte, não ser nos manuais futuros de história mais do que uma simples nota de rodapé, já Leonard Cohen, 82 anos, que esta noite faleceu ( não na sua terra natal, Canadá, mas em Los Angeles) ficará sempre na história da música, na história da poesia, nos nossos livros e canções favoritos.Cohen, e que se remoam os académicos do Nobel, começou a vida como poeta, foi professor de Literatura e depois cantor, épico, enigmático e anti-popstar, como escreve o The New York Times, sempre, até ao fim, porque problemas financeiros ditaram que nunca pudesse parar de trabalhar. A sua música, profundamente complexa e extraordinariamente popular (Hallelluijah, de 1984, é a canção com mais versões de outros cantores, de Bob Dylan a Justin Timberlake, passando pela extraordinária versão de Jeff Buckley) não se resumia a dois ou três acordes. Ia, como diz a letra daquela canção, pelas quartas, quintas, menores e maiores.Aqui fica a sentidahomenagem de Pedro Santos Guerreiro e o registo das suas principais músicas, entre as quais destaco, além da citada Hallelluijah, Suzanne, Dance me to end of Love, Take this waltz, First we take Mannhatam, Tower of Song e... todas. Desta vez não é So long, Marianne, como na canção é So long, Leonard na vida real. (Declaração de interesses - tenho toda a sua música e era o meu preferido; chorei muitas vezes de comoção a ouvi-lo).
 

OUTRAS NOTÍCIAS

O nosso presidente Marcelo (para os amigos) Rebelo de Sousaveio clarificar a sua reunião com o presidente da CGD, António Domingues. Disse que já disse o que tinha a dizer. Confusos? Não deixem de acompanhar os próximos episódios, porque há quem diga que ele deu conselhos preciosos ao banqueiro. Do tipo, deixa-te estar, contesta se quiseres a ideia de entregares os rendimentos ao TC, mas recapitaliza a CGD antes disso. Verdade? Esta manhã o 'Público' afirma que o Governo e o Presidente estão preparados para perder a administração da Caixa e que Mário Centeno não estava na reunião em que Costa afirmou que era necessário que aqueles gestores entregassem a declaração.Hum...aqui desconfio, mas que sei eu? Sou um mero observador das altas esferas… e li no Expresso Diário que o presidente da CGD tem seis opções, o que partilho.

Não fora o terramoto americano e a Web Summit teria ocupado, sem rival, o espaço noticioso. Marcelo classificou o certame como um “sucesso espetacular” e Paddy Cosgrave, responsável e organizador da cimeira, disse que trazê-la para Lisboa foi a melhor decisão que tomou. Tudo isto, ontem, no último dia, quando se soube que a start-up dinamarquesa Kubo Robot foi a vencedora do Pitch(espécie de Oscares para as start-ups). Mais informação na também última das Newsletter Expresso Curto, especial Web Summitque o nosso especialista Pedro Oliveira, diretor da Exame Informática, vai enviar em breve para a sua caixa de correio.

Antonio Costa, depois de receber o primeiro-ministro do Luxemburgo, de uma forma bastante descontraída, disse que as notícias desta semana eram boas (fim de qualquer processo da UE a Portugal por défice excessivo, que aliás nunca foi credível) e que, para a semana as notícias seriam ainda melhores. Aguardaremos para ver, embora se perceba que o primeiro-ministro se refere à aprovação do OE para 2017. A ativa Maria Luís acha que para o Governo boa notícia é não haver desgraças.

Rui Rio ameaça avançar para líder do PSD contra Passos, mas coloca tantas condições que ficamos todos na dúvida se ele o quer ou é pressionado. Do lado do PSD oficial a ativíssima Maria Luísjá veio dizer que qualquer militante pode ser candidato. O qualquer não parece estar ali por acaso.

Pedro Dias vai ficar em prisão preventiva. Depois da sua estranha entrega à RTP e Sandra Felgueiras, perdão, às autoridades e prisão pela PJ, o juiz da comarca da Guarda decidiu que quem ali chega acusado de cinco homicídios, três na forma tentada, tem de aguardar detido pelo julgamento. Em Arouca, onde se entregou, acredita-se que é inocente; em Aguiar da Beira, onde é acusado de ter cometido o primeiro dos crimes, acredita-se na sua culpabilidade, aliás na Guarda, cidade capital do distrito a que pertence Aguiar da Beira, o suspeito foi recebido com insultos. Quanto tempo esperaremos? Quem sabe…

Na sequência de uma enorme operação policial, 20 elementos considerados ligados a um movimento neo-nazi em Portugal foram detidos pela unidade de contraterrorismo da PJ. O grupo tinha um arsenal considerável de armas ilegais.

Três portugueses morreram na Bélgica vítimas de um grave acidente rodoviário ontem ao fim do dia. Mais três, também portugueses, ficaram feridos, além de dois belgas. O choque envolveu dois carros e uma carrinha com matrícula nacional.

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, anunciou que a concessão do Forte de Peniche a privados será reavaliado. O ministro anunciou a decisão na sequência da contestação de muitas personalidades que não gostaram da ideia de ver o forte onde estiveram presos opositores do regime salazarista transformado em zona de lazer.

FRASES (Edição especial Trump)

“O presidente eleito está prestes a aprender, e rapidamente, que o lugar que em breve ocupará é o mais elaborado na arte de negociar”Editorial do ‘Wall Street Journal.

“É simbólico e marcante que a eleição de Donald Trump tenha sido confirmada na manhã do dia 9 de novembro, 27 anos depois da queda do muro de Berlim”, Gideon Rachman, ‘Financial Times’.

“Comparado com Trump, Berlusconi possui a solenidade de Charles de Gaulle, a inteligência de Winston Churchill, a sagacidade de Nelson Mandela e o tato da Rainha de Inglaterra”, John Carlin no ‘El País’ (citado por Francisco Assis no ´Público’).

“Trump é a vulgaridade sem limites”. David Remnick, prémio Pullitzer e ex-diretor da ‘The New Yorker’, citado por Ferreira Fernandes no ‘DN’.

POESIA (Edição especial Cohen)

Well I've heard there was a secret chord
That David played and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do you?
Well it goes like this:
The fourth, the fifth, the minor fall and the major lift
The baffled king composing Hallelujah

Leonard Cohen, 1984

(Ouvi dizer que há um acorde secreto
Que David tocou e alegrou ao Senhor
Mas não te preocupas muito com música, pois não?
Bom, a sequência é assim: a quarta, a quinta
A menor cai e a maior ascende
Frustrado, o rei compunha Aleluia)

O QUE EU ANDO A LER

Ando a tomar balanço para acabar um livro impressionante e absolutamente condizente com os tempos que vivemos, ainda que a História não tenha de repetir-se. Chama-se À Beira do Abismo: A Europa 1914-1949 e foi escrito no ano passado (publicado em português há pouco) por Ian Kershaw. Se o nome não lhe diz nada, pense em Hitler. Ele escreveu uma das melhores biografias do ditador nazi e uma das melhores Histórias dos últimos dias da Alemanha. Neste livro, cujo título em inglês me parece mais feliz (To Hell and Back: Europe 1914-1949), somos levados nestes 35 anos ininterruptos de crise que tornaram boa parte do séc. XX como um dos mais intolerantes da História do velho Continente. Dominic Sandbrook, do ‘Sunday Times’ chama-lhe “uma dura lição sobre a capacidade do homem para o mal”; Harold Evans, em ‘The New York Times’ considera-o de leitura obrigatória o ‘The Economist’ magistral. É da editora 
D. Quixote (Leya) e tem como complemento fotografias e mapas elucidativos. “A crise económica acentuou muito a raiva e o ressentimento”, escreve Kershaw, naqueles anos, mas podia ser nestes…

E por hoje é tudo, neste dia três d.T. (depois de Trump). Hoje às seis da tarde temos o Expresso Diário, enquanto o Expresso onlineestá todo o dia atualizado com as últimas. Amanhã é dia de semanário Expresso e também das criteriosas escolhas do melhor da semana que chegam em formato digital aos subscritores. Segunda-feira volta o Expresso Curto pela mão de Valdemar Cruz.

Por hoje é tudo, tenha um excelente dia.

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