Quase
meio ano depois da morte do adolescente Rufino António, abatido a tiro por um
militar em Luanda, o processo não avança. Pelo contrário, diz o advogado da
família: “O processo judicial caminha para trás”.
Continua
por se esclarecer a morte de Rufino António, de 14 anos, assassinado na capital
angolana por um militar no dia 5 de agosto de 2015. Rufino António interveio
para tentar impedir que a casa dos seus pais fosse demolida no bairro de
Walale, em Viana, nos arredores de Luanda. A demolição deixou dezenas de
famílias ao relento, incluindo os seus pais.
O
processo judicial para responsabilização criminal do autor do disparo foi
instaurado pela Procuradoria-geral da República e está em fase de instrução preparatória.
Mas quase meio ano mais tarde, o caso está parado, lamenta o advogado de
defesa, Luís do Nascimento: "O processo está a caminhar para trás. Há um
certo retrocesso ao invés de avanço”.
Morosidade
do processo sem explicação
O
Serviço de Investigação Criminal (SIC) continua a investigar o caso que chocou
a sociedade e levantou uma onda de críticas contra o Governo angolano. Pessoas
de todos os quadrantes da sociedade condenaram o ato nas redes sociais.
Luís
do Nascimento diz que não entende a morosidade do processo, porque todos os
elementos do crime estão reunidos e são visíveis: "Há pouca coisa por
descobrir. Inclusive há balas. Quer a procuradoria militar, quer a judiciária
militar, pelas informações que temos, sabem de quem se trata. Há o falecido,
que já foi enterrado, e o boletim médico, que diz que a morte foi provocada
pelo próprio disparo”.
"Só
falta quem disparou”
O
SIC também já identificou as pessoas que poderão prestar declarações como
testemunhas, acrescenta o causídico: "Há dois meses fomos informados de
que estava a ser preparada uma acariação entre as quatro testemunhas,
designadamente o proprietário da casa onde os tropas encontraram uma das balas,
Serafim Monteiro, um catequista, o senhor Luís Pascola Ndala, que também é
testemunha, e o senhor Alberto Miranda”.
Apesar
de todos os indícios e a existência de provas, o assassino do jovem Rufino
António ainda não foi identificado. O advogado dos familiares da vítima pensa
que há falta de interesse por parte dos investigadores do caso: "Só falta
quem disparou. De um leque reduzido de militares, descobrir quem foi o autor,
isso far-se-ia, caso se tivesse muito interesse, em menos de uma semana”.
Deutsche
Welle
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