Escoltas
militares entre Vanduzi e rio Luenha, em Manica, centro de Moçambique, foram
desativadas na sequência da trégua no conflito militar. Mas a polícia garante
que vai continuar de "prontidão".
As
escoltas militares foram suspensas no dia 28 de dezembro de 2016, um dia após
Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, a RENAMO, ter declarado
uma trégua de uma semana, e depois prorrogada por dois meses.
Elsídia
Filipe, porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Manica, no centro de
Moçambique, entretanto deixou claro que a Polícia da República de Moçambique
(PRM) vai continuar com as operações no terreno para "garantir a ordem e
segurança" da população, tendo acrescentado que a ação não deve ser
interpretada como sendo uma escolta, mas como um trabalho normal realizado
pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Segundo
Elsídia Filipe, as Forças de Defesa e Segurança "cumprem um mandato
constitucional" e, por isso, podem posicionar-se em qualquer ponto do
país.
A
porta-voz da Polícia confirma que "já não há escoltas, as pessoas estão a
circular normalmente, a qualquer hora" e garante: "Nós como
autoridades temos que continuar em prontidão. Desativamos, sim, a escolta mas
não podemos nos esquecer que foi uma medida provisória. E a ser assim vamos
continuar com o nosso trabalho de patrulhamento que visa prevenir e reprimir a
criminalidade, não só naquele troço mas em toda a província".
E
Elsídia Filipe acrescenta que "as pessoas não se devem sentir intimidadas
porque a polícia está a fazer o seu trabalho."
Entretanto,
alguns passageiros entrevistados pela DW África no distrito de Vanduzi,
apelaram as autoridades governamentais que se esforcem por uma paz efetiva e
duradoura em Moçambique.
Moçambicanos
exigem paz duradoira
O
cidadão Felisberto Ananias disse estar bastante satisfeito por poder circular
sem escolta militar e sem registo de mais ataques ao longo da viagem. Este
utente enalteceu o Governo e a RENAMO pela suspensão dos ataques, mas pede que
se acelere o diálogo visando por fim às hostilidades: "É isso que nós
queríamos, porque já estamos a circular livremente com o desativamento da
escolta.Vamos circular sem problemas e sem depender da escolta militar.
Já não vamos demorar na estrada aguardando pela coluna [militar de
proteção]."
E
Ananias conta: "Neste local passávamos fome e o agravante é que ficávamos
expostos ao sol, enquanto aguardávamos a escolta. Assim que o líder da RENAMO
prorrogou a trégua, penso que havemos de circular bem e livres como antigamente."
Ana
Maria Gomes, outra moçambicana, acredita que aos poucos os ataques vão terminar
definitivamente. Apelou as duas partes para que seja encetado um diálogo sério
por forma acabar com todas as escoltas militares, os ataque e os raptos de
membros dos partidos.
Na
sua opinião,"a escolta e os ataques que aconteciam ao longo da viagem não
ajudavam, principalmente os comerciantes, porque os produtos ficavam
deteriorados pelo caminho por causa do tempo de espera na estrada."
Colunas
militares não deixam saudades
Simão
Pedro Johane, condutor de um autocarro de passageiros, afirmou que esta trégua
de 60 dias é bem-vinda e será um grande alívio, para a sua ativiade comercial:
"Na verdade nós os moçambicanos queremos a paz de volta, pois com ela
iremos circular livremente, sem nenhum impedimento."
Entretanto,
Johane reconhe que "com a coluna era muito difícil circular, principalmente
nós os transportadores de passageiros. Ora vejamos, carregávamos em
Chimoio às 5 horas da manhã e chegávamos no local depois da coluna partir e
éramos obrigados a aguardar a próxima. Com o fim da escolta, estamos a carregar
os passageiros sabendo que vamos viajar sem paragem."
Recorde-se, que
após a intensificação de emboscadas da RENAMO nas principais estradas do centro
de Moçambique, no início do ano passado, as Forças de Defesa e Segurança
montaram escoltas militares obrigatórias na Estrada Nacional Nº1, entre o Rio
Save e Muxúnguè e entre Nhamapadza e Caia, na província de Sofala, e também na
Estada Nacional Nº 7 entre Vanduzi (Manica) e Changara (Tete).
O
centro e norte de Moçambique são palco de violência militar há mais de uma ano,
na sequência da recusa da RENAMO em aceitar os resultados das eleições gerais
de 2014, exigindo governar em seis províncias onde reivindica vitória no
escrutínio.
Bernardo
Jequete (Chimoio) – Deutsche Welle
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