Díli,
28 mar (Lusa) - O empresário timorense interessado no capital da Oi na Timor
Telecom disse hoje que exigiu a reposição da situação da empresa, incluindo a
nível de recursos humanos, que existia quando foi feita a oferta já autorizada
pela justiça brasileira.
Abílio
Araújo, responsável do grupo Investel, considera que a mais recente
reestruturação levada a cabo na Timor Telecom, incluindo a redução de quadros
diretivos, levou a que a TT "tenha perdido posição no mercado" em
Timor-Leste.
"O
quadro presente não corresponde à situação da empresa aquando da avaliação da
Timor Telecom, em outubro do ano passado, no processo da submissão das várias
propostas de aquisição das participações da OI", explicou à Lusa.
"Por
isso solicitei à Oi a reposição do quadro anterior existente", referiu.
Depois
de vários meses de espera um juiz do tribunal da 7.ª Vara Empresarial da
Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro autorizou no dia 11 de março o
pedido feito pela Oi para vender a sua participação na Timor Telecom.
Apesar
da autorização o juiz determinou que deve ser feita uma nova avaliação para
assegurar que o valor oferecido pelo ativo está correto, tendo nomeado a Rio
Branco Consultores para conduzir esse processo.
A
Oi quer vender a sua participação na TT ao grupo Investel Communications
Limited, liderado por Abílio Araújo, por 62 milhões de dólares (58,3 milhões de
euros).
Esta
oferta do grupo Investel consistia em duas parcelas, uma de 36 milhões de
dólares pelo ativo e outra de 26% referente a empréstimos contraídos pela Timor
Telecom junto da Oi S.A. (quatro milhões de dólares americanos) e da PTIF (22
milhões).
Quando
essa venda se concretizar o valor ficará à disposição da justiça que,
posteriormente, decidirá o destino dos recursos obtidos, seguindo os pareceres
do administrador judicial e do Ministério Público brasileiro, conforme consta
na sentença sobre de autorização.
Abílio
Araújo explicou à Lusa que os constantes atrasos na venda "continuam a
danificar a empresa" e que, ele próprio tem sido obrigado a recorrer a
outros operadores de telecomunicações em Timor-Leste devido aos problemas com a
rede da TT.
"Há
alguns problemas de fundo que incluem diminuição de quadros e outras questões.
Nós fizemos a avaliação da empresa numa certa condição, com um conjunto de
recursos, e isso foi alterado sem termos sido informados", disse.
"Uma
pessoa não pode fazer uma oferta para comprar um saco com 100 batatas e depois
afinal só lá estão 80", sublinhou, explicando que exigiu à Oi a reposição
dos quadros e de outros aspetos que faziam parte da empresa na altura da
oferta.
Araújo
explica que a situação na empresa se continua a degradar e que a informação
mais recente mostra até, como exemplo, que "o parque de viaturas está com
problemas" e que os técnicos, muitas vezes, têm que usar viaturas pessoais
para ir fazer reparações.
"A
Oi disse-me que a avaliação pedida pelo juiz não deve demorar muito. Mas se não
repuserem a Timor Telecom como estava, nós também teremos que reavaliar a nossa
oferta", explicou.
Em
causa está a maior fatia de capital da Timor Telecom (54,01%), controlada pela
sociedade Telecomunicações Públicas de Timor (TPT), onde, por sua vez, a Oi
controla 76% do capital, a que se soma uma participação direta da PT
Participações SGPS de 3,05%.
Os
restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o
Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau), que controla 18%,
e a Fundação Oriente (6%).
Na
TT, o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%),
a empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%) e o empresário
timorense Júlio Alfaro (4,49%).
ASP
// SB
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