O caso que levou a Judiciária a
procurar um doador com nome «sonante e anedótico»
Corria o final do ano de
2004 quando funcionários do CDS-PP depositaram 1 milhão de
euros em notas na conta do partido. Em quatro dias, foram feitos 105
depósitos, para evitar que os alarmes anti-corrupção disparassem.
Em Janeiro de 2005, as
regras sobre o financiamento dos partidos mudaram e, nos últimos dias
de 2004, o CDS-PP tinha um problema: tinha 1 060 250 euros em notas no
cofre da sua sede nacional. A solução: em quatro dias, de rajada, depositar
tudo na conta do partido aos poucos, para evitar que o banco tivesse que
alertar as autoridades por suspeitas de corrupção.
O CDS-PP estava, então, no
governo demissionário de Santana Lopes e nunca se soube de onde vieram as notas
depositadas nesses dias. Os recibos foram comprados e passados já em 2005,
onde constava um nome «sonante e anedótico», como caracterizou a Polícia
Judiciária (PJ): Jacinto Leite Capelo Rego.
Em 2004, o
partido registou 1,3 milhões de donativos, um valor
nunca mais repetido. Aliás, desde 2007 que só há registo de pouco
mais de 100 mil euros em donativos ao CDS-PP – que é o
partido mais dependente do financiamento público (em 96%, em
média, entre 2011 e 2015).
Depois das descobertas da PJ na
sua contabilidade, o CDS-PP parece ter apostado em deixar de recolher
fundos – entre 2011 e 2015, em média, registou apenas 75 700
euros de receitas próprias, entre donativos, quotização, angariação
de fundos e outras. Se cada militante pagasse uma quota de um euro,
bastavam 6300 para compor a totalidade das receitas do
CDS-PP.
António Carlos Monteiro,
deputado do CDS-PP, acusou esta tarde o PCP de não
querer fiscalização sobre as suas contas. Mas, no passado recente, foi no CDS-PP
que foram encontrados recibos em nome de «Jacinto Leite Capelo Rego»
– que, apesar de amplamente citado no espaço mediático e investigado
pela PJ, até hoje não foi encontrado.
AbrilAbril
Imagem: Paulo Portas,
presidente do CDS-PP em 2004, e António Carlos Monteiro, deputado que acusou o
PCP de não querer fiscalização às suas contas, numa reunião partidária, na sede
nacional do partido, em Lisboa. 20 de Julho de 2013 | CréditosTiago Petinga /
Agência LUSA
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