Joaquim Ernesto Palhares* | Carta
Maior
Estamos e estaremos, durante
muito tempo, sob impacto do assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL,
na última quarta-feira (14.03), no Rio de Janeiro.
Mulher negra, moradora da Maré, socióloga, ativista dos movimentos feminista e negro, aos 38 anos, em plena ascensão política, Marielle tinha todas as qualidades para ser, em futuro próximo, excelente liderança nacional e de esquerda.
Sua morte interrompe, bruscamente, este processo.
“Uma morte que traumatiza” avalia Eric Nepomuceno lembrando que, em 15 meses de mandato, ela promoveu “intensa defesa dos direitos mais elementares das populações carentes da cidade”. E o fez de forma altiva e ativa, dando voz em seus discursos à parcela majoritária – negra e pobre – da população brasileira.
Com 46,5 mil votos em sua estreia parlamentar, de inquestionável apoio e legitimidade, Marielle denunciou o racismo na sociedade brasileira. Denunciou o genocídio da população negra. Denunciou a misoginia e o feminicídio no Brasil. Apontou o dedo para a atuação das forças policiais. Posicionou-se, desde primeira hora, contra a intervenção federal na capital fluminense.
Sua morte interrompe, também, este processo.
Não à toa, vários veículos internacionais, confira CM8 Internacional, repercutiram o assassinato da vereadora, comentando o fascismo no Brasil. Alguns, inclusive, apontaram a execução de outros políticos no país.
Daí o certeiro alerta de Mauro Santayana, em “A impunidade de armas, o sangue de Marielle e a Suprema Corte”, ao ponderar que: ou o STF “permite eleições normais e democráticas, ou excluirá delas a força capaz de impedir essa direita fascista de ascender ao poder”.
Fascismo também mencionado por Saul Leblon, em editorial voltado à luta de classes neste país, “Marielle: a iniquidade sangra no Brasil”. Leblon mostra, por exemplo, que, em plena recessão, o Brasil ganhou 12 novos bilionários em 2017.
Entre eles está Luís Frias, irmão de Otávio Frias, da Folha de São Paulo, reforçando “a bancada da mídia na lista dos mais endinheirados, na qual os Marinhos da Globo detêm camarote cativo”.
Segundo Leblon, ano passado, o patrimônio dos “endinheirados” foi da ordem de R$ 550 bilhões, um aumento de 13% em relação a 2016. Enquanto isso, “o PIB aumentou 1% no período” e “os 50% mais pobres tiveram a sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%”.
O que permite tamanha disparidade?
Golpes como o de 2016, perseguições políticas, prisões sem provas, assassinatos de lideranças populares, repressão de movimentos sociais, ameaças e interferência em universidades, intervenções militares, enfim, qualquer um poderá complementar esta lista com episódios recentes ou que se anunciam.
A lista dos fascismos está cada vez mais intensa.
Ela também diz respeito, não nos enganemos, ao ocultamento generalizado de temas centrais à vida nacional, à naturalização de absurdos com o golpe de 2016, a manipulações as mais diversas sobretudo em períodos eleitores.
Estratégias que permitem, inclusive, que a Globo cubra o assassinato de Marielle, sem nenhum aprofundamento sobre a pauta defendida pela vereadora.
Suas palavras, sua luta, não merecem destaque?
Não é hora de reportagens, especiais e toda sorte de campanha contra as barbaridades cometidas contra a população negra e pobre?
Além da absurda cobertura, sem entrar no mérito da luta da vereadora, Rede Globo e cia. precisariam cobrar o andamento das investigações da polícia com mais objetividade, conforme faria a imprensa de qualquer país civilizado.
Alguém duvida que, fosse um governo do PT, eles não estariam na jugular dos responsáveis? Lançando suspeitas?
Aliás, quem será responsabilizado pelo desaparecimento da munição?
Seguindo o tal do “domínio do fato”, que a Globo e seus jornalistas tanto gostam, quem seria o próximo entrevistado?
O secretário da Justiça do Rio de Janeiro? O diretor da Polícia Federal? O Ministro da Justiça e Segurança de Temer?
A hipocrisia grassa.
Nosso principal receio, obviamente, é que o assassinato de Marielle caia no esquecimento e seja naturalizado, ao fim e ao cabo, pelo aparato midiático que tem a Rede Globo como principal instrumento.
O povo não é bobo.
Sabe que por trás do chororô dos jornalistas, a linha editorial das Organizações Globo defende e pressiona pelo aprofundamento do golpe, pela retirada de direitos conforme a cartilha da austeridade que está levando o país para o fosso.
Não, o povo não é bobo.
Sabe que o aprofundamento do golpe significa aumento da desigualdade social. Aumento da violência, da miséria, do desemprego, do desespero. E nós já somos um dos países mais desiguais do mundo, nossa juventude já é assassinada cotidianamente, nossas lideranças populares também.
Esta é a pauta que a Rede Globo deveria cobrir caso fosse, obviamente, uma empresa de jornalismo e não um aparato político nas mãos dos chamados “barões da mídia”, ou seja, a nobreza cafona dos que mamam na concessão pública e não estão nem aí com a violência ou com a venda do país.
Mulher negra, moradora da Maré, socióloga, ativista dos movimentos feminista e negro, aos 38 anos, em plena ascensão política, Marielle tinha todas as qualidades para ser, em futuro próximo, excelente liderança nacional e de esquerda.
Sua morte interrompe, bruscamente, este processo.
“Uma morte que traumatiza” avalia Eric Nepomuceno lembrando que, em 15 meses de mandato, ela promoveu “intensa defesa dos direitos mais elementares das populações carentes da cidade”. E o fez de forma altiva e ativa, dando voz em seus discursos à parcela majoritária – negra e pobre – da população brasileira.
Com 46,5 mil votos em sua estreia parlamentar, de inquestionável apoio e legitimidade, Marielle denunciou o racismo na sociedade brasileira. Denunciou o genocídio da população negra. Denunciou a misoginia e o feminicídio no Brasil. Apontou o dedo para a atuação das forças policiais. Posicionou-se, desde primeira hora, contra a intervenção federal na capital fluminense.
Sua morte interrompe, também, este processo.
Não à toa, vários veículos internacionais, confira CM8 Internacional, repercutiram o assassinato da vereadora, comentando o fascismo no Brasil. Alguns, inclusive, apontaram a execução de outros políticos no país.
Daí o certeiro alerta de Mauro Santayana, em “A impunidade de armas, o sangue de Marielle e a Suprema Corte”, ao ponderar que: ou o STF “permite eleições normais e democráticas, ou excluirá delas a força capaz de impedir essa direita fascista de ascender ao poder”.
Fascismo também mencionado por Saul Leblon, em editorial voltado à luta de classes neste país, “Marielle: a iniquidade sangra no Brasil”. Leblon mostra, por exemplo, que, em plena recessão, o Brasil ganhou 12 novos bilionários em 2017.
Entre eles está Luís Frias, irmão de Otávio Frias, da Folha de São Paulo, reforçando “a bancada da mídia na lista dos mais endinheirados, na qual os Marinhos da Globo detêm camarote cativo”.
Segundo Leblon, ano passado, o patrimônio dos “endinheirados” foi da ordem de R$ 550 bilhões, um aumento de 13% em relação a 2016. Enquanto isso, “o PIB aumentou 1% no período” e “os 50% mais pobres tiveram a sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%”.
O que permite tamanha disparidade?
Golpes como o de 2016, perseguições políticas, prisões sem provas, assassinatos de lideranças populares, repressão de movimentos sociais, ameaças e interferência em universidades, intervenções militares, enfim, qualquer um poderá complementar esta lista com episódios recentes ou que se anunciam.
A lista dos fascismos está cada vez mais intensa.
Ela também diz respeito, não nos enganemos, ao ocultamento generalizado de temas centrais à vida nacional, à naturalização de absurdos com o golpe de 2016, a manipulações as mais diversas sobretudo em períodos eleitores.
Estratégias que permitem, inclusive, que a Globo cubra o assassinato de Marielle, sem nenhum aprofundamento sobre a pauta defendida pela vereadora.
Suas palavras, sua luta, não merecem destaque?
Não é hora de reportagens, especiais e toda sorte de campanha contra as barbaridades cometidas contra a população negra e pobre?
Além da absurda cobertura, sem entrar no mérito da luta da vereadora, Rede Globo e cia. precisariam cobrar o andamento das investigações da polícia com mais objetividade, conforme faria a imprensa de qualquer país civilizado.
Alguém duvida que, fosse um governo do PT, eles não estariam na jugular dos responsáveis? Lançando suspeitas?
Aliás, quem será responsabilizado pelo desaparecimento da munição?
Seguindo o tal do “domínio do fato”, que a Globo e seus jornalistas tanto gostam, quem seria o próximo entrevistado?
O secretário da Justiça do Rio de Janeiro? O diretor da Polícia Federal? O Ministro da Justiça e Segurança de Temer?
A hipocrisia grassa.
Nosso principal receio, obviamente, é que o assassinato de Marielle caia no esquecimento e seja naturalizado, ao fim e ao cabo, pelo aparato midiático que tem a Rede Globo como principal instrumento.
O povo não é bobo.
Sabe que por trás do chororô dos jornalistas, a linha editorial das Organizações Globo defende e pressiona pelo aprofundamento do golpe, pela retirada de direitos conforme a cartilha da austeridade que está levando o país para o fosso.
Não, o povo não é bobo.
Sabe que o aprofundamento do golpe significa aumento da desigualdade social. Aumento da violência, da miséria, do desemprego, do desespero. E nós já somos um dos países mais desiguais do mundo, nossa juventude já é assassinada cotidianamente, nossas lideranças populares também.
Esta é a pauta que a Rede Globo deveria cobrir caso fosse, obviamente, uma empresa de jornalismo e não um aparato político nas mãos dos chamados “barões da mídia”, ou seja, a nobreza cafona dos que mamam na concessão pública e não estão nem aí com a violência ou com a venda do país.
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