Hélder Semedo | Coimbra
Um domingo tempestuoso com nuvens
que ao deslocarem-se deixam o sol mortrar-se. Nada mau. Frio trama tudo. Há os
que dizem que o tempo está fresco em vez de frio, são os encalorados, os que são
do contra. Então 10 ou 12 graus não é frio? E quando à noite chega aos 5 ou 6
graus, o que é isso se não frio. Ora abóboras. Raio de
primavera mais estranha.
Chegou o horário de verão. A hora
avançou nesta madrugada passada, domingo. Até a hora avança e olha para o país
a tiritar, trumbudo, quase parado. Não parece, António Costa e demais do seu séquito
vão anestesiando o país, porém, é certo que a legislação laboral tem andado ao
pé-coxinho, os funcionários públicos estão nas lonas e não sabem o que é
aumentos a acompanhar a inflação há anos. As carreiras congelaram e agora é o
que se vê… Que não há dinheiro para tudo. Pois não. Nem haverá se continuarem a
dar benesses às grandes corporações empresariais, largar torrentes de milhões
para os bancos privados, enfim, o costume.
Mas então isto está mau? Perguntará
quem não é deste mundo português. Pior que com o governo de Passos
Coelho/Portas? Inquirirá. Não, houve um pouco de melhorias, só que o PS meteu
travões e agora distrai os portugueses com os fogos e mais uns quantos lamirés de dispersão e alienação. O PS continua PS sem que seja socialista, sem que siga, mesmo
moderadamente, a cartilha que não permita que os portugueses na sua grande
maioria tenham ordenados de miséria e reformas dessa mesma estuporada miséria. Distribui
umas migalhas aos pobres que produzem ou que muito produziram e foram (são)
explorados. Em contrapartida não se atira aos que são motivo da gigantesca, escandalosa,
vergonhosa e inadmissível desigualdade. O fosso entre ricos e pobres aumentou e nada sério tem sido feito. Os ricos continuam a estar mais ricos e os pobres
mais pobres. A fome e as dificuldades grassam entre os que trabalham no duro
para levarem para casa um salário de miséria. Para continuarem a ser pobres e
carenciados de bens essenciais. Quanto aos reformados… Em poucas palavras: ou não
comem, pagam as contas e a farmácia onde compram os medicamentos, ou comem, não
pagam todas as contas, sobrevivem sem eletricidade, sem gás, sem água,
sem telefone, e ainda “desenrascam” os filhos desempregados ou até sem casa, os
netos… É uma vida de cão, que este governo de Costa mantém. Aumentou uma nesga
as reformas e pensões mas aquilo são umas migalhas. Ao longo
da vida de trabalho roubaram-lhes muito mais do que agora lhes retribuem. Costa
pode bem chegar ao cognome de Migalhas se continuar assim. Contudo é público
que Portugal vai no “bom caminho”, que “tudo cresce”, que as finanças são uma
maravilha para um país que mal saiu da crise… Blá blá e mais blá blá. A
realidade para a maioria dos portugueses é penosa. Não se espere muito mais
deste governo do PS quanto a combater a pobreza, a exploração relativa à desproporção
daquilo que os trabalhadores produzem e ao que têm por pagamento.
O PS
prepara-se para avançar para uma maioria absoluta nas próximas eleições se os
portugueses não atentarem e não a evitarem nas urnas de voto. E também se os
portugueses se esquecerem dos “enormes sacrifícios” infligidos pelo PSD e o CDS
quando foram governo - aí, então, é que foi fome de rachar, famílias
destroçadas, habitações e empregos perdidos. Foi muito pior que agora. O que não
significa que o governo de Costa não pudesse fazer muito melhor no combate às
baixas reformas e pensões, aos salários, à abolição da precariedade no emprego,
à reforma das carreiras dos funcionários públicos e reposição do seu poder de
compra, a melhores condições escolares de jovens e crianças, na saúde, etc.,
etc.
Em imensos aspetos do quotidiano
em Portugal a realidade é muito diferente do que se quer fazer acreditar nos órgãos
de comunicação social. Independentemente das grandes letras garrafais que vimos e que
são muitas vezes títulos e prosas de serrar presunto, uma distração, um anestésico
de acordo com as cores partidárias e os interesses pessoais ou empresariais dos
grupos e grupinhos que nos tentam “fazer a cabeça” em consonância com o melhor
para a chamada “economia de mercado”, senhora e dona da exploração selvagem que
em muitos casos roça o esclavagismo e a violação do constante na carta de Direitos
Humanos das Nações Unidas, de que Portugal é signatário. Por via de muitos
portugueses vítimas essas violações são flagrantes.
Estamos na vivência de um
Portugal governado por socialistas de faz de conta. Merecemos melhor. É o que
devemos exigir a António Costa e aos moderadíssimos do PS, aos lobies e de suas ilhargas.
Lobies (p. ex.) que também abundam no PSD e no CDS, que não representam os
interesses dos eleitores mas sim de forças antagónicas aos interesses dos
portugueses.
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