O presidente do Parlamento
guineense convoca sociedade para construção da estabilidade política, enquanto
o presidente da CNE avisa que é urgente iniciar recenseamento eleitoral.
Os novos membros da Comissão
Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau foram empossados, esta segunda-feira
(30.04), pelo presidente do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá. Na
cerimónia, o presidente da CNE, José Pedro Sambú, afirmou que é urgente iniciar
o recenseamento eleitoral e pediu ao Governo e à comunidade internacional para
disponibilizarem fundos para a realização das legislativas.
"Sabendo que estamos a sete
meses do novo pleito eleitoral, há mais um grande desafio a ser considerado e
lançado a todo o sistema eleitoral, que é a atualização dos cadernos
eleitorais. Para isso é urgente o Governo adquirir 'kits' para que o
recenseamento eleitoral possa iniciar no período estabelecido no cronograma
elaborado pela CNE, caso contrário teremos problemas na concretização da data
marcada", disse Sambú.
As eleições legislativas foram
agendadas para 18 de novembro deste ano. José Pedro Sambú pediu também que
sejam disponibilizados fundos com "caráter de urgência para
reabilitar" a sede da CNE em Bissau e as sedes das comissões regionais de
eleições, para além de solicitar à comunidade internacional que disponibilize
os recursos financeiros prometidos para que a data 18 de novembro não fique
comprometida.
"Queria aproveitar esta
soberana oportunidade para apelar ao Governo da Guiné-Bissau e à comunidade internacional
no sentido de mobilizarem recursos financeiros com vista a suportar as
atividades previstas no cronograma, pois agora é o tempo de ação e não de
palavras".
Apelo à sociedade civil guineense
Por seu turno, o presidente do
Parlamento, Cipriano Cassamá, convocou toda a sociedade para participar na
"construção da estabilidade política" e pediu à comunidade
internacional para a ajudar o país a realizar essas eleições.
"Toda a sociedade guineense
está convocada para participar na construção da estabilidade política, sendo
certo que só com estabilidade política é que poderemos atingir a estabilidade
governativa e, por conseguinte, a estabilidade na execução de políticas
públicas que vão aos anseios da nossa população".
O presidente do Parlamento também
discursava no final da cerimónia de tomada de posse da nova direção da CNE e do
presidente da Comissão Nacional da Comunicação Social.
Recorde-se que para o
financiamento das eleições, o Estado guineense poderá receber 100% da ajuda dos
parceiros internacionais ou de países amigos, como foi o caso de Timor Leste,
nas eleições gerais de 2014, notam os observadores em Bissau. Mas, até a data
presente, apenas o Governo, num ato pouco habitual, deu cerca de um milhão de
dólares de apoio ao processo eleitoral. Várias promessas das instituições
internacionais foram anunciadas, mas não concretizadas ainda, disse o
presidente da CNE, que espera pelo apoio nomeadamente da União Europeia (UE).
Na semana passada a UE disse
estar "pronta" para colaborar com a Guiné-Bissau na organização das
legislativas previstas para novembro, depois da nomeação de um Governo
inclusivo, a quem pediu a recuperação da "normalidade democrática".
Para a União Europeia, chegou a
"hora de consolidar o progresso político e institucional, ter um programa
e orçamento para o Governo apresentado e debatido na Assembleia Nacional
Popular (ANP) e iniciar os preparativos para as eleições legislativas",
previstas para 18 de novembro. "Estamos prontos para colaborar com as
autoridades da Guiné-Bissau para eleições legislativas transparentes e
inclusivas em 18 de novembro de 2018", sublinhou um comunicado distribuído
pela delegação da UE em Bissau.
Ex-ministro do Interior nomeado
conselheiro para segurança
O Presidente da Guiné-Bissau,
José Mário Vaz, nomeou esta segunda-feira o antigo ministro do Interior Botche
Candé conselheiro para as áreas de Defesa e Segurança interna e externa, anunciou
hoje a Presidência guineense.
Em decreto presidencial, José
Mário Vaz nomeou Botche Candé conselheiro do Presidente da República para se
ocupar das pastas de segurança e defesa com categoria de ministro de Estado.
Botche Candé, é uma das 19 individualidades sancionadas pela CEDEAO e impedidas
de participar no novo governo. A nomeação já gera uma onda de críticas por
parte dos atores políticos e da sociedade civil.
Candé, de 62 anos, desempenhou o
cargo de ministro do Interior no Governo demitido pelo Presidente guineense a
16 de janeiro, mas manteve-se em funções até ser substituído na última
sexta-feira por Mutaro Djaló, um quadro sénior do ministério.
No passado, entre outros, Botche
Candé já esteve na presidência, enquanto conselheiro, com categoria de ministro
de Estado para os assuntos religiosos do falecido Presidente guineense Kumba
Ialá. Mais tarde, desempenhou as funções de ministro do Comércio, Indústria e
Artesanato.
Braima Darame (Bissau) ! Deutsche
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