Paula Ferreira | Jornal de
Notícias | opinião
A guerra está aberta entre
sindicatos de professores e Ministério da Educação. E a altura do ano escolhida
não podia ser pior. Afinal que têm os alunos a ver com esta luta, sem fim à
vista? Tudo e nada. Tudo, porque só professores motivados conseguem dar aulas
que conquistem os mais novos; nada, porque o foco dos estudantes, neste
momento, são os exames - que, no atual sistema de ensino, significa o futuro.
A luta dos professores será
justa. Não é isso que está em causa, é também o futuro da classe em jogo.
Todavia, ameaçar fazer greve às avaliações, deixando milhares de alunos com o
destino suspenso, não parece o melhor caminho.
Tenho dúvidas que os propósitos
de Mário Nogueira e de João Dias da Silva tenham sucesso junto da classe que
representam. Um professor acompanha o percurso dos seus alunos, um professor
faz do sucesso do aluno o seu sucesso e o fracasso será também o seu fracasso.
Como irão os docentes, por mais plausíveis que sejam as suas reivindicações,
reagir perante os olhares ansiosos dos alunos, que acompanharam ao longo de um
ano ou de um ciclo de ensino? Uma décima, a mais ou a menos, na nota de um
exame, pode mudar o rumo das suas vidas.
Uma decisão difícil. Exigem a
recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço em que a
contagem está congelada. Do outro lado, o Ministério da Educação mostra-se
disponível a contar apenas dois anos, nove meses e 18 dias.
O compromisso com os alunos não é
da exclusiva responsabilidade dos professores. O Estado de igual modo o deve
ter. Tiago Brandão Rodrigues ao pôr um ponto final nas reuniões com os
sindicatos, depois de recusada a sua proposta - que apaga parte da vida
profissional de muitos docentes -, coloca o contencioso no plano do
inegociável. O ministro tem a obrigação de perceber uma coisa: a altura do ano
não é propícia a chantagem.
*Editora-executiva-adjunta
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