O drama da caravana com milhares
de migrantes da Guatemala, Honduras e El Salvador com destino aos Estados
Unidos retrata a catástrofe social e econômica do modelo econômico e social que
vem sendo reinserido na América Latina. Fala-se em sete mil pessoas, mas há
jornais que calculam o dobro disto.
Nos Estados Unidos, a resposta do
presidente Donald Trump tem sido à base das ameaças e da truculência. Além das
represálias econômicas aos países originários da marcha, mesmo com governos
servis ao regime de Washington, ele mobiliza seu aparato militar para conter os
migrantes.
Coincidentemente, a marcha acontece próximo ao “Dia Internacional do Migrante”, em 18 de dezembro, definido pela Organização das Nações Unidas. Segundo seu secretário-geral, António Guterres, existem cerca de 258 milhões de migrantes atualmente no mundo. Em 2017, eles enviaram US$ 450 bilhões aos países em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial. Guterres pediu mais cooperação e solidariedade para com os migrantes, "uma vez que o sentimento de hostilidade tem crescido, infelizmente, ao redor do mundo”. “E, por isso mesmo, a solidariedade nunca foi tão urgente como agora", alertou.
A migração é, de fato, um drama contemporâneo. Segundo a ONU, cerca de 244 milhões de pessoas em todo o mundo já não vivem no país onde nasceram — em 1990 eles eram cerca de 153 milhões de pessoas. Segundo uma pesquisa da Organização Internacional para as Migrações (OIM) realizada em 160 países, cerca de 23 milhões de pessoas estão se preparando para emigrar. Nas Américas, de acordo com estimativas do Instituto de Políticas de Migração dos Estados Unidos, cerca de 11 milhões de imigrantes vivem neste país.
De acordo com a Anistia Internacional, enquanto até 2010 principalmente homens jovens fugiam em direção ao norte, agora famílias inteiras estão se deslocando para escapar da crise e da violência social. A pobreza e a brutalidade das gangues que atuam em alguns países da América Central são os principais motivos citados pelos migrantes para deixarem seu país de origem. Diante do drama da caravana, em comunicado os bispos da Conferência Episcopal de Honduras manifestaram pesar e séria preocupação pela “tragédia humana”, como chamou o Papa Francisco.
Segundo o comunicado da Igreja Católica hondurenha, a caravana é uma realidade abominável, causada pela atual situação de crise de Honduras, obrigando as pessoas a abandonarem o pouco que possuem para se aventurarem sem nenhuma certeza na rota migratória para os Estados Unidos. Com o desejo de chegar à terra prometida, e do “sonho americano”, tentam resolver seus problemas econômicos e melhorar suas condições de vida e de seus familiares, e em muitos casos garantir a tão sonhada segurança física, disserem os prelados.
O fundo da questão é o agravamento da crise econômica global e a restauração da ordem neoliberal na América Latina. Honduras foi o ponto de partida da atual onda de golpes de Estado na região, que no Brasil se manifestou na forma da fraude do impeachment da presidente Dilma Roussef, em 2016. Essa pode ser considerada a terceira ofensiva do projeto neoliberal na região.
A primeira foi marcada pela condução anglo-saxã de Reagan e Thatcher, com seus correspondentes latino-americanos — Augusto Pinochet (Chile), Carlos Menen (Argentina), Carlos Salinas de Gortari (México), Alberto Fujimori (Peru), Andrés Perez (Venezuela) e Fernando Collor de Mello (Brasil). Depois, o modelo sofreu readequações, devido aos desgastes, e iniciou a era de novos governos de direita, novamente sob a condução anglo-saxã, desta vez com Bill Clinton e Tony Blair, interrompida pelas eleições de governos progressistas.
Essa caravana pode ser considerada o símbolo da mais recente restauração da ordem neoliberal na região. Em pouco tempo, esse modelo econômico e social mostrou seus resultados, com índices vergonhosos de injustiças sociais e violência. O desafio é transformar essa tragédia humanitária em manifestação política organizada, com consistência para a retomada de uma união latino-americana, a retomada da luta histórica progressista que já custou tanto sangue pela dignidade, libertação e honra de seus povos.
Coincidentemente, a marcha acontece próximo ao “Dia Internacional do Migrante”, em 18 de dezembro, definido pela Organização das Nações Unidas. Segundo seu secretário-geral, António Guterres, existem cerca de 258 milhões de migrantes atualmente no mundo. Em 2017, eles enviaram US$ 450 bilhões aos países em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial. Guterres pediu mais cooperação e solidariedade para com os migrantes, "uma vez que o sentimento de hostilidade tem crescido, infelizmente, ao redor do mundo”. “E, por isso mesmo, a solidariedade nunca foi tão urgente como agora", alertou.
A migração é, de fato, um drama contemporâneo. Segundo a ONU, cerca de 244 milhões de pessoas em todo o mundo já não vivem no país onde nasceram — em 1990 eles eram cerca de 153 milhões de pessoas. Segundo uma pesquisa da Organização Internacional para as Migrações (OIM) realizada em 160 países, cerca de 23 milhões de pessoas estão se preparando para emigrar. Nas Américas, de acordo com estimativas do Instituto de Políticas de Migração dos Estados Unidos, cerca de 11 milhões de imigrantes vivem neste país.
De acordo com a Anistia Internacional, enquanto até 2010 principalmente homens jovens fugiam em direção ao norte, agora famílias inteiras estão se deslocando para escapar da crise e da violência social. A pobreza e a brutalidade das gangues que atuam em alguns países da América Central são os principais motivos citados pelos migrantes para deixarem seu país de origem. Diante do drama da caravana, em comunicado os bispos da Conferência Episcopal de Honduras manifestaram pesar e séria preocupação pela “tragédia humana”, como chamou o Papa Francisco.
Segundo o comunicado da Igreja Católica hondurenha, a caravana é uma realidade abominável, causada pela atual situação de crise de Honduras, obrigando as pessoas a abandonarem o pouco que possuem para se aventurarem sem nenhuma certeza na rota migratória para os Estados Unidos. Com o desejo de chegar à terra prometida, e do “sonho americano”, tentam resolver seus problemas econômicos e melhorar suas condições de vida e de seus familiares, e em muitos casos garantir a tão sonhada segurança física, disserem os prelados.
O fundo da questão é o agravamento da crise econômica global e a restauração da ordem neoliberal na América Latina. Honduras foi o ponto de partida da atual onda de golpes de Estado na região, que no Brasil se manifestou na forma da fraude do impeachment da presidente Dilma Roussef, em 2016. Essa pode ser considerada a terceira ofensiva do projeto neoliberal na região.
A primeira foi marcada pela condução anglo-saxã de Reagan e Thatcher, com seus correspondentes latino-americanos — Augusto Pinochet (Chile), Carlos Menen (Argentina), Carlos Salinas de Gortari (México), Alberto Fujimori (Peru), Andrés Perez (Venezuela) e Fernando Collor de Mello (Brasil). Depois, o modelo sofreu readequações, devido aos desgastes, e iniciou a era de novos governos de direita, novamente sob a condução anglo-saxã, desta vez com Bill Clinton e Tony Blair, interrompida pelas eleições de governos progressistas.
Essa caravana pode ser considerada o símbolo da mais recente restauração da ordem neoliberal na região. Em pouco tempo, esse modelo econômico e social mostrou seus resultados, com índices vergonhosos de injustiças sociais e violência. O desafio é transformar essa tragédia humanitária em manifestação política organizada, com consistência para a retomada de uma união latino-americana, a retomada da luta histórica progressista que já custou tanto sangue pela dignidade, libertação e honra de seus povos.
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