Martinho Júnior, Luanda
1- Em meados de 1998 ainda não
havia a possibilidade de melhor definir a geoestratégia de Savimbi, mas pouco a
pouco se começou a perceber que as unidades à sua disposição, em posição
defensiva só poderiam estar nas proximidades das explorações de diamantes
aluviais que ele passou a explorar.
As ordens de pesquisa no Gabinete
de Apoio ao Chefe do Estado-Maior Geral das FAA sobre essas explorações
aluviais foram cumpridas pelo camarada José Herculano Pires, “Revolução”,
muito embora no princípio pouca informação fosse obtida, pois demorou algum
tempo até conseguir mobilizar meios humanos nesse conformidade.
Os meios humanos eram na sua
esmagadora maioria de origem camponesa e todos originários da Região Central
das Grandes Nascentes.
Esses meios humanos que se
desligaram de Savimbi mas que continuam na UNITA, são heróis anónimos do povo
angolano, na tão difícil busca da paz, em relação à qual tanto contribuíram.
Creio que a persistência nessa
pesquisa, contribuiu para acelerar as deserções, que deram um enorme salto
quando por via da Operação Restauro,sob o comando militar do General Simeone
Mukuni, o Andulo foi tomado.
De facto as contradições internas
entre os que seguiam Savimbi aumentavam, por reflexo e em cadeia com o
incumprimento sucessivo dos Acordos Internacionais, a escolha traumática da
opção da “guerra dos diamantes de sangue” e a exaustão de argumentos,
de forças e de meios.
As pesquisas na região do Andulo,
Nhareia e Lúbia, antes da Operação Restauro, permitiram fazer avaliações sobre
as estruturas em toda essa vasta região, contribuindo para definir o que era a
Zona Estratégica de Savimbi.
Contribuiu também para avaliar o
que se passava no Cuango e na bacia do Cuanza, pois a distribuição militar da
quadrícula defensiva das forças sob as ordens de Savimbi cortavam Angola ao
meio, seguindo a linha de meridiano que as duas bacias, Cuango e Cuanza,
compõem em direcção ao fulcro da Região Central das Grandes Nascentes.
Em relação às pesquisas, as
directivas a partir do contentor de suporte ao Estado Maior-Geral das FAA,
cobriram três curtos períodos no desenvolvimento cronológico dos
trabalhos “no terreno”:
. Uma recolha inicial que
permitiu os primeiros balanços, com uma informação ainda pouco estruturada e
sujeita a confirmação e verificação (conforme ainda o trabalho que se junta);
. Uma recolha dirigida à pesquisa
operativa das explorações de diamantes aluviais, na perspectiva que à sua
ilharga e a curta distância, estariam disseminadas algumas das principais
unidades militares; nessa fase incrementou-se a pesquisa de informação que
levou ao desencadeamento da Operação Restauro, reforçando-se o apoio no terreno
ao camarada General Simeone Mukuni;
. A continuação da pesquisa,
desta feita em relação ao próprio Savimbi, tendo em conta o desastre de suas
forças no Andulo e a perda de domínio em vastas regiões circundantes.
Em todos os casos as pesquisas em
torno do território de Angola mantiveram-se a um bom nível, quer por via da
Internet, quer com recurso a algumas fontes no exterior, pelo que o cruzar das
informações possibilitaram uma melhor compreensão analítica da evolução da
situação operacional (militar) e operativa (de movimentações
político-diplomáticas, de inteligência, de contrainteligência e de
reconhecimento).
O trabalho foi abruptamente
interrompido, por ordens expressas do General João de Matos, Chefe do Estado-Maior,
em Março do ano 2000, sem qualquer explicação: o camarada José Herculano Pires
foi dado como “persona non grata” no Bié e quando não me deram as
devidas explicações, dei por finda a nossa participação patriótica!
Recebi ordem para destruir todo o
registo de nosso esforço no contentor, mas desobedeci: entendi sem equívocos
que um trabalho feito com a abnegação patriótica, por causas justas e numa
perspectiva de interesse nacional em prol da independência e da soberania,
ainda que não fosse oficiosa ou oficialmente reconhecido, tinha pelo contrário
de ser“religiosamente” guardado… 20 anos depois começo então a revelá-lo,
ainda na espectativa de sempre servir o povo angolano!
2- A evolução dos trabalhos
permitiu-nos avaliar melhor o que estava a acontecer com a exploração e
comércio de diamantes, após a minha própria prisão e de outros camaradas em
Março de 1986, quando a Segurança do Estado, ao ser desarticulada, perdeu
capacidade de investigação nesse sentido, o que foi aproveitado por Savimbi
para se introduzir no ramo de forma a financiar as suas iniciativas de
subversão, de inteligência e militares.
Desse modo ainda sem chegar a
essa conclusão, chegou-se ao entendimento preliminar do que mais tarde iria
formular como choque neoliberal protagonizado por Savimbi entre 1992 e 2002.
Seria os dados sobre a informação
ideológica da “nova” configuração da Organização Terrorista Armada de
Savimbi que complementaria esse esforço, sendo as informações deste tipo as
primeiras a ser coligidas de forma verificada, com a vantagem de conduzir as
interpretações em direcção à geoestratégia e às estruturas tácticas de Savimbi.
3- A aprendizagem de então
permitiu também a Angola perceber aos desenvolvimentos após o choque neoliberal
que terminou em princípios de 2002.
Com o início da terapia
neoliberal de 2002 até ao momento do desencadear da “Operação Transparência”,
ali onde Savimbi atraiu para a exploração de diamantes aluviais a fim de ganhar
capacidade financeira para garantir as forças que lhe eram fieis, depois do seu
colapso instalaram-se em grande parte os mesmos interesses na exploração de
diamantes aluviais por sua conta ou por conta de terceiros, interesses esses
que possuíam uma parte importante dos seus núcleos duros na República
Democrática do Congo.
Apesar da iniciativa do Processo
Kimberley, a hemorragia de lesa-pátria foi garantida e à medida que os anos
decorreram, foi sendo ampliada, sem que o estado angolano tomasse as
necessárias e oportunas medidas que cada vez mais punham em causa o exercício
pleno de sua própria soberania.
O caudal de mão-de-obra barata e
ilegal que foi chegando da República Democrática do Congo, engrossou as redes
que passaram a explorar e comercializar os diamantes aluviais, provenientes dum
garimpo cada vez mais desenfreado, à margem das leis e da legalidade e até, em
muitos casos, clandestino e mercenário…
Para além dos congoleses, os
tentáculos possuíam nos “comptoirs” os nós dos interesses em
território angolano, autênticos pontos de referência para a delapidação em
curso, como passaram a ser referência os “bosses” que os guarneciam,
tudo isso em grande parte à revelia dos interesses e da influência das
comunidades locais autóctones, que desse modo começaram a ser sujeitas a
pressões, como se culturalmente se tornassem estrangeiros na sua própria terra…
Martinho Júnior - Luanda, 31 de Outubro de 2018
Imagens:
- Núcleo de contentores num espaço
onde se encontrava o contentor de apoio ao Estado-Maior Geral das FAA, entre
meados de 1998 e Março de 2000:
- O camarada General João de Matos,
Chefe do estado-Maior Geral das FAA, herói nacional;
- O camarada General Simeone
Mukuni, que comandou a Operação Restauro, herói nacional;
- Identificação do camarada José
Herculano Pires, “Revolução”, membro da Associação de Antigos
Guerrilheiros;
- O camarada Alberto José Barros
Antunes Baptista, “Kipaka”, a quem foi atribuída nacionalidade angolana
pelo camarada Presidente António Agostinho Neto, como tributo ao seu
empenhamento no âmbito da Luta de Libertação Nacional.
UNITA – Uma nova estratégia de
desestabilização do País – II
FONTES: “LUMIÈRES NOIRES MAGAZINE”
– 07 JUN
98
PANFLETO 1 – “MANIFESTO
POLÍTICO DOS EX – COMBATENTES
DAS FAPLA”
.
PANFLETO 2 – “A VOZ DOS
CAMARADAS USADOS E DEPOIS ESQUECIDOS”.
INFORMAÇÃO ESPECIAL dirigida ao
CMP do CACUACO – 30 JUN 98.
DOCUMENTO INFORMATIVO de
Candidato a AS.
18 JUL 98
I) TIPOLOGIA DAS ACÇÕES DE
PROPAGANDA
O conjunto dos documentos
permitem-nos identificar alguns aspectos relevantes da acção que a UNITA está a
desencadear neste momento em todo o espaço Nacional e em alguns fóruns
exteriores que lhe são favoráveis, colectando apoios e mobilizando gente a seu
favor.
A 05 MAI 98, realizou-se na
SORBONE, em PARIS um Colóquio subordinado ao tema “GUERRE OU PAIX EN
ANGOLA ?”, promovido pelos sectores favoráveis à UNITA, aproveitando
praticamente as comemorações dos 30 anos do MAI 68, dando seguimento
propagandístico às ideias expressas por SAVIMBI em entrevista realizada pelo
historiador Togolês ATSUTSÉ KOKOUVI AGBOBLI, traduzida no livro “JONAS
SAVIMBI – COMBATES PELA ÁFRICA E PELA DEMOCRACIA”.
Já antes, em ABR 98, a INTERNET era utilizada
para, através da página “DEMAIN L’UNITA” dar a conhecer extractos
substanciais desse livro e agora a revista “LUMIÈRES NOIRES
MAGAZINE” dedica espaço ao que foi esse Colóquio pró UNITA.
SAVIMBI traduz claramente todo o
dispositivo filosófico-ideológico e político que dá substância a uma nova fase
de desestabilização em direcção a uma nova guerra que se prepara para
desencadear em ANGOLA, com apoios Internacionais poderosos e (sempre) com o
objectivo de conquistar o poder pela força armada.
Às acções de propaganda a nível
Internacional estão a seguir-se acções muito concretas dentro do País, de que
são exemplo os PANFLETOS 1 e 2 que se juntam, com características distintas,
mas que são o seguimento , na sua linha de pensamento e proposta de acção, das
revelações de SAVIMBI (pela via de seus apoios) no exterior.
O PANFLETO 1, “MANIFESTO
POLÍTICO DOS EX – COMBATENTES DAS FAPLA”, é dirigido a um sector de opinião que
a UNITA simultaneamente considera muito importante, que abrange as classes
baixas e médias da área urbana da Capital, em grande parte constituída por
gente conotada por antigos combatentes e antigos militantes do MPLA, numa
linguagem que não usa (nem podia usar) a terminologia político-ideológica
corrente da UNITA, mas que surgindo neste preciso momento e com os objectivos
que identifica, nós não hesitamos claramente em referir que é de seu interesse
e autoria.
Ele procura mobilizar uma franja
importante da população urbana de LUANDA intelectualmente mais evoluída,
precisamente aquela que quando recentemente foi necessário pegar em armas não
teve dúvidas em as utilizar para desalojar a UNITA da Capital, mas que neste
momento se pode mostrar no mínimo indecisa em relação ao poder instituído,
tendo em conta o desgaste que os sucessivos Governos do MPLA têm sofrido com a
guerra prolongada e as mudanças de fundo implementadas no quadro político,
económico e social.
Mesmo que a UNITA não venha a
contar com essa “5ª coluna” que há aliás alguns indícios de estar em
estado de gestação, há contudo vários efeitos que ela pretende alcançar e entre
eles:
Lançar o máximo de suspeita sobre
antigos militares, de forma a procurar enfraquecer a capacidade de resposta do
Governo, das Forças Armadas e do Interior (incluindo os sistemas de Segurança e
Contra Inteligência) na Capital.
Levar o Governo a desarmar esses
elementos, de forma a decididamente criar rupturas com eles, de que vai tentar
explorar para melhor dirigir os seus golpes (em preparação).
Dar melhor cobertura à
infiltração de seus grupos especiais, assim como de armamento sob seu controlo
na cidade Capital (e provavelmente outras do litoral), a partir das respectivas
periferias, pois o Governo ficará confundido e terá mais dificuldades em
definir o “inimigo”.
O PANFLETO 2 tem um
(público) alvo diferente do anterior: dirige-se às camadas populacionais
urbanas e suburbanas mais desfavorecidas, politicamente menos preparadas e é um
apelo psicológico que traz sinais evidentes do discurso da UNITA, nomeadamente
no tipo de vocábulos que aqui e ali utiliza, como por exemplo:
A “VOZ” DOS CAMARADAS
USADOS E DEPOIS ESQUECIDOS
HOJE SÓ DE CITAR ESSE NOME,
REVOLTA-NOS E JURAMOS REIVINDICAR POR FORMA PACÍFICA ATÉ VERMOS OS NOSSOS
DIREITOS E A NACIONALIDADE RESPEITADAS, PORQUE SOMOS“AUTÓCTONES” ...
FOMOS “CLANDESTINOS” DURANTE
ANOS, COM TODOS OS RISCOS DESSA ACTIVIDADE NESSE PAÍS...
O NOSSO INIMIGO NÃO É O
ANGOLANO “AUTÓCTONE” MAS SIM OS CONTINUADORES DO COLONIALISMO...
Os PANFLETOS referidos, são um
efectivo seguimento, em muitos aspectos, do discurso de SAVIMBI no seu livro,
sob os pontos de vista ideológico e político, por exemplo:
ACTUALMENTE OS ÓRGÃOS DE
SOBERANIA INSTITUÍDOS NO PAÍS E DO PODER, NOMEADAMENTE, O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA, A ASSEMBLEIA NACIONAL E A PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA, NÃO TÊM
QUALQUER LEGITIMIDADE. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO FOI ELEITO PELO POVO. ELE
NÃO PODE DE MANEIRA ALGUMA CONSIDERAR-SE PRESIDENTE DE TODOS OS ANGOLANOS.
II) PREPARATIVOS PARA NOVA E
DECISIVA GUERRA.
Enquanto decorrem as acções de
propaganda no exterior e o lançamento de panfletos na Capital, pouco a pouco
começam-nos a chegar documentos que se referem à actividade real da UNITA e que
são uma amostra das suas verdadeiras preocupações e intenções.
A 30 JUN 98 o Comité Municipal do
Partido do CACUACO deu a conhecer através duma INFORMAÇÃO ESPECIAL,
dirigida ao Secretariado do BP do CC do MPLA, algumas actividades clandestinas
de nível táctico operativo em curso:
Para dentro de LUANDA, através de
camiões cujas matrículas são indicadas, elementos afectos estão a introduzir
material de guerra dentro de sacos de crueira, colocando-o em residências sob
seu controlo (algumas delas relacionadas).
A coberto das Igrejas que
proliferam na Capital estabelecem ligações e mantêm o enquadramento, estando a
aumentar as infiltrações de pessoal treinado a partir dos DEMBOS (referência a
PANGO ALÚQUEM), a três Companhias de 200 homens cada, com destino a CACUACO,
VIANA e SAMBA.
Este documento é ilustrativo que
está a haver uma aceleração das actividades da UNITA que se caracterizam por
um “modus operandi” que visa desencadear, com o máximo de
intensidade, uma acção de surpresa (provavelmente dentro do perímetro urbano da
Capital) que envolverá um movimento de pessoas para fora de LUANDA, sendo por
causa disso que os seus efectivos estão-se a colocar próximo dos acessos NORTE,
LESTE e SUL. Em alternativa, os dispositivos que estão a ser montados podem ser
os que ajudarão na manobra de entrada de outras forças (NORTE e LESTE), ou que
cumprirão missões especiais com destino ao FUTUNGO (SUL).
O segundo DOCUMENTO
INFORMATIVO proveniente dum Candidato a AS de nível estratégico,
parece-nos ainda mais importante, pois faz um retracto interno da situação da
UNITA, assim como de aspectos estratégicos e alguns de seus principais
dispositivos em desenvolvimento.
Em relação à situação interna da
UNITA ele evidencia que a linha dura, formada por homens como NUMA, CHIMUCO,
ANTERO, KALALA, BOCK e GATO, mantendo-se afastados do controlo do ESTADO,
comandam os dispositivos clandestinos e militares que se estão a organizar com
vista a desencadear “uma guerra relâmpago”, em “paralelo ao movimento
de implementação do protocolo de LUSAKA”, numa escalada sem precedentes,
enquanto a ala moderada , se encontra praticamente toda em LUANDA integrada nas
FAA, no próprio Governo e no quadro da Assembleia Nacional.
As forças coligadas da UNITA e
Zairenses (em particular elementos da DSP de MOBUTU) receberam armamento
comprado à UCRÂNIA, como mísseis SCUD, ou os blindados BMP 2, tendo em conta
que SAVIMBI teria conseguido ligações preferenciais com esse País, incluindo
para formação dos seus homens.
Um outro País que teria passado a
apoiar SAVIMBI foi o IRAQUE, que recebeu os efectivos que foram preparados para
actuar com os mísseis solo – solo SCUD (a fonte diz – se ser um desses
elementos).
A UNITA tem um amplo dispositivo
de aeroportos onde esse material foi sendo desembarcado sob
supervisão de Oficiais provenientes dos novos Países afectos (Ucranianos,
Romenos, Russos, Sul Africanos e Portugueses), sendo citados:
QUIMBELE.
Corredor do Rio QUANZA nas áreas
de CALUSSINGA e confluência com o Rio CUANDO.
JAMBA.
LUZAMBA.
BUYA.
ANDULO.
Ao todo estão preparados “15
regimentos”, sendo “5 regimentos de luta anti carro”, equipados com armas
muito modernas.
Os meios anti aéreos têm
capacidade para derrube de aviões a grande altitude, a artilharia possui
canhões de 155 mm ,
além dos mísseis solo – solo SCUD e os regimentos anti carro possuem entre
outros meios , mísseis MILAN.
A “guerra relâmpago” será
realizada com um ataque fulminante sobre LUANDA, desempenhando a FRENTE NORTE,
comandada por NUMA e BLACK POWER o papel decisivo (e mais importante).
Essa FRENTE NORTE estende-se
pelas Províncias de ZAIRE, UÍGE, BENGO, QUANZA NORTE, MALANGE e LUNDAS,
(portanto com a base ao longo da fronteira com a RDC e primeiros objectivos em LUNDA NORTE , MALANGE e
UÍGE, para depois fechar rapidamente sobre LUANDA).
A FRENTE CENTRO SUL tem como
missão tomar e destruir a Base Aérea do LUBANGO e consequente tomada daquela
cidade.
A FRENTE OESTE “tem como
alvo principal a Base Aérea da CATUMBELA”.
Não chegou a fazer referências à
FRENTE LESTE.
Os mísseis solo – solo estão,
segundo ele instalados na região CALUSSINGA – ANDULO – NHARÊA e serão
utilizados na ofensiva final sobre LUANDA, contra objectivos na Capital que
incluem Aeroportos, Bases Aéreas, Portos, grandes fábricas e indústrias,
quartéis “e sobretudo o FUTUNGO DE BELAS”.
III) ALGUMAS CONCLUSÕES E
CONSIDERAÇÕES.
Parece-nos óbvio que se devem
organizar todos os dispositivos centralizadores de INFORMAÇÃO que visem fazer
uma avaliação ampla e correcta da situação, tendo em conta que apenas dispomos
de amostras recolhidas num espectro relativamente vasto de entidades, que vão
desde a Revista Internacional, ao Candidato a AS.
Esses dispositivos
centralizadores da INFORMAÇÃO deverão estabelecer o quadro geral e fazer
propostas que conduzam à tomada de medidas nos vários sectores de actividade,
desde os sectores político-administrativos, até aos organismos do MINISTÉRIO DO
INTERIOR e FAA.
Entretanto pensamos que é
importante a célula que mantém o empenhamento de ligação ao Candidato a AS ser
apoiada, de forma a ampliar a INFORMAÇÃO e dar hipótese a, com um mais
minucioso inventário da situação, possibilitar melhor a verificação de dados.
Ao mesmo tempo, dispositivos
internos de reconhecimento ofensivo (incluindo reconhecimento em profundidade,
ou de destino especial) e contra inteligência deverão ser implementados, com
vista a procurar detalhar melhor os procedimentos táctico operativos da UNITA,
se possível as suas armas de âmbito estratégico, de forma a verificar os dados
ora transmitidos e outros que se lhes sigam.
A nível Internacional, incluindo
com o apoio de amigos e aliados (seja pelas vias político diplomáticas, seja
pelas vias dos sectores de INTELIGÊNCIA), é necessário verificar os dados
recolhidos com este DOCUMENTO INFORMATIVO, mas também com outros anteriores, ou
que estejam a ser recebidos neste momento, relacionando-se com todos os apoios
que a UNITA tem recebido do exterior, com prioridade para aqueles que se
referem ao seu esforço clandestino e militar.
Estamos em crer que havendo
apoios a um elevado nível, de Oficiais da UCRÂNIA, RÚSSIA, ÁFRICA DO SUL e
IRAQUE, a UNITA pressupõe ter um elevado índice de conhecimentos sobre os
dispositivos, procedimentos e“modus operandi” das Nossas Forças,
especialmente das FAA, assim como de aspectos técnicos e tácticos ligados ao
material em uso (por exemplo formas de atacar os blindados e tanques, formas de
destruir os aviões e helicópteros, etc.).
É de considerar também que para um
plano da natureza do que ela está a procurar levar a cabo, o reconhecimento com
o emprego dos mais diversificados meios, pessoal e equipamento, é um factor de
extrema importância, pelo que é necessário adoptarem-se as medidas defensivas
mais adequadas no sentido de se procurar detectá-los, pois aparentemente eles
estão já a ser deslocados para os vários objectivos principais (alguns deles
foram enumerados).
Como é óbvio o ESTADO Angolano
deverá decidir-se sobre os aspectos de estratégia que se devem utilizar perante
uma situação com indícios que pouco a pouco se estão a tornar tão evidentes
sobre o agravamento da vida do País; por exemplo, no caso de se verificarem os
dados que possuímos, parece-nos que se deve ter como um dos objectivos a
condenação Internacional da UNITA enquanto Organização Armada de
características fundamentalistas e terroristas, responsável por uma política de
genocídio contra o Povo Angolano e por crimes contra a Humanidade, condenação
que se deve tornar extensiva a quem a estiver a apoiar nas presentes
circunstâncias.
18-07-1998 18:24
Sem comentários:
Enviar um comentário