O Presidente português recebeu
hoje, na praça do Império, em Lisboa, sob uma forte chuvada e com dezenas de
turistas a assistir, o chefe de Estado angolano, no início da sua primeira
visita de Estado a Portugal.
A forte chuvada que caiu na capital
durante a manhã apenas parou à chegada de João Lourenço, pelas 11:00, poucos
minutos depois de o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ter
assistido ao hino nacional, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, debaixo de chuva.
A assistir à cerimónia estiveram
dezenas de turistas, em grupos, nomeadamente asiáticos, que foram surpreendidos
com o início das 21 salvas de canhão, e pelos atiradores especiais colocados em
vários pontos estratégicos do Mosteiro dos Jerónimos.
Além do Presidente angolano, e da
primeira-dama, Ana Dias Lourenço, ambos recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa,
acompanham o chefe de Estado em Portugal vários ministros de Angola, como das
Relações Exteriores, das Finanças, do Interior, das Obras Públicas e da
Cultura, entre outros membros do Governo.
No primeiro momento da visita, os
dois chefes de Estado passaram revista às tropas em parada, formadas na Praça
da Império. Já depois de Marcelo Rebelo de Sousa deixar o local, o Presidente
angolano e a primeira-dama colocaram, conforme previsto no protocolo, uma coroa
de flores no túmulo de Luís de Camões, no interior do mosteiro.
Já em Belém, o Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebe o seu homólogo angolano cerca das
12:00.
Às 15:00, o chefe do Estado
angolano e o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, discursam numa sessão
solene da Assembleia da República e João Lourenço segue depois para a Câmara
Municipal de Lisboa, onde irá receber a chave da cidade das mãos do presidente
da autarquia, Fernando Medina.
João Lourenço iniciou hoje a sua
primeira visita de Estado a Portugal com a normalização das relações entre os
dois países e a regularização das dívidas às empresas portuguesas em pano de
fundo.
O programa prevê, durante três
dias, deslocações ao Porto e à base naval do Alfeite, além de Lisboa, sendo a
primeira deslocação oficial a Portugal de um chefe de Estado angolano em
praticamente dez anos.
Em fevereiro de 2009, José
Eduardo dos Santos, então Presidente angolano, foi recebido em Portugal pelo
chefe de Estado, Cavaco Silva, que um ano depois, em julho de 2010, retribuiu a
deslocação e viajou para Luanda.
Os dois chefes de Estado
acordaram então as bases de uma parceria estratégica que nunca saiu do papel,
em grande medida devido ao desconforto de Angola com as investigações da
Justiça, em Portugal, a elementos da elite angolana, próximos de José Eduardo
dos Santos.
A crispação subiu de tom em 2017,
ao avançar a acusação em Portugal contra Manuel Vicente, à data vice-Presidente
da República de Angola, por suspeitas de corrupção sobre um magistrado
português, quando era presidente da petrolífera Sonangol.
O desanuviamento das relações
entre os dois países, e do episódio que ficou conhecido como o
"irritante", só chegou em maio deste ano, com o Tribunal da Relação
de Lisboa a enviar o processo de Manuel Vicente, que agora é deputado, para as
autoridades judiciárias angolanas, como era pretensão do próprio chefe de
Estado.
Na antecipação da visita que hoje
se inicia, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto,
anunciou na quarta-feira, em Lisboa, que o Governo angolano já certificou
dívidas às empresas portuguesas no valor de 200 milhões de euros e, deste
valor, já pagou 100 milhões.
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto: Global Imagens
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